Parto humanizado domiciliar: quando fazer essa opção?
Uma matéria exibida no Fantástico, no mês de junho, reacendeu a polêmica sobre os prós e contras do parto domiciliar. O barulho foi tão grande que desencadeou o movimento “Marcha do Parto em Casa”. O evento que serviu para defender, relembrar
Uma matéria exibida no Fantástico, no mês de junho, reacendeu a polêmica sobre os prós e contras do parto domiciliar. O barulho foi tão grande que desencadeou o movimento “Marcha do Parto em Casa”. O evento que serviu para defender, relembrar e chamar a atenção para a importância da humanização do parto foi, ao mesmo tempo, uma resposta arbitrária ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, que enviou denuncia ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo contra o médico obstetra Jorge Francisco Kuhn, por defender na reportagem o parto humanizado domiciliar.
“Acho que esse é um momento mágico e o hospital expõe o bebê a um ambiente muito hostil. Nada se compara ao aconchego e à intimidade que se tem dentro de casa”, defende Maria Gloss (41), que tem um filho de 22 anos de idade e está grávida de um bebê de dois meses. O primeiro, até por falta de opção nasceu em um hospital, mas o segundo “se der tudo certo vai nascer em casa”, conta ela entusiasmada.
O médico ginecologista e obstetra em Curitiba, Dr. Carlos Miner Navarro, entende a preocupação das mães e sabe da importância de proporcionar um ambiente adequado ao bebê na hora de nascer. Defensor e divulgador do parto humanizado, ele realiza partos normais naturais, como de cócoras, na água, e domiciliar. Porém, neste último caso, faz algumas ressalvas: “este tipo de parto só é aceitável se a mulher for sadia e a gravidez de baixo risco, diz ele, lembrando que na Holanda até 50% dos partos são domiciliares.
Navarro esclarece que realiza partos em domicílio somente naquelas gestantes acompanhadas por ele durante toda a gravidez. “Assim, eu indico ou contra-indico esse tipo de parto. Não pode ser algo generalizado”. O médico também não indica esse procedimento para mulheres que fazem o pré-natal pelo Sistema Único de Saúde. Isso porque, segundo ele, neste caso o profissional que fará o parto não será o mesmo que acompanhou o processo de gravidez da gestante.
# marcha do parto em casa
Parto humanizado hospitalar
O obstetra Carlos Miner Navarro ressalta que as mães devem sempre cobrar um parto mais humanizado nos hospitais, pois não há motivos para determinadas intervenções, como, por exemplo, deixar a criança no berçário. “Ela fica estressada chorando no berçário. Não há motivos para separar a mãe da criança logo após o seu nascimento. Pelo contrário, ficar no colo da mãe nesse momento melhora a segurança do bebê e o vínculo entre os dois.”
É importante ressaltar que a Lei do Acompanhante (11.108 de 2005), garante para as usuárias do SUS o direito de serem acompanhadas por alguém de sua escolha no pré-parto, parto e pós-parto. “Infelizmente, na prática a lei não é respeitada e os estabelecimentos a descumprem, alegando falta de espaço e condições de receber homens no ambiente do parto. Medidas simples como permitir que a mulher em trabalho de parto tenha ao seu lado uma pessoa de sua escolha para lhe dar carinho faz a diferença entre uma lembrança de parto boa ou ruim.”
Riscos
O ginecologista e obstetra, Dr. Claudio Basbaum, é defensor do parto humanizado, mas diz que apesar do parto em casa passar a sensação de intimidade e aconchego, ele não oferece a segurança indispensável em situações imprevistas de emergência. “Já participei de várias situações dramáticas durante um trabalho de parto, que expunham mãe e bebê a riscos de lesões ou mesmo de morte e que, graças aos recursos médico-hospitalares, pudemos solucionar, na sua maioria.”
Porém, uma recente pesquisa realizada na Holanda e publicada em uma respeitada revista científica britânica mostra que após a análise de quase 530 mil partos de gestantes de baixo risco, a conclusão é de que o nascimento de um bebê em casa não apresenta risco de mortalidade para a mãe ou para a criança maior que o parto hospitalar, desde que haja planejamento para uma eventual emergência e o mínimo de estrutura.
E você? Concorda com o parto humanizado domiciliar?
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