Adeus 80kg
Felipe e Cristiane sairam da sombra do sobrepeso e ganharam saúde, felicidade e muito mais disposição
Quem conheceu o jovem casal de advogados Felipe e Cristiane Grazziotin há 4 anos, não os reconhece ao encontrá-los hoje. Juntos eles perderam 80 quilos, ele 50 e ela 30, e com isso ganharam uma vida nova, muito melhor do que a que tinham anteriormente. O alegre e falante casal conta que sempre viveram muito bem e que eram muito felizes no casamento. O problema é que ambos engordaram muito e, em consequência disso, a saúde dele começou a ficar comprometida e a autoestima dela despencou.
Felipe, que sempre gostou de esportes e os praticava com frequência durante a adolescência, foi ganhando peso gradativamente após entrar na faculdade, época em que devido à falta de tempo, tornou-se sedentário. “É uma questão matemática. Eu comia uma quantidade x e gastava y, continuei comendo x, sem gastar o y. É claro que engordei”, conta. E não foi pouco não, ele chegou a pesar 130 kg. “Eu já não usava mais sapatos com cadarços, porque não conseguia amarrá-los sozinho. Minhas filhas me pediam para brincar com elas e faltava disposição”, lembra o advogado.
Mas ele mesmo não se via como gordo. Achava-se forte e grande, mas não obeso. Tanto é que, ao ver suas fotos, não se reconhecia. Para Felipe, seu corpo não era aquele que ele via nas imagens. No entanto, ao contrário do que diz o ditado, “o que os olhos não veem, o coração não sente”, o de Felipe sentiu. Sua pressão arterial alcançou índices altíssimos e nem mesmo com medicamentos era possível controlá-la. Além de hipertensão, o jovem advogado descobriu que já estava com pré-diabetes e dislipidemia (aumento anormal da taxa de lipídios, ou seja, gorduras no sangue), a chamada Síndrome Metabólica, que é a associação de fatores de risco para as doenças cardiovasculares.
Foi só ao receber esse diagnóstico que Felipe despertou para a sua realidade e sentiu muito medo de morrer sem ver suas duas filhas crescerem. A orientação médica foi bastante clara: ele deveria perder peso rapidamente se quisesse reverter esse quadro. A resposta de Felipe foi: “quero uma solução já”. Como havia feito inúmeras tentativas de emagrecer, com dietas e até mesmo medicamentos, o médico lhe aconselhou a pensar sobre a cirurgia bariátrica, e foi o que ele fez. Aliás, não só pensou como de imediato procurou orientação profissional sobre o assunto.
“Qualquer que seja o grau de obesidade, tanto a quantidade como a qualidade de vida são afetadas, justamente pela maior prevalência de doenças associadas ou comorbidades, fatores que prejudicam a realização de tarefas diárias, dificultando e, muitas vezes, encurtando a vida do obeso. Porém, em geral são controladas com a perda de peso”, explica Dr. Paulo Nassif, cirurgião do aparelho digestivo.
No entanto, de mágico o procedimento não tem nada. “A cirurgia só tem resultados positivos quando o paciente muda seus hábitos de vida, alimentando-se equilibradamente, realizando exercícios físicos e buscando o acompanhamento constante da equipe multidisciplinar, composta por profissionais de várias áreas da saúde preparados para auxiliar nessa nova fase, evitando depressão, desnutrição ou ganho de peso”, complementa o médico.
Paciente disciplinado e disposto a colaborar com o tratamento, Felipe seguiu todas as orientações e teve um resultado incrível. Hoje pesa 80 kg, distribuídos em 1,84 m de altura, tem a pressão arterial controlada, assim como os demais índices de colesterol, glicemia e outros. “Adeus à obesidade, à falta de disposição, ao risco de diabetes e ao medo de morrer”, comemora Felipe.
Ao ver resultados tão animadores, Cristiane se convenceu de que com ela não poderia ser diferente e também resolveu operar. Cansada de brigar com a balança e viver frustrada por nunca chegar ao objetivo de perder peso sem voltar a ganhá-lo, ela buscava uma solução definitiva, pois, assim como o marido, já tinha feito tentativas incontáveis para emagrecer, até mesmo com o uso de medicações que lhe causavam efeitos colaterais indesejáveis.
