Mexa-se para viver com qualidade e saúde
Um novo conceito em treinamento funcional, aliado à musculação, reabilita jovens e idosos com diversas patologias, tornando-os fortalecidos e protegidos para a vida
Todos nós sabemos que qualquer atividade física (não necessariamente esportiva, muito menos competitiva) traz grandes benefícios para a manutenção e recuperação da saúde. Exercitar o corpo reduz sensivelmente a incidência de doenças cardiovasculares, auxilia na prevenção e no tratamento da diabetes tipo II, hipertensão arterial sistêmica e obesidade, além de ser coadjuvante no tratamento da depressão. Sem falar que, comprovadamente, uma atividade física regular melhora as funções cerebrais. Em suma, para manter ou melhorar a qualidade de vida é fundamental movimentar o esqueleto, os músculos e a mente: não importa se você é um idoso, um indivíduo em fase de envelhecimento ou uma pessoa jovem que busca a longevidade.
No caso específico dos idosos, a musculação, sem sombra de dúvida, assume posição de destaque em todos os trabalhos científicos da atualidade, com enfoque na prevenção e tratamento das doenças comuns nesta fase da vida. Ao contrário do que se imaginava no passado, hoje o treinamento em equipamentos com peso é seguro tanto para idosos sadios quanto para os mais frágeis. Portanto, pacientes com doenças cardiovasculares e pulmonares crônicas, diabetes, depressão, osteopenia, osteoporose, artroses e tantas outras patologias relacionadas à idade, podem ter sua capacidade funcional reabilitada com a prática da musculação personalizada, tornando-se aptos a realizar atividades de vida diária, mantendo sua independência, autoestima e reintegrando-se à sociedade.
A dona de casa Ellen Mueller, de 88 anos, que apresentava uma degeneração difusa de artrose no joelho direito, impedindo-a de movimentar-se, é um exemplo de que existem meios para o resgate da qualidade de vida. “Estava ‘entrevada’, sentia muita dor, tinha problemas circulatórios, pressão alta, me locomovia somente com muletas e ainda por cima não tinha indicação para cirurgia devido à idade. Não via saída para essa situação”, revela a paciente, que há dois anos deixou uma muleta (a outra usa só por segurança) e voltou até a dirigir. “O meu quadro era grave, pois meu joelho já estava sem cartilagem, osso no osso, e não havia mais medicação que resolvesse. Chegava a gritar de dor durante a noite. Fiz natação, mas não adiantou. Até que a musculação me tirou das trevas”, comemora a tecelã, que voltou a ter vida normal. Em junho deste ano, dona Ellen foi internada com pneumonia. “Fiquei três semanas na UTI e saí do hospital na cadeira de rodas. Um mês e meio depois já estava dirigindo. Com a musculação adquiri reservas que ajudaram na minha recuperação”, complementa.
A importância da musculação no envelhecimento
As alterações patológicas do envelhecimento (osteoporose, artrose, hipertensão, diabetes, entre outras), além das perdas funcionais como a capacidade de andar sozinho, subir escadas, levantar-se de uma poltrona, perda do equilíbrio e dis-função cognitiva (diminuição da memória, raciocínio, concentração e orientação), que levam à invalidez, podem ser amenizadas com uma atividade física regular, especialmente a musculação assistida. “A musculação é fundamental para todos, principalmente para o idoso, visto que, além de proteger o coração, inibe e melhora a perda acentuada e fraqueza muscular, chamada de sarcopenia. Essas alterações apresentam uma importância muito maior, pois interferem diretamente na qualidade de vida das pessoas que estão envelhecendo”, ressalta Andréa Candeu, fisioterapeuta da A.C. Company, que complementa:
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O fortalecimento muscular consiste em manter o metabolismo elevado, ou seja, sustentar o consumo de energia, mesmo em repouso, proporcionando maior disposição física, melhorando a autoestima e o convívio social.
