Aikido
Muito mais do que uma luta, esporte ou auto-defesa, o Aikido é uma arte japonesa que ensina às pessoas a ter auto-controle, equilíbrio e a atingir a paz
Quem procura o Aikido são policiais, arquitetos, universitários, médicos, adolescentes, pessoas da área tecnológica, engenheiros, professores e até donas-de-casa, pessoas comuns com o mesmo objetivo de, a cada dia, se tornarem melhores. Uma das mais importantes diferenças da técnica para outras artes marciais é a ausência total de competitividade. Esse é um dos fatores que fazem com que o Aikido venha conquistando a adesão de um público bem eclético. Segundo o Sensei (“aquele que chegou antes” ou, para o ocidental, o professor) Nereu Peplow, a intenção das pessoas que freqüentam os dojos é encontrar uma atividade que trabalhe o corpo e traga ao mesmo tempo autoconfiança e segurança.
Só que, ao conhecer e praticar a técnica, eles encontram muito mais do que isso, pois aprendem a disciplinar a mente, conquistam auto-controle e aprendem a fazer da humildade um estilo de vida, tornando-se pessoas mais abertas aos relacionamentos, amizades e trabalho. “O diferencial está na prática constante, que diminui o estresse, aumenta a paciência, a disciplina, a autoconfiança e foca valores como agradecimento e respeito”, explica o Sensei. Tais princípios passam a nortear o modo de vida, auxiliando o convívio social e o desenvolvimento físico e mental. A prática constante do Aikido transforma o próximo, normalmente visto como uma ameaça, em parceiro, e quando a ameaça se torna concreta, o Aikido a desfaz.
O analista de sistemas Eduardo Platas, de 40 anos, pratica o Aikido há seis anos. Ele, que é uruguaio, iniciou a prática em seu país e, quando veio morar em Curitiba, logo procurou voltar às aulas. O analista conta que tinha um temperamento mais agressivo e que buscou na técnica o aprendizado para controlar suas emoções. “Hoje sou mais calmo e posso perceber as conseqüências disso no meu dia-a-dia. Além do benefício físico, o Aikido consegue unir sua filosofia com a prática”, observa.
Para o dentista Wallace Gaspar, de 38 anos, o que levou à prática foi a intenção de fugir do estresse. “Como exige concentração e silêncio, o Aikido me deixa menos estressado, mais controlado e me sentindo melhor”, observa. A filosofia dessa arte com raízes milenares está em consonância com o conceito de saúde da OMS – Organização Mundial da Saúde, que a define como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença.
O beneficio físico também pode ser percebido no aumento da disposição, do bem-estar e no combate às dores e doenças em geral. Homens e mulheres de todas as idades podem ter acesso à técnica. Para a bióloga Lica Haseyama, 21 anos, a arte foi fundamental no seu período de estudos. “Fico mais energizada, mais disposta, mais calma e com o humor melhor, sem contar que passei a levar uma vida mais saudável”, comemora.
O professor
Advogado por formação e Sensei por vocação, Nereu Peplow tem 43 anos de experiência em lutas marciais, entre elas karatê, kung fu, jiu-jitsu, defesa pessoal, judô e taekwondo. Desde 1996 se dedica ao Aikido, por inspiração de KAWAI Sensei, de São Paulo, e na condição de Sensei desde maio de 1999.
Aikido x Estresse
É comum que muitas pessoas procurem lutas ou esportes para se “desestressar”. Entretanto, alerta o professor Nereu Peplow, “a maioria gera mais agressividade, pois estimula a competitividade, criando um círculo vicioso. Na prática do Aikido não existe vencedor nem vencido, pois o conhecimento das técnicas é usado apenas para defesa, desde que se faça necessária, evitando-se partir para agressão ao próximo, com o intuito de subjugar pela superioridade física”, ressalta. O instrutor lembra que “se não houver ataque não existe o Aikido. Da mesma forma que se não há movimento não há vida”. Os treinos são suaves e os movimentos, firmes e seguros. “Você aprende a cair sem se machucar, a se movimentar naturalmente e a não usar a força física”, detalha o Sensei.
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