Embora ela não sofresse com outras doenças associadas à obesidade, Cristiane tinha consciência que em breve elas viriam e, além disso, seu maior problema era sua baixa autoestima. “Eu mesma me impunha limitações. Era apática, não via graça nas coisas e sabia que isso afetava a vida de minhas filhas. Muitas vezes não queria sair, nunca aceitava ir à praia, pois não me sentia bem com meu corpo. Nem as fotos daquela época eu gosto de ver”, conta a advogada.
Após a cirurgia, sua vida também mudou para melhor. Os ponteiros da balança finalmente chegaram onde ela tanto desejava: os tão sonhados 54 kg. Além do corpo esbelto, a jovem, de 41 anos, recuperou a vontade e a alegria de viver. “Eu venci uma batalha que travava contra mim mesma”, comemora Cristiane. Tanto ela como Felipe sentem-se muito bem e alimentam-se em menor quantidade, de forma mais equilibrada do que antes. Ela, que sofria pela dependência ao doce, hoje se contenta com uma porção muito menor do que consumia, e ele conta aos risos: “eu e mais dois amigos operados comemos todos os dias em um restaurante de buffet livre. Por isso, fizemos um acordo com o dono e só pagamos a metade do preço, já que comemos muito menos”.
Entretanto, o melhor resultado foi na saúde e na perspectiva de uma vida melhor e mais duradoura, ao lado de suas filhas e das pessoas que amam, sem o medo dos problemas que a obesidade causa. Hoje, tanto um quanto o outro têm mais disposição e qualidade de vida. “O maior objetivo do tratamento cirúrgico da obesidade é a melhoria da saúde geral do paciente, nos aspectos físicos, emocionais e sociais permitindo que ele tenha uma vida normal, sem as limitações que a obesidade, muitas vezes, lhe traz. Com a perda de peso e o acompanhamento da equipe multidisciplinar, geralmente o operado tem uma grande melhora em todos esses aspectos”, explica Dr. Paulo Nassif.
“A cirurgia só tem resultados positivos quando o paciente muda seus hábitos de vida, alimentando-se equilibradamente, realizando exercícios físicos e buscando o acompanhamento constante da equipe multidisciplinar, composta por profissionais de várias áreas da saúde preparados para auxiliar nessa nova fase, evitando depressão, desnutrição ou ganho de peso.”
A solução é DEFINITIVA?
Que Felipe e Cristiane alcançaram esses objetivos ninguém duvida, mas a questão é: será que definitivamente? Afinal, alguns operados com o passar do tempo voltam a ganhar peso. O que garante que esse sucesso seja duradouro? Segundo Dr. Nassif, que vive o dia a dia na prática como coordenador dos serviços multidisciplinares de obesidade no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, no Hospital Nossa Senhora do Rocio em Campo Largo e no ambulatório do Hospital Santa Cruz em Curitiba, a obesidade é uma doença crônica grave que precisa ser monitorada, mesmo após a gastroplastia, redução de estômago. “É importante lembrar que a maior parte da responsabilidade pelo sucesso da cirurgia da obesidade está nas mãos do paciente já que, apesar de ser uma importante ferramenta no tratamento da doença, a cirurgia não é milagrosa. A perda de peso está amplamente ligada à mudança comportamental. Por isso, os pacientes operados que não seguem as orientações da equipe multidisciplinar poderão não alcançar o resultado ideal, ou mesmo após terem chegado ao peso adequado engordam novamente, porque aos poucos voltam aos velhos e maus hábitos de vida”, afirma o médico.
E é por isso que na casa de Felipe e Cristiane a palavra de ordem é determinação. Em fazer tudo conforme as orientações, deixando os 80 kg que perderam no passado, que hoje só são lembrados por fotos. E o futuro? Promete ser cheio de momentos felizes ao lado de suas lindas filhas, as grandes motivadoras desta busca por uma vida melhor.
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