Angiologia / Vascular

Cirurgia por vídeo trata hérnia inguinal

Tecnologia reduz em 50% o tempo de recuperação, minimizando a dor e o risco de infecção

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A sensação é a de que há um abaulamento debaixo da pele, na região da virilha. A dor aos esforços, que cresce conforme a pessoa não busca tratamento, dá o sinal de alerta. Estamos falando da hérnia inguinal, o tipo mais comum de hérnia abdominal, que corresponde a 75% dos casos da doença. Cirurgião do aparelho digestivo, Sérgio Hirata explica que a hérnia é resultado do deslocamento de algum órgão ou víscera, em geral o intestino. “Ele invade um espaço que não é dele por conta de um enfraquecimento do tecido que protege nossos órgãos”, detalha, lembrando que em um terço dos casos a doença é assintomática, ou seja, o paciente não sente dor.

O diagnóstico geralmente é feito durante a consulta com o especialista, mas em alguns casos são necessários exames de imagem para melhor avaliação. Uma vez diagnosticado, o tratamento é cirúrgico. E novidades nessa área têm trazido maior conforto ao paciente no período pós-operatório. “A técnica mais atual é a realização do tratamento cirúrgico de livre tensão com telas, por meio da videolaparoscopia. O resultado é igual ao procedimento convencional (aberto), mas com o diferencial de dar conforto ao paciente, com redução significativa da dor no pós-operatório e retorno às atividades habituais mais precocemente. Em geral, o tempo de recuperação reduz em 50% em relação à cirurgia aberta”, detalha o também cirurgião do aparelho digestivo Henrique Niekawa, que, junto com Hirata, integra o corpo clínico da Gastroclínica.

Nesse procedimento, uma tela é colocada no local da hérnia, fazendo com que a alça do intestino que se deslocou volte ao local de origem e não mais avance naquele espaço. A tela segura esse movimento.

Além da técnica, os materiais também evoluíram, melhorando a qualidade do procedimento. “Hoje, o grampo de fixação da tela é absorvível. O que mais incomodava o paciente era que, por vezes, era preciso retirar o grampo cirurgicamente, que era de material não absorvível e causava incômodo. Também houve evolução no local de fixação dessa tela. Está cada vez melhor”, completa Henrique Niekawa. Outro benefício da cirurgia por vídeo é a redução do risco de infecção. “Com a videolaparoscopia não há contato da ferida operatória com o ar do ambiente, e isso minimiza os riscos”, diz Hirata.

 

Causas

Segundo os especialistas, há diferentes causas para a hérnia inguinal, que é mais comum em homens. “Pode ser um problema congênito ou estar associado a esforços, como exercícios físicos e, no caso das mulheres, à gestação, que deixa a parede abdominal fragilizada”, explica Dr. Sérgio.

A hérnia inguinal pode ser unilateral ou bilateral, ou seja, atingir um ou os dois lados da virilha. Dependendo do caso, nos homens, ela pode evoluir e atingir os testículos. Quando o volume do órgão deslocado é grande e o anel herniário é estreito, a doença se torna perigosa, pois o órgão que se deslocou – no caso, o intestino – pode ficar preso e obstruído. “Isso pode levar à torção das alças intestinais. O paciente vai sentir cólicas abdominais e dificuldade para evacuar”, alerta Niekawa. Nesses casos, a cirurgia, que inicialmente é eletiva, se torna um procedimento de urgência. “Os vasos sanguíneos podem ficar comprimidos e, com isso, pode haver rompimento da alça intestinal. O risco é de causar uma infecção grave no paciente”, completa Hirata.

A cirurgia por vídeo é uma técnica que  nem sempre é possível de ser realizada. “Em alguns casos, quando, por exemplo, o paciente não pode se submeter à anestesia geral, nós optamos pela cirurgia aberta. Mas, na maior parte das vezes, é possível fazer a videolaparoscopia”, esclarece Niekawa.

 

Voltando a viver

A auxiliar de enfermagem Neusa da Silva, de 53 anos, fez o procedimento em agosto de 2013. Ela fazia parte do percentual de pacientes que não sente dor com a hérnia inguinal. “Um dia, senti um carocinho e fui ao médico. Ele solicitou um ultrassom e o diagnóstico foi de hérnia”, recorda. Neusa não fez a cirurgia de imediato, mas teve que abrir mão de algo que gostava muito: a atividade física. “Fazia academia e tive que parar. Convivi um tempo com a hérnia, até que surgiu a oportunidade de fazer a cirurgia por vídeo”, conta.

Mesmo sendo um procedimento mais simples, de início, o receio apareceu. “Quando se fala em cirurgia, por menor que seja, sempre fica uma preocupação, mas foi tudo muito bem, o pós-operatório foi tão tranquilo, não senti nenhuma dor. O médico até receitou um analgésico, mas não precisei tomar. A recuperação foi muito tranquila”, atesta. Ela internou na tarde de uma sexta-feira e na manhã de sábado já estava indo para casa.

O que Neusa mais queria era poder retornar às atividades físicas. “No período de recuperação, não podia recomeçar. A hérnia me impedia de fazer a minha tão prazerosa musculação. Agora voltei à vida normal, vou para a academia. Só não vou abusar”, ressalta.

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