Odontogeriatria

A odontologia que vai até quem não chega

Problemas de locomoção, idade e as mais variadas dificuldades não são mais motivos para adiar um atendimento odontológico qualificado

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Quem disse que os idosos não precisam cuidar da saúde bucal? Pois fique sabendo que este é um passo importantíssimo para evitar não só os problemas sistêmicos, mas também melhorar as condições de saúde geral, o bem-estar e a reintegração na sociedade. E desculpas como a falta de  tempo para levar seus pais, que já são idosos, até o consultório, ou a falta de paciência, não existem mais. Alguns dentistas vêm se especializando cada vez mais para realizar o tratamento odontológico na casa dos pacientes. É o caso  dos profissionais da clínica da dentista Mariele Pototski Amenábar, uma das únicas dentista no Brasil com Mestrado em Odontogeriatria.

Durante seu treinamento nos Estados Unidos, ela foi responsável pelo Serviço de Odontologia da Presbyterian Homes of Roseville (em Minnesota), uma das melhores residências para idosos daquele país. Quando voltou ao Brasil, decidiu aplicar todo o seu conhecimento com os idosos daqui. “Compreendemos as dificuldades das famílias em deslocar o idoso até o consultório e não queremos que deixem de cuidar da saúde bucal por isso. Foