Atividade Física

A cada braçada, os pulmões agradecem

Praticada no inverno em ambientes fechados, a natação é recomendação médica para pessoas que sofrem de doenças respiratória

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O analista financeiro Eduardo Gumiero, de 31 anos, tinha crises freqüentes de bronquite desde a infância. Por indicação médica, passou a praticar natação. Depois,  ficou um período sem nadar. De uns anos para cá, ele voltou a praticar com freqüência, tornando-se um triatleta.  “Sem dúvida, a natação melhorou muito minha capacidade respiratória, inclusive melhorando o meu desempenho na corrida e evitando as crises”, revela o esportista que, ocasionalmente, precisa usar a bombinha de ar quando pratica exercícios físicos fora da água. “Graças à natação, as crises ficaram cada vez mais espaçadas”, comemora.

O ambiente aquático possui princípios físicos, como a pressão hidrostática (força da água exercida sobre o corpo), que melhoram o sistema cardiorespiratório graças ao deslocamento sangüíneo das regiões periféricas para a região central do tórax, onde estão o coração e os pulmões. Estudos revelam que esta ação direta da pressão da água sobre o tórax aumenta em cerca de 60% o trabalho respiratório. Por isso, um dos grandes benefícios da natação é a prevenção de doenças respiratórias. A pressão hidrostática exige maior esforço para inspirar e expandir os pulmões, portanto, só o fato de estar com o corpo submerso já faz com que o praticante realize um fortalecimento da musculatura respiratória.

Crises controladas

Crianças com bronquite e asma brônquica podem ter a postura retraída. A natação ajuda a corrigir esses defeitos posturais e deformidades toráxicas, pois fortalece e alonga toda a musculatura de tronco, com conseqüente melhora pulmonar. “A musculatura do diafragma e os músculos da cintura escapular são exigidos constantemente durante os movimentos, conferindo ritmo e qualidade à respiração do praticante”, explica Fernando Amaral, educador físico e especialista em fisiologia pela Universidade de São Paulo (USP).

O caso da professora Iracema Pereira Alvarez, de 41 anos, é ainda mais impressioanante. Nas crises freqüentes de bronquite alérgica que sofria desde a infância, provavelmente desencadeadas por problemas emocionais e carências nutricionais, a professora chegava a ficar com os lábios roxos e as pontas dos dedos pretas. “Não tinha condições de nadar quando criança e só passei a praticar natação a partir de 14 anos de idade, quando entrei para o segundo grau, no Cefet”, conta. Na época, Iracema nadava duas horas e meia por dia, substituindo, assim, as aulas convencionais de educação física, que desencadeavam as crises. “Não fosse a natação, o ambiente úmido e quente da piscina e o meio saudável do esporte, não teria a qualidade de vida que tenho hoje, tanto física quanto emocionalmente”, acentua.  A natação foi tão importante para a saúde física e emocional de Iracema que ela resolveu devolver os mesmos benefícios a outras pessoas: há 20 anos, é professora de natação na Amaral.

Método auxiliar terapêutico

As pesquisas revelam que a natação é o exercício que menos induz ao broncoespasmo gerado por exercício. Crianças asmáticas que começaram a nadar reduziram o uso de medicamentos e de consultas ambulatoriais, melhorando as crises e a qualidade de vida.  É que os movimentos repetidos com os membros superiores trabalham a expansão da caixa torácica, facilitando a respiração da criança. Sem falar que o ambiente aquecido e úmido da piscina faz com que as secreções sejam eliminadas mais facilmente, substituindo a inalação. Assim, a natação, utilizada como método auxiliar terapêutico, vai agir de forma fundamental para diminuir ou acabar com as crises de falta de ar.

Apesar da notória fama da natação como terapia contra a asma e bronquite, ainda é comum as pessoas fugirem da piscina por causa do cloro químico, usado no tratamento da água. Realmente, os produtos que compõem o cloro de piscina podem causar rinite, sinusite, conjuntivite e até atrapalhar no tratamento das doenças respiratórias. Por esta razão, a Escola de Natação Amaral utiliza sal em vez de cloro para tratar a água, eliminando o problema. “Como a salinização tem custo maior, ainda existem locais que usam cloro nas piscinas”, alerta o educador Fernando Amaral.

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