Fonoaudiologia

Está na hora ouvir!

Implante coclear é uma solução eficaz para perda severa de audição

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Acordar com o canto dos pássaros, ouvir o barulho de uma cachoeira, das ondas do mar, escutar aquela música de que tanto gosta ou acelerar o coração com a voz de quem se ama… São coisas simples, mas que, infelizmente, não estão ao alcance de todos.

A perda leve, moderada ou grave da audição não impossibilita apenas esses pequenos prazeres, como também impõe certas limitações sociais, dificulta o convívio e, muitas vezes, promove o isolamento de quem tem o problema. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a surdez ocupa a segunda colocação no ranking de doenças que causam a perda de qualidade de vida, perdendo apenas para a depressão.

As causas da deficiência auditiva são várias, como hereditariedade, viroses maternas (rubéola, sarampo), doenças tóxicas da gestante (sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose) e ingestão de medicamentos ototóxicos (que lesam o nervo auditivo) durante a gravidez. A deficiência também pode ser adquirida através de doenças como meningite, ingestão de remédios ototóxicos, exposição a ruídos durante longo período de tempo, a sons impactantes ou viroses.

Aos nove anos, Juliana Ferreira Cristo teve meningite, que levou a uma perda grave da audição. “Minha maior dificuldade era sair à rua, porque tinha muita tontura. Também não conseguia entender o que as pessoas me falavam, por isso, precisavam escrever o que queriam me dizer”, lembra a estudante.

Entretanto, soluções eficazes para a reconquista da audição são uma realidade com resultados cada vez mais satisfatórios. Pacientes com perda de audição moderada e profunda, unilateral ou bilateral – ou seja, de um ouvido ou ambos – podem recorrer à tecnologia e a cirurgias como a do implante coclear. Este dispositivo estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal para o nervo auditivo, que é posteriormente decodificado pelo córtex. “Cerca de um mês após a cirurgia, o aparelho é ligado, pois este é o tempo de cicatrização do ouvido e integração do aparelho”, explica o Dr. Maurício Buschle, médico otorrinolaringologista e chefe da equipe de implante coclear do Hospital Iguaçu, localizado em Curitiba, que recebe pacientes de todo o Brasil.

Ao receber indicação para o implante coclear, Juliana teve um misto de emoções. “Fiquei triste, porque sabia que não tinha mais chance de recuperar minha audição, mas também fiquei feliz pela esperança de voltar a ouvir”. Ela conta que a cirurgia foi bastante tranquila, assim como o pós-operatório. “No começo, quando o aparelho foi ligado, tinha um ruído chato. Como eu lembrava como era ouvir, achei que seria sempre daquele jeito. Depois, com os ajustes, hoje escuto bem e tenho uma vida normal”, diz a estudante do segundo ano do Ensino Médio, que sonha cursar Direito.

Quem já está realizando o sonho de ser advogado, após cursar uma faculdade de Administração e fazer pós-graduação, é Felipe Zaramella Saad, de 33 anos, que aos 16 anos teve uma doença degenerativa. “Foi muito ruim. Eu não aceitava ser surdo e fiquei muito deprimido, acabei me retraindo e me isolando da sociedade”, conta.

Na escola, suas notas e seus relacionamentos só pioravam. “Eu não entendia o que a professora falava e tinha vergonha de perguntar. Com isso, minhas notas caíram e minha interação deixou de existir”, diz Felipe. Ele conheceu o implante coclear e há três anos fez a cirurgia. “Minha vida, aos poucos, foi voltando ao que era. Hoje tenho vida normal, interajo com as pessoas e reconquistei minha confiança”.

Tanto crianças quanto adultos podem se beneficiar do procedimento. Antes de tudo, porém, o paciente passa por avaliação de uma equipe multidisciplinar composta por médicos, fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos, que avaliam o caso e prestam todo o suporte ao candidato. “Após a cirurgia, o paciente tem sessões semanais de fonoaudiologia, que podem durar meses ou anos, que irão auxiliá-lo a adquirir a completa capacidade oral ou reaprender a ouvir”, completa Dr. Maurício.

 

Outras opções

Existe na área da audiologia uma série de opções de aparelhos cada vez mais discretos, personalizados, confortáveis e efetivos até para graus avançados de surdez, além de reconstrução de ossículos com próteses de titânio e outras tecnologias bem inovadoras, como:

BAHA – o implante de BAHA (dispositivo auditivo ancorado no osso) é uma excelente opção para quem tem problema auditivo leve, moderado ou grave, mas que não pode utilizar os aparelhos auditivos convencionais por razões médicas ou não teve bons resultados com seu uso. Nele, não é necessária cirurgia, apenas um ponto de fixação. “Esse aparelho ultrapassa completamente o ouvido médio e, ao contrário dos aparelhos comuns, o som é enviado ao redor da área problemática ou danificada, estimulando naturalmente a cóclea através da condução óssea. O som é convertido em sinais neurais e é transferido ao cérebro, permitindo que o implantado perceba o som”, destaca Buschle.

Vibrant Soundbridge – cirurgicamente implantável, e composto de duas partes: uma externa, chamada de processador de áudio digital, que pela pele transmite e emite vibrações, e a parte interna que fica implantada em um ossículo. A prótese ossicular vibratória conduz os sons para o ouvido interno, de onde são levados ao cérebro para serem reconhecidos.

Carina –  também implantável, possui um sistema composto por processador de som digital que recebe os sons do microfone, amplifica e transforma em energia mecânica. Um microfone especial permite que os sons do meio ambiente sejam captados com qualidade, mesmo sob a pele. Os sons são transformados em sinais elétricos e enviados ao processador e um transdutor envia a energia mecânica à orelha média, permitindo ao paciente ouvir com qualidade. O grande diferencial é que funciona até debaixo d´água: as pessoas podem pegar chuva, nadar, surfar, tomar banho e mergulhar com ele.

Bonebridge – também necessita de cirurgia, porém o suporte do aparelho auditivo fica por baixo da pele, tendo um imã que irá suportar o aparelho auditivo externo. Uma opção interessante tanto para crianças como adultos, pois o processador fica disfarçado em meio aos fios de cabelo.

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