Tratamento contra a obesidade: qual o segredo do sucesso?
Profissional explica o que faz de uma cirurgia de obesidade bem sucedida e qual é o papel de cada profissional da equipe multidisciplinar
A busca por tratamentos mais duradouros e até mesmo definitivos contra o avanço da obesidade é incansável. Uma doença grave que dificulta e abrevia a vida de seus portadores. Apesar de já se ter avançado muito nessa luta, infelizmente nada foi encontrado capaz de frear o crescimento repentino que a enfermidade tem tido em todo o mundo.
Entre os principais avanços, as cirurgias bariátricas têm sido um sucesso no combate à obesidade mórbida. Através delas é possível obter uma acentuada e duradoura perda de peso, reduzindo as taxas de mortalidade e resolvendo, ou minimizando, uma série de doenças associadas à obesidade grave. No entanto, somente a cirurgia não é garantia de perda e manutenção do peso após alguns anos. Por isso, o grande questionamento para a maioria dos candidatos à cirurgia é: “afinal, o que faz a cirurgia bariátrica ter sucesso ou não?”
Segundo Dr. Paulo Nassif, cirurgião do aparelho digestivo que coordena os serviços multidisciplinares de obesidade no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba; no Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo; e no ambulatório do Hospital Santa Cruz, em Curitiba, não há uma única resposta definitiva, mas sim alguns elementos que colaboram para que o procedimento tenha bons e duradouros resultados. “Um dos fatores mais significativos para o sucesso do tratamento é a colaboração do paciente, que deve seguir as orientações de todos os profissionais da equipe multidisciplinar, mudando seus hábitos de vida, com alimentação equilibrada e atividades físicas”, afirma Dr. Nassif.
Outro aspecto importante é que haja harmonia entre o paciente e essa equipe, pois a cirurgia bariátrica exige a avaliação criteriosa de fatores como riscos e benefícios, melhor técnica indicada para cada caso e adaptações, uma vez que a obesidade mórbida é uma doença complexa que envolve alterações físicas, sociais e emocionais. “Por isso, no tratamento cirúrgico da obesidade, é necessária a participação de profissionais de diferentes áreas da saúde. Essa interdisciplinaridade demonstra que há cada vez mais um cuidado especial com a saúde geral dos pacientes”, assegura o médico.
Juntamente com o cirurgião, a equipe participa da avaliação e orientação dos pacientes desde a sua primeira consulta, em todo o pré-operatório e, continuamente, após a cirurgia, permitindo que o paciente possa tomar uma decisão consciente e madura. Além disso, posteriormente, oferece a ele todo o suporte que venha precisar. Com o tratamento em equipe, cada profissional será responsável por uma parte dele, dentro da área em que é especializado. Para entender melhor, leia a seguir qual é o papel de cada um dos profissionais dessa equipe.
Endocrinologista – esse é o profissional responsável pela solicitação e avaliação dos exames clínicos. Também faz parte de sua especialidade tratar algumas das doenças associadas para que estejam controladas antes do procedimento cirúrgico. O paciente que realiza a cirurgia da obesidade precisa ter consciência de que será sempre acompanhado por esse profissional, pois ele monitorará sua perda de peso e corrigirá possíveis alterações de proteínas e vitaminas que possam acontecer após a cirurgia. Cabe ao endocrinologista também a prescrição dos suplementos vitamínicos, quando necessário.
Cardiologista – o especialista avaliará os riscos cardiológicos que o paciente será submetido durante a cirurgia, bem como prescrever a medicação mais indicada para controlar a hipertensão, que é comum em obesos, e ajustar esses medicamentos no pós-operatório.
Pneumologista – cabe ao médico avaliar a capacidade pulmonar do paciente e prepará-lo para o ato cirúrgico.
Psicólogo – estimulará o paciente a falar sobre si mesmo, compreender suas motivações e, dessa maneira, poder discutir de forma consciente tudo a respeito deste grande passo no tratamento da doença. Cabe a ele preparar emocionalmente o paciente para as mudanças que sofrerá, controlando a ansiedade, superando as frustrações e aprendendo a se reconhecer com sua nova imagem.
Nutricionista – é o profissional capacitado para avaliar a condição alimentar e nutricional do paciente, como também orientá-lo na escolha de alimentos adequados e na dieta tanto do período pré-operatório como pós-operatório. Um dos seus principais objetivos é a perda de peso do paciente, sem que o organismo sofra com a falta de nutrientes essenciais. O nutricionista auxiliará o obeso para que ocorra uma reeducação alimentar, mantendo os hábitos corretos e modificando os incorretos. O acompanhamento deste profissional é essencial no sucesso do tratamento. Afinal, o principal objetivo da cirurgia bariátrica não é somente emagrecer, mas também ampliar as condições de saúde desse indivíduo e auxiliá-lo a manter-se dentro de um peso saudável.
Cirurgião Plástico – seu papel será fundamental no pós-operatório, normalmente um ou dois anos depois da cirurgia. Esse profissional é especializado na reconstituição e reparo nos excessos de pele que frequentemente ocorrem após o emagrecimento, contribuindo para a estética e favorecendo o aumento da autoestima.
Fisioterapeuta – o trabalho do fisioterapeuta tem como objetivo principal preparar o paciente para o ato cirúrgico, prevenindo complicações pulmonares e vasculares. Deve também promover higiene pulmonar, restaurar a capacidade respiratória, otimizando a ventilação alveolar, mecânica e a oxigenação pulmonar. Orientar o pós-operatório e incentivar a realização de atividade física como uma ação prazerosa e necessária para a manutenção da qualidade de vida. A assistência fisioterapêutica é fundamental no pós-operatório imediato, diminuindo o risco de complicações respiratórias através de exercícios fisioterapêuticos eventuais. Esse trabalho deverá estender-se por toda a internação. Após a alta hospitalar, o profissional, em conjunto com o educador físico, tem como objetivo orientar a volta às atividades físicas, prescrevendo o melhor exercício para cada caso e estipulando as metas de melhoria da condição física.
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