Atividade Física

Pulmões fortes, vida saudável

A natação pode ser praticada no inverno em ambientes fechados. A prática é muito recomendada pelos médicos para pessoas que sofrem de doenças respiratórias

A professora Iracema Pereira Alvarez, de 43 anos, tinha crises frequentes de bronquite alérgica desde a infância, provavelmente desencadeada por problemas emocionais e carências nutricionais vividas nesse período. Ela chegava a ficar com os lábios roxos e as pontas dos dedos pretas durante as crises de bronquite. “Não tinha condições de nadar quando criança e só passei a praticar natação a partir dos 14 anos”, conta.

Na época, Iracema nadava duas horas e meia por dia, substituindo assim as aulas convencionais de educação física, que desencadeavam as crises. “Se não fosse a natação, o ambiente úmido e quente da piscina e o meio saudável do esporte, não teria a qualidade de vida que tenho hoje”, acentua.  A natação foi tão importante para a saúde física e emocional de Iracema que ela resolveu devolver os mesmos benefícios a outras pessoas: há 20 anos é professora de natação na Escola de Natação Amaral.

Pesquisas revelam que a ação direta da pressão da água sobre o tórax aumenta em cerca de 60% o trabalho respiratório, ou seja, essa pressão hidrostática melhora o sistema cardiorrespiratório graças ao deslocamento sanguíneo das regiões periféricas para a região central do tórax, onde estão o coração e os pulmões. Por isso, um dos grandes benefícios da natação é a prevenção de doenças respiratórias, uma vez que exige maior esforço para inspirar e expandir os pulmões. Só o fato de estar com o corpo submerso o praticante já realiza um fortalecimento da musculatura respiratória.

“Há seis meses pratico natação e minha vida mudou para melhor. As crises de bronquite sumiram, estou mais disposta, durmo melhor e ainda ganhei condicionamento físico”, afirma a dentista Veruska S. Nunes, de 27 anos. Portadora de bronquite desde a infância, a dentista não conseguia mais trabalhar quando mudava a temperatura e vinham as crises. “Ganhei qualidade de vida”,
comemora.

 

Terapia eficaz

Estudos revelam que a natação é a atividade física que menos induz ao broncoespasmo gerado pelo exercício, demonstrando que crianças asmáticas que começaram a nadar reduziram o uso de medicamentos e de consultas médicas, melhorando as crises e a qualidade de vida. Foi o que aconteceu com o filho de Dilvia, que não tem mais crises e não precisa mais ser hospitalizado. A explicação para melhoras como essa é que os movimentos repetidos da natação expandem a caixa torácica, facilitando a respiração. Além disso, o ambiente aquecido e úmido da piscina faz com que as secreções sejam eliminadas mais facilmente, substituindo a inalação.

Fernando explica que “durante o inverno, o clima costuma ser mais seco, com períodos de estiagem, o que resulta em uma baixa umidade do ar e aumento da concentração de poluentes, condição prejudicial à saúde e à prática de exercícios nestas condições. Estas condições podem resultar desde uma tosse, ressecamento das vias aéreas e sangramento nasal, até quadros mais agudos de crises respiratórias. Quem pratica natação não tem esse problema, pois o ambiente é úmido e fechado, o que ajuda a saúde e o desempenho esportivo”, conclui Fernando.

 

Melhor respiração: nova postura

A postura retraída é uma das características das crianças com bronquite e asma brônquica. A natação ajuda a corrigir estes defeitos posturais e deformidades torácicas, pois fortalece e alonga toda a musculatura de tronco, e como consequência traz uma melhora pulmonar. “Os movimentos da natação trabalham intensamente a musculatura do diafragma e os músculos da cintura escapular, propiciando maior ritmo e qualidade à respiração de quem a pratica”, explica Fernando Amaral, educador físico e especialista em fisiologia pela Universidade de São Paulo (USP).

Além de melhorar a postura, o pequeno Antonio Thomaz B. Kozak, de 10 anos, se livrou das crises e ganhou fôlego para praticar outros esportes. “Desde os dois anos ele pratica natação para não precisar ser entubado no hospital. Hoje, meu filho tem vida normal, nada, joga futebol e basquete sem cansar, mesmo em clima frio”, destaca a mãe, Dilvia.

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