Cada dia melhor
Além de promover harmonia entre o corpo e mente, aikido potencializa outras atividades físicas e de caráter emocional e intelectual
“Antes de praticar aikido eu era um homem nervoso e estressado, brigava com facilidade; agora, tenho maior controle emocional e sinto-me muito mais tranquilo”, revela o empresário Cid Vianna, de 40 anos, que pratica musculação há três anos, é faixa preta de judô, já praticou caratê e há dois meses descobriu no aikido a possibilidade de agregar benefícios físicos, mentais e espirituais numa única atividade.
O empresário, que trabalha com projetos tecnológicos e resolve conflitos diariamente, garante que a prática de aikido o ensinou a ouvir mais as pessoas e a resolver os problemas através do diálogo. “Adquiri disciplina, aprendi a aliviar as tensões do dia a dia e a refletir antes de falar ou tomar qualquer atitude”, comemora.
Arte originária do Japão, o aikido busca coordenar com harmonia as atividades do corpo e da mente, sempre em profunda integração com as leis da natureza. “Não é apenas uma arte marcial, técnica de defesa pessoal ou esporte, é um caminho para o crescimento do ser humano”, acentua o advogado por formação e Sensei (instrutor – “o que chegou antes”) por vocação Nereu Peplow, que tem 43 anos de experiência em lutas como o caratê, kung fu, jiu-jítsu, defesa pessoal, judô e tae kwon do e, desde 1996, elegeu o aikido como razão de vida, seguindo os passos de Kawai Shihan, 8º grau, que trouxe o aikido para o Brasil e o ensina em São Paulo.
Segundo ele, a diferença fundamental entre o aikido e as outras artes marciais é a ausência de competição entre os praticantes, além da forte ênfase na preservação dos valores morais, na disciplina e na valorização do próximo e de si mesmo. “A competição no aikido é da pessoa com ela mesma e a cada momento o praticante busca ser melhor do que antes”.
O aikido caracteriza-se por técnicas de projeção ou torções de articulações que neutralizam o oponente aproveitando sua própria energia, sem o uso de força física. Numa situação de emergência, pode ser utilizado eficazmente como defesa pessoal. Nereu explica que a prática de aikido pode potencializar os resultados da musculação, de esportes ou atividades físicas. “Daí a importância de ser praticado dentro de uma academia que ofereça outras modalidades de treinamento”, garante o Sensei, que atua na Academia Swimex, em Curitiba.
Para aqueles que pensam que a ausência de competição entre os praticantes torna o praticante despreparado para enfrentar a violência do mundo atual, o Sensei contesta: “O fato de conseguirmos superar as dificuldades, limitações e medos interiores significa que estamos altamente qualificados para competir com pessoas e situações que tiveram um treinamento voltado apenas para o exterior. O aikido não quer habilitar o indivíduo apenas para o combate físico, mas sim para lutar pelo seu crescimento interior, por uma vida mais harmoniosa, por um convívio social mais pleno, pela evolução espiritual, pela felicidade. Enfim, lutar para ser cada vez melhor”.
Caminho inverso
O psicólogo e analista Marcos Traple, de 56 anos, que passou a praticar aikido depois de treinar por um ano caratê e tae kwon do, endossa as palavras do Sensei Nereu: “Se todas as pessoas praticassem aikido, estariam fazendo um bem não só a si próprias, mas a suas famílias e à sociedade. Atendo todo tipo de conflito humano e tenho no aikido uma forma de fazer o caminho inverso do meu trabalho, gerando uma conscientização maior, uma abertura para viver e compartilhar tudo o que existe de mais bonito no ser humano”. Marcos treina com Ricardo, seu filho de 16 anos, que abdicou de outras artes marciais para praticar o aikido, indicado para homens e mulheres de todas as idades.
Num ambiente de cooperação, amizade e companheirismo, os praticantes de aikido buscam não apenas o próprio crescimento, mas o desenvolvimento de todo o grupo, para que possam se tornar melhores e melhorar o mundo em que vivem. “O objetivo principal do aikido não é derrotar o oponente, mas sim promover a superação das nossas limitações e o triunfo sobre as nossas fraquezas”, finaliza o Sensei Nereu.
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