Fonoaudiologia

Ouça bem!

A tecnologia traz cada vez mais soluções para quem tem problema auditivo

“A audiologia, ciência que estuda a audição e as patologias associadas que a afetam, foi criada para oferecer avaliações, exames e soluções para reabilitar as pessoas a escutar melhor. Até mesmo quem nunca ouviu antes”, comenta o médico otorrinolaringologista Dr. Maurício Buschle, do Hospital Iguaçu. Ele nos conta que cada vez mais a audiologia encontra soluções para melhorar a qualidade da audição. De acordo com o censo de 2010 feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em torno de 9,7 milhões de brasileiros têm deficiência auditiva, o que representa 5,1% da população brasileira. Desse total, cerca de 2 milhões são portadores de deficiência severa. Cerca de 1 milhão são crianças e jovens até 19 anos. “Por mês, só em Curitiba, de oito a dez nascidos têm problema auditivo”, alerta o otorrinolaringologista.

Para sanar os problemas decorrentes da falta de audição, a tecnologia vem ajudando os pacientes. “Nesse sentido, os aparelhos estão cada vez menores, e a indústria desenvolve tecnologias para implantar sistemas auditivos que facilitam e melhoram a qualidade do som, com excelente adaptação. O ouvido funciona como um amplificador, ‘só ouve’; quem ‘escuta’ mesmo é o cérebro”, explica Dr. Maurício.

Dessa forma, a evolução das cirurgias audiológicas e o avanço da tecnologia empregada nos implantes e próteses fizeram com que hoje seja possível ouvir em qualquer tipo de ambiente, até mesmo debaixo d’água, como o implante auditivo Carina, que é totalmente implantável. Essas próteses auditivas foram desenvolvidas para reabilitar pacientes com perda auditiva condutiva, mista ou sensorioneural, de grau leve a severo, que tenham problemas com o uso do aparelho auditivo convencional. “São diversos sistemas implantáveis existentes no mercado – os osseointegrados, os que ficam invisíveis do lado de fora e outros sob a pele. Em comum é que todos usam tecnologia de ponta e possuem aplicação específica para cada caso”, explica o especialista.

Outra forma de tratamento de perdas leves, moderadas ou severas é o Bonebridge, o primeiro implante ativo de condução óssea. É cirurgicamente implantável, porém não é de modo completo invisível ficando um pequeno processador com a bateria na região do couro cabeludo, atrás da orelha. Quando há a perda auditiva condutiva, o som não pode seguir seu caminho natural, com esse aparelho as ondas sonoras são transmitidas via condução óssea, através do próprio osso do crânio, para serem processadas no ouvido interno. Outro aparelho como esse – composto basicamente por duas partes, uma externa e outra interna, que é implantada em um ossículo que transmite o som através da vibração – é o Vibrant Soundbrigde. “Diferentemente de aparelhos auditivos, que só amplificam o som, esses sistemas promovem vibrações diretamente nas estruturas do ouvido médio e interno, permitindo excelente qualidade de som sem bloquear o canal auditivo”, diz Dr. Maurício.

Há ainda o BAHA e o PONTO, sistemas criados no fim da década de 1980, através de estudos científicos para implantes ósseos com o titânio. Sabe aquela cena em que o índio encosta a cabeça no trilho para “ouvir” se o trem se aproxima? Então, é mais ou menos assim o princípio do BAHA. O sistema utiliza a habilidade natural do corpo para conduzir o som e pode ser a melhor opção nos casos em que a função do ouvido médio pode estar bloqueada, danificada ou obstruída. A técnica consiste no implante de um pino de titânio de 3 mm a 4 mm, osteointegrável, por fora do osso do crânio. Nele é encaixado o processador de som BAHA ou PONTO, que realiza uma vibração imperceptível e conduz o som, através do osso, até a cóclea. “É um aparelho auditivo ancorado no osso. Possui 100% de resultado nas perdas de transmissão”. Afirma o otorrino.

 

Implante coclear

A função dos aparelhos de audição é amplificar os sons para que pessoas com perdas auditivas possam ouvir melhor. A questão é que isso só funciona para quem já ouve. Para quem não se encaixa no uso das próteses, a solução pode ser o implante coclear, que é um estimulador elétrico com o objetivo de “imitar” as funções do ouvido: captar o som, transformar ele em estímulo elétrico e ativar o nervo auditivo diretamente. “A cirurgia de implante coclear já existe em Curitiba há dez anos, e realizamos no Hospital Iguaçu pelo menos dois implantes por mês. Para esse procedimento é imprescindível o apoio de equipe multidisciplinar no pré, durante e pós-operatório”, destaca Dr. Buschle.

