Beleza não tem idade
Com os avanços da medicina, é possível manter e resgatar a aparência da juventude
Os tratamentos estéticos não-cirúrgicos lideraram o ranking da ASAPS (Sociedade Americana de Cirurgia Plástica e Estética), com quase 10 milhões de procedimentos realizados em 2007. Entre os que se destacaram como mais populares estão a aplicação da toxina botulínica tipo A e o preenchimento facial para revitalização da pele. Estes dados confirmam a tendência dos pacientes buscarem tratamentos mais simples, práticos e não-invasivos para manter uma aparência mais jovem e saudável por mais tempo. Ao todo, no ano pesquisado, os tratamentos não-cirúrgicos atingiram 82% dos procedimentos estéticos nos Estados Unidos, contra os 18% restantes, que foram cirúrgicos. Só para se ter uma ideia desta vertiginosa evolução, de 1997 a 2007 os dados mostraram um incremento de 754% para os procedimentos não-cirúrgicos e apenas 114% para os demais.
Conforme o levantamento, as mulheres ainda representam o público que mais procura recursos estéticos (91% mulheres e 9% homens), mas o contingente de homens cresce de forma interessante. A faixa de idade em que se concentrou o maior número de tratamentos compreende pessoas entre 35 e 50 anos (46% do total), seguida pelas pessoas entre 19 e 34 anos (21%), mais de 65 anos (6%) e, por último, menos de 18 anos (menos de 2%). Isso significa que pessoas adultas de todas as idades procuram recursos estéticos, seja com a finalidade de reparar deformidades adquiridas no decorrer da vida, seja para amenizar rugas e sulcos, redefinir o contorno facial, corrigir depressões ou cicatrizes, dar volume aonde o tempo se encarregou de deprimir ou mesmo para, simplesmente, embelezar a face, mantendo a autoestima em alta.
ENTENDENDO AS TÉCNICAS
Toxina botulínica tipo A
Ao ser injetada na face, faz com que a musculatura relaxe e perca a capacidade de se contrair. Assim, há uma diminuição da formação de rugas decorrentes da expressão facial. “O procedimento é rápido, indolor e seu efeito começa a aparecer depois de 48 horas, chegando ao ideal em duas semanas”, afirma o médico, que recomenda refazer as aplicações a cada seis meses, tempo que dura a ação da substância nos músculos na maioria das pessoas. A toxina botulínica é aplicada após o uso de um anestésico tópico, com uma agulha muito fina, nos locais mais afetados pelas mímicas faciais, ou seja, na testa, entre as sobrancelhas, no cantinho dos olhos e em local específico para diminuir o efeito de boca caída. Com a anulação do espasmo de musculatura que produz a mímica, automaticamente a ruga vai desaparecendo, perdendo o hábito da contração, o que permite suavizar o aspecto da face.
Preenchimento facial
É a técnica que visa preencher as linhas, sulcos e depressões, melhorando o aspecto da pele e harmonizando a face. Existem duas classes de substâncias utilizadas: as de efeito temporário e as de efeito duradouro. Ambas permanecem estáveis no lugar injetado, sem risco de se “esparramarem” pela região. A opção mais adequada vai depender de cada caso. O procedimento é feito com a ajuda de seringas, agulhas e cânulas (espécie de agulha sem ponta) que injetam a substância na derme ou subderme, sempre depois do uso de anestésico tópico. “Uma das vantagens dessa técnica é que o paciente pode interagir com o médico diante do espelho, acompanhando as mudanças que estão sendo feitas”, acentua Álvaro Pansini. As substâncias de efeito temporário mais usadas são o ácido hialurônico e o colágeno, durando de seis meses a um ano. São ideais para sulcos nasogenianos (entre nariz e queixo), linhas no canto ou ao redor dos lábios e olhos (pés-de-galinha). O metacrilato não é re-absorvido pelo organismo e, portanto, tem efeito duradouro. Esses produtos são biocompatíveis e indicados para preencher depressões da face, rugas profundas e até para remodelar o contorno da mandíbula. “Além disso, é importante uma avaliação prévia de cada caso e uma indicação correta, de acordo com as necessidades individuais”, destaca o médico.
18-29 anos
Nesta faixa etária, os defeitos estéticos são praticamente inexistentes e não é preciso recorrer a procedimentos de qualquer espécie para realçar a beleza. No entanto, alguns jovens apresentam sinais ou cicatrizes da acne adquirida na puberdade. Não é raro, depois de recorrer a diversos tratamentos de pele, estes adolescentes chegarem à vida adulta sem conseguir minimizar ou eliminar depressões que danificaram o contorno facial, dando um aspecto grosseiro de “casca de laranja” na testa, laterais do rosto ou queixo. Em casos extremos, em que nenhum procedimento dermatológico corrigiu o problema, o preenchimento facial pode ajudar a melhorar o aspecto da pele e a autoestima.