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Estudos revelam que evitar a inatividade através da manutenção da massa muscular é fundamental para que os idosos não percam a disposição para as atividades diárias. A imobilidade está diretamente ligada a complicações potencialmente fatais, como quedas, pneumonias, tromboses, úlceras de decúbito, constipação intestinal, infecções e alterações psíquicas, como a depressão, causada devido ao isolamento social e limitação física.
Fortalecimento muscular devolve a vitalidade aos pacientes
Tereza Patyk Stefanski, de 52 anos, começou a apresentar dores de cabeça, tonturas, fraqueza, depressão, além de já fazer uso de remédios para controlar a pressão alta. Depois de desenvolver vitiligo, ela passou a ter também problemas estomacais devido à medicação. “Foi quando fiz uma consulta no Instituto Lyon, há doze anos, e fui diagnosticada com distemia e osteopenia. Desde então, adotei a musculação e segui todas as recomendações, inclusive nutricionais, que além de evitar um quadro precoce de osteoporose, me devolveu a disposição e a vontade de viver há mais de uma década”, acentua. Hoje, Tereza é frequentadora assídua da A.C. Company, que oferece um serviço multidisciplinar, com musculação e atividade aeróbica, treinamento funcional, nutrição, massoterapia e fisioterapia. “O ambiente aqui é ótimo e minha vida mudou em todos os sentidos”, complementa.
A mesma qualidade de vida foi obtida pelo engenheiro Edson Solano da Costa Porto, de 68 anos, que faz musculação há três anos. Embora andasse e nadasse com regularidade, Edson começou a sentir dores no peito quando fazia algum esforço. No início, achou que os sintomas tivessem relação a uma esofagite crônica, mas em 2003 descobriu que se tratava de uma angina e precisou colocar dois stents no coração. “Depois do susto, comecei a fazer musculação, adquiri maior disposição, fôlego e qualidade de vida. Quando não vou ao treinamento sinto falta dos amigos e de melhor resistência física”, revela o engenheiro.
Pioneirismo em musculação para terceira idade
O Instituto Lyon – Centro de Reabilitação Geriátrica, Medicina Preventiva e Cardiologia de Curitiba, sob a direção do cardiologista Dr. Antônio Augusto de Arruda Silveira Junior, autor do livro “O bem-estar não tem idade”, indicado para leitores interessados em musculação, é pioneiro no Estado ao implantar atividade física com pesos, ou seja, musculação para a terceira idade. Em poucos meses de atuação, os resultados foram surpreendentes,principalmente nos trabalhos realizados com pacientes cardiopatas e hipertensos, onde se observou melhora significativa da sua condição cardiovascular, estabilização da pressão arterial e melhora da aptidão cardiorrespiratória.
Os diabéticos também apresentaram melhorias expressivas em exames laboratoriais. Os obesos e portadores de colesterol elevado demonstraram sensíveis mudanças em relação à mobilização de gordura e baixa do colesterol. “Nos indivíduos com artrose, artrite reumatoide, hérnia de disco e osteoporose, constatou-se diminuição e/ou ausência de sintomas, melhorando a força, flexibilidade, aumento de massa muscular e da disposição em suas atividades diárias”, ressalta Andréa, que atuava na época no Instituto.
“Em nossos atletas cardiopatas, até hoje não foi registrado nenhuma complicação ou agravamento do quadro durante os treinamentos”, acentua a fisioterapeuta, responsável hoje pela A.C. Company, um desdobramento do Instituto Lyon que atende pacientes encaminhados por profissionais de diversas especialidades.
Segundo Andréa, que tem especialização em Fisiologia do Exercício e Treinamento Resistido na Saúde, na Doença e no Envelhecimento, pela USP, esses resultados são compatíveis com os estudos científicos que demonstram menor incidência de complicações cardiovasculares nos exercícios de musculação, quando comparados a outras atividades aeróbicas. “O êxito e o bom desenvolvimento conseguidos em dez anos de atuação são decorrentes de um trabalho multidisciplinar, através da avaliação médica periódica, acompanhamento nutricional, fisioterápico e nutricional”, conclui.
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