“Lembro perfeitamente a emoção que senti quando estava assistindo a um jogo de futebol e ouvi o Hino Nacional”, recorda a analista de sistema Maria Ivanir Domingos Fraiz Morais, 57 anos. Ela sofre de otosclerose – doença no ouvido médio que pode causar surdez progressiva e que normalmente é hereditária. “Eu já fiz a cirurgia dos dois ouvidos. Como o resultado do primeiro foi tão bom que resolvi fazer do outro na sequência. A falta de audição estava dificultando meu trabalho”.

Para a analista de sistema, o implante foi aprovado: “Minha vida mudou completamente. Passei a ouvir e participar das coisas. Até minhas filhas comentam que nunca haviam me visto conversando tanto com outras pessoas; afinal, quando ia a alguma reunião ou festa, eu ficava em silêncio”. Sobre o procedimento, ela conta que “no começo a adaptação é um pouco difícil, mas nada complexa. Só precisa fazer a reabilitação, e nisso a fonoaudióloga é primordial”. E complementa: “Está tão aprovado que estou tentando convencer minha irmã para fazer também. Procurar um médico de confiança, alguém que responda às dúvidas e que passe segurança, como eu fiz”.

“Pode parecer estranho, mas o implante do Murilo nos trouxe amigos”. É o que conta a dona de casa Adriane da Cruz, 38 anos, mãe do pequeno Murilo. Hoje com 5 anos, Murilo já está totalmente adaptado ao aparelho. “O implante faz parte do corpo dele e ele mesmo já chegou à conclusão de que precisa do aparelho para ouvir”, frisa Adriane. Murilo tem a síndrome de Waardenburg – grupo de doenças genéticas que podem levar à perda auditiva e alterações na pigmentação dos cabelos, olhos e pele. “Como ele tinha um olho de cada cor, achávamos que era heterocromia, até que o pediatra recomendou exames e foi constatado que meu filho havia nascido surdo. Não foi feito o teste da orelhinha na maternidade”, continua a dona de casa. “Quando você descobre que seu filho tem algum problema, perde o chão e sente se desmoronando. Eu pensava no que fazer? Como tratar? Eu sofria imaginando o que ele iria sofrer”, desabafa a mãe. “A surdez foi descoberta quando ele estava com 1 ano e meio de idade, e quando ele tinha 1 ano e 9 meses já havia feito o implante coclear. Depois de um importante trabalho de reabilitação, teve alta da fono!”, comemora Adriane. “Quando vamos a uma festinha, ele mesmo, chegando nos brinquedos de plástico, tira o tênis e o aparelho para que possa brincar tranquilo e, na hora dos Parabéns, ele corre e coloca o aparelho novamente, faz parte da vida dele”.

“Se vocês, pai ou mãe, não acreditam no seu filho, o que esperar do resto da sociedade? É um trabalho que precisa ser feito com amor e com ardor. Ele era muito pequeno quando fez o implante, quando o aparelho foi ligado ele olhou para a fono com os olhos cheios de lágrimas e começou a bater palminha, era a primeira vez que ele estava ouvindo”, recorda Adriane.

 

Hospital Iguaçu

“Com o crescimento da procura e a necessidade de ter uma equipe maior, a clínica aumentou, e a transformamos em hospital”, conta Dr. Maurício Buschle. “Prezamos em oferecer mais que soluções audiológicas, nos tornamos um centro completo de otorrinolaringologia”, explica o médico.

A sommelier Denise Sponholz Rudek, 45 anos, já se consulta há mais de 30 anos com o mesmo otorrino. “Lembro como era desde o começo” e “como sempre tive muita alergia, sofro de rinite alérgica e não posso usar qualquer remédio – por mais que a bula não apontasse contraindicação –, sempre procurei na equipe minha salvação”, revela Denise. “Meus filhos também têm rinite e já frequentam o hospital. O trabalho conjunto facilita o tratamento. O hospital, para mim, é sinônimo de confiança”, conclui.

Já para a apresentadora Valquíria Melnik, do programa Ver Mais (Ric TV), a qualidade da voz é essencial “e está intimamente ligada à garganta, ao nariz, à respiração. A minha voz é meu instrumento de trabalho”. A apresentadora já é atendida há mais de vinte anos pelos mesmos especialistas. “As consultas são demoradas, pois eles dão toda a atenção e relembram o histórico de doenças. Acho muito importante esse atendimento diferenciado, mais humano. Me sinto acolhida”, assegura Valquíria.

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