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Cirurgias bariátricas são a salvação de muitos obesos, mas antes de encarar o procedimento é preciso preparar a mente e o coração para as mudanças que virão
O ponteiro da balança só sobe e insiste em não cair. Todas as tentativas de dietas, remédios e inibidores de apetite não deram certo, e você voltou a engordar. O desânimo toma conta do seu dia e a vontade de fazer atividade física acabou? Não se desespere, em muitos casos ainda existe uma luz no fim do túnel, e uma dessas, sem dúvida, são as cirurgias bariátricas. Encarar a obesidade não é tarefa fácil. Mas de fato essas cirurgias são muito eficientes e até mesmo a única solução para casos como obesidade mórbida. Porém, para tomar essa decisão é preciso estar pronto para mudar o estilo de vida.
O cirurgião gástrico Dr. Milton Ogawa é especialista nestes procedimentos. Redução do estômago, colocação de balão intragástrico ou de banda gástrica ajustável são algumas das técnicas utilizadas com sucesso para fazer os pacientes perderem 15, 20 e até 40% do peso corporal. Entretanto, para que todo o processo seja satisfatório, o especialista conta com o apoio de uma equipe multidisciplinar na Gastroclínica, com psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas. “Temos todo um arsenal para oferecer o melhor tratamento para o paciente, mas, acima de tudo, é preciso preparação psicológica para a cirurgia”, enfatiza.
A declaração de Ogawa foi vivenciada na prática pela advogada Juliana Kiyosen Nakayama, de 37 anos. Ela chegou a pesar 114 quilos até que resolveu dar um basta. “Todo mundo tem um momento que chega ao fundo do poço, que dá o clique, e eu tive o meu. Fui ao especialista, mas ainda não estava convencida da cirurgia. Passei por dois anos de terapia até que decidi que tinha chegado a hora”, conta Juliana.
Ela enfatiza que esse processo vivenciado com a ajuda da psicóloga foi essencial. “A gente brinca que seria muito bom se a cirurgia operasse não só o estômago, mas também a cabeça. É preciso estar muito consciente e a terapia foi importante para isso. Quando a cabeça estava resolvida, eu operei”.
Desde então Juliana, que passou pela cirurgia de redução de estômago, emagreceu e atualmente está com 78 quilos. A rotina sofreu mudanças. Hoje ela come menos e se sente feliz. “Todas as mudanças foram bem-vindas. Não consigo comer muito doce porque me dá até dor, e como sou filha de diabético, era forte candidata a ter a doença. Ainda faço reposição de vitaminas, mas antes da cirurgia eu vivia tomando remédio, tinha pressão alta”. Consciente das dificuldades, Juliana sabe bem o que é preciso antes de encarar a cirurgia.
“Você tem que admitir que está obeso, que está doente, e procurar ajuda. Quem deseja operar tem que se informar sobre as vantagens e desvantagens, estar muito consciente que vai passar por uma mudança de vida”.
E quem ajuda os pacientes a vencerem esse processo é a psicóloga Juliana Bisatto Cardoso. Ela cita que a compulsão por alimentos e até por outras coisas, é uma das grandes vilãs dos obesos e pode até inviabilizar a cirurgia. “Toda mudança gera dificuldades e o paciente precisa estar preparado para mudar o comportamento, para comer devagar e adotar outro estilo de vida, que é essencial para manter o resultado da intervenção. Sem essa mudança, a pessoa volta a ganhar peso.”
A psicóloga lembra que a obesidade é uma doença e que é preciso aprender a conviver com ela. “O paciente precisa entender que a cirurgia é um passo e não o fim, tem que se preparar para essa adaptação”, orienta. Uma vez preparado é hora de escolher a melhor opção.
Juliana Cardoso enfatiza que há várias situações que justificam a cirurgia e que o paciente é quem saberá o momento de operar. “Têm pessoas que sofrem com diabetes, com problemas nos joelhos, com depressão, com coisas que afetam a qualidade de vida. Elas acabam abrindo mão do lado social e isso é prejudicial. É preciso avaliar caso a caso, e o paciente precisa passar pela análise de uma equipe para verificar se este realmente é o melhor procedimento. Afirmar que alguém precisa ou não da cirurgia é muito relativo.”