A técnica da subcisão, associada ao preenchimento, pode melhorar a aparência das cicatrizes e depressões resultantes da acne. “A subcisão é uma técnica que utiliza uma microagulha que separa a pele com cicatriz do tecido que fica embaixo e que a traciona. Em seguida, o vazio do tecido é preenchido com mínimas quantidades de biomaterial, que pode ser metacrilato ou ácido hialurônico. O procedimento é realizado com anestesia local e o paiente pode retornar às atividades rapidamente”, explica o médico Álvaro Henrique Pansini Gonçalves. Trata-se do preenchimento corretivo, que pode também corrigir pequenas e médias alterações inestéticas, como a ponta do nariz caída, o queixo retraído, imperfeições do dorso do nariz, lábios muito finos, mandíbulas sem angulação e sem definição e outros. Tudo vai depender de uma avaliação criteriosa de cada caso. O procedimento pode também ter caráter preventivo.
É o caso da publicitária Ana Cláudia Bernardon, de 25 anos, que aplicou toxina botulínica para atenuar rugas de expressão na lateral dos olhos (pés-de-galinha), testa e entre as sobrancelhas, complementando com um leve preenchimento no sulco entre nariz e lábios. “Para evitar que estas rugas ficassem mais profundas, tive inclusive recomendação de dermatologistas antes de optar pelo tratamento”, justifica a jovem, que está satisfeita com os resultados. “Fiquei feliz, com a expressão mais suave e condizente com a idade”, enfatiza.
30-49 anos
Aqui começam a ficar evidentes os sinais do tempo: as rugas de expressão ficam mais acentuadas e o mecanismo de envelhecimento passa a interferir na vaidade e qualidade de vida das pessoas. Neste processo, tanto a superfície da pele como as camadas mais profundas que formam a cobertura da face se alteram. Surgem rugas, sulcos e a temível flacidez começa a se manifestar. É o momento em que pessoas que não podem ou não querem recorrer à cirurgia plástica optam pela aplicação de toxina botulínica e/ou o preenchimento facial, retardando, assim, procedimentos mais invasivos, ao mesmo tempo em que mantêm uma aparência mais leve e jovial. Nesta faixa etária, os procedimentos podem ser associados, dependendo de cada caso, e os resultados são surpreendentes.
Foi o que aconteceu com a esteticista Marli Gaideski Portela, de 36 anos. “Fiz botox na testa, ao redor dos olhos, entre as sobrancelhas e nas rugas ao redor da boca, para atenuar linhas de expressão”, conta a paciente, que também suavizou com preenchimento algumas linhas mais evidentes. “A dor é suportável e compensa o resultado, que ficou maravilhoso e é alvo de elogio das minhas clientes”, comemora.
A partir dos 50 anos
“Estava com a boca franzida de rugas, com pregas em cima do nariz e entre as sobrancelhas, o que me deixava com uma fisionomia muito envelhecida. Com o botox e o preenchimento, remocei alguns anos e agora tenho mais ânimo para me arrumar e usar um batonzinho”, afirma com humor a aposentada Maria de Lourdes Kucek, de 64 anos. Nesta faixa etária, além de rugas, sulcos e flacidez, ocorrem também dobras na pele e perda da definição da mandíbula, com a pele do rosto se confundindo com a do pescoço, surgindo a desagradável papada de pele flácida sob o queixo. “O preenchimento facial age restabelecendo volumes e corrigindo sulcos e rugas. Como parte do processo, os sinais de beleza são criados ou restabelecidos, permitindo uma melhora da aparência” observa Alvaro Pansini, habilitado, com formação, treinamento e pós-graduações nesta área e especialista em Nutrologia (Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Nutrologia). O preenchimento e a toxina botulínica podem ser combinados, podendo ser utilizados complementarmente, sempre de forma minimamente invasiva, recuperando ou mantendo a autoestima principalmente da mulher, que já passa por alterações físicas e emocionais importantes durante e depois da menopausa. É evidente que o grau de satisfação dos pacientes esbarra em uma criteriosa avaliação da necessidade de se realizar uma cirurgia plástica ou não. Cabe ao profissional estabelecer os limites desse preenchimento. O médico é o profissional que indicará a melhor opção e possibilidade para cada caso. Porém, é importante que o paciente discuta suas expectativas e esclareça todas as suas dúvidas antes de se submeter a qualquer procedimento.
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