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Saúde para desfrutar a vida

Exemplo de mulher determinada, Eneide fez a cirurgia da obesidade, reconquistou a saúde e a qualidade de vida e hoje recupera o tempo perdido

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Quem conhece a simpática,  bem disposta e alegre  Eneide Krzyzanousky, 60, nem imagina todo sofrimento que ela já enfrentou. Tudo começou quando ela descobriu que era diabética do tipo 2 e começou a luta para combater a doença. Dieta rigorosa, exercícios, medicamentos, enfim tudo que estava em seu alcance para obter o controle da glicemia, mas infelizmente sem muito sucesso. Com o passar dos anos, a lista de doenças foi ampliando: hipertensão, esteatose hepática severa (gordura no fígado), hipertiroidismo, hérnia de hiato, dislipidemia (altas taxas de gordura no sangue) e a grande vilã da história, a obesidade.

Por causa da esteatose hepática, Eneide, já havia desenvolvido esteato-hepatite, um processo inflamatório no fígado de difícil controle, que pode levar a cirrose hepática e a falência do órgão. Em função do hipertiroidismo, seu corpo começou a inchar muito. E como se não fosse o bastante, a pressão arterial já não apresentava total controle nem mesmo com medicamentos. (entenda melhor sobre os riscos da obesidade associada ao diabetes tipo 2 e a hipertensão arterial na entrevista com os especialistas).

Como era de se esperar, Eneide, que sempre foi muito ativa e bem disposta, começou a ficar apática, sem energia e desanimada. “Era a minha fé e o meu trabalho como voluntária na saúde que me mantinham, mas eu sabia que o meu prognóstico não era nada bom, e a minha qualidade de vida estava muito ruim.” – lembra Eneide.

Foi então que seu filho, cirurgião vascular, ao ver o sofrimento da mãe e avaliar os enormes riscos que estava correndo, aconse­lhou-a a perguntar à Dra. Mirnaluci Ribeiro Gama, sua endocrinologista sobre a cirurgia da obe­sidade.

E foi o que ela fez e recebeu não só a aprovação da médica, como também todo o apoio e acompanhamento durante o pré e o pós-operatório,  além do encaminhamento para a realização do protocolo de exames e consultas de avaliação com todos os profissionais da saúde que a cirurgia exige. “A correta indicação cirurgia é o primeiro passo para o sucesso do procedimento e baseia-se na proporção entre o peso e a altura, o Índice de Massa Corpórea (IMC) – A fórmula para calculá-lo é: peso (kg) ÷ altura ² (m) – São candidatos a cirurgia os pacientes com o IMC superior a 40 ou acima de 35, quando há comorbidades (doenças associadas à obesidade). Além disso, é preciso que o paciente seja avaliado por toda uma equipe multidisciplinar (endocrinologista, cardiologista, pneumologista, nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta) que irá definir se a cirurgia é o melhor tratamento para ele, orientá-lo e acompanhá-lo no pós operatório.” – explica Paulo Nassif cirurgião do aparelho digestivo.

Eneide recebeu aprovação de todos os profissionais e o apoio da família, o que lhe estimulou a renovar suas esperanças. “Engana-se quem pensa que eu me descuidava, eu era atenta a minha saúde e desejava viver melhor. Minha péssima qualidade de vida me motivou a operar, pois na minha idade não faria se fosse simplesmente por estética, mas viver com todas essas limitações e os riscos que eu corria é que me incentivaram a fazer” – emociona-se ao contar.

 

Vida saudável, vida nova!

Valeu muito à pena acreditar e lutar! Eneide completou 8 meses de operada e já tem uma nova história para contar. História de superação, saúde e muita disposição, em que os capítulos de diabetes, hipertensão, esteatose hepática e todos os outros males que vivia em função do sobrepeso ficaram no passado, juntamente com os quase 25 kg que perdeu até agora.  Nessa nova história, há sim espaço para aproveitar a vida e tudo de bom que ela lhe proporciona, curtir a família, levar esperança através do trabalho voluntário que faz nos hospitais e principalmente aventurar-se nas novas viagens que ela tem feito com o marido, recuperando o tempo perdido de quando a doença lhe limitava“Estou revigorada e feliz. Agora faço o que eu quero e porque quero.” – celebra sorrindo Eneide.

Veja abaixo a entrevista com o cirurgião do aparelho digestivo especialista em obesidade, Paulo Nassif e com o cardiologista Rubens Darwich sobre obesidade Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e hipertensão.

 

O que é diabetes tipo 2?

Dr. Paulo Nassif: O diabetes é uma doença metabólica, que tem como principal característica o alto nível de açúcar no sangue. Existem várias formas de diabetes. O tipo 2 é o mais comum e, geralmente, é ocasionado pela resistência à insulina, que afeta o metabolismo dos açucares, das gorduras e da proteínas no organismo.

 

Qual é a relação entre DM2 e obesidade?

Dr. Paulo Nassif: Há uma relação bem próxima, estudos indicam que de 60% a 90% dos portadores de diabetes tipo 2 sejam obesos.

Quais são os riscos da DM2?

Dr. Paulo Nassif: São muitos e graves. A OMS, relaciona o diabetes tipo 2 como uma das cinco doenças que mais mata no mundo. Ela pode causar comprometimento da retina (podendo levar à cegueira); Doenças renais, chegando muitas vezes a necessidade de diálise ou transplante renal; Infarto agudo do miocárdio; Acidente vascular cerebral (derrame); e Insuficiências arteriais (podendo levar a amputações).


Após a cirurgia bariátrica, o que ocorre com a DM2?

Dr. Paulo Nassif: Devido ao desvio intestinal realizado na cirurgia, de maneira geral, muitos pacientes apresentam a diminuição e, muitas vezes o controle da glicose já nos primeiros dias após a cirurgia sem a necessidade do uso de medicação.

O que é síndrome Metabólica?

Dr. Paulo Nassif: A Síndrome Metabólica é o agrupamento de duas ou mais das seguintes doenças: obesidade (principalmente a abdominal), hipertensão, resistência insulínica, e dislipidemia (altas taxas de gordura no sangue). Fatores que aumentam o risco de doenças cardiovasculares.

O que é hipertensão? E por que hoje se fala tanto em pressão alta?

Dr. Rubens Darwich: É uma doença em que há uma elevação da pressão arterial maiores que 130 – 85 mmhg Fala-se muito, porque há uma enorme prevalência no mundo moderno. Estima-se que daqui a 65 anos, a metade da população será hipertensa. O grande agravante é que por ser uma doença em que a maioria das pessoas não tem sintomas, isto é, não sentem nada, ela passa a ser um inimigo silencioso, que pode causar várias complicações como Infarto, derrame e insuficiência renal.

Qual é a perspectiva de vida de um paciente obeso hipertenso?

Dr. Rubens Darwich: A perspectiva de vida pode ser reduzida principalmente se ele não segue tratamento, estando sujeito as complicações que podem ser fatais, ou que podem alterar a qualidade de vida.

Que outros problemas cardiológicos uma pessoa obesa fica mais propensa a desenvolver?

Dr. Rubens Darwich: Além da hipertensão, a dislipidemia (taxas elevadas de colesterol) e as doenças coronárias (entupimento das artérias do coração) que podem causar infarto e AVC (Derrame).

Um paciente obeso e hipertenso tem maiores riscos cirúrgico?

Dr. Rubens Darwich: O risco cirúrgico de um paciente obeso hipertenso é mais elevado que o habitual, mas ainda assim é menor do que os riscos que a obesidade já lhe oferece. Quando o paciente faz um bom preparo com uma equipe multidisciplinar, pode-se ter mais segurança, porque esses riscos podem ser melhores controlados.

O que em geral acontece com a hipertensão após a cirurgia bariátrica?

Dr. Rubens Darwich: Na maioria dos pacientes, com a redução do peso e da obesidade abdominal, há uma melhora significativa na condição clínica do paciente em relação tanto a hipertensão, como também a síndrome metabólica.


O paciente obeso hipertenso necessita de algum acompanhamento pós operatório diferenciado?

Dr. Rubens Darwich: Em geral não, mas ele vai necessitar de ajuste das medicações, pois a redução de peso vai propiciar uma melhora na hipertensão, o que pode levar uma redução no medicamento. Por isso é fundamental que ele prossiga sob a orientação dos profissionais da equipe dando a ele todo o suporte que necessitará até que seu peso se estabilize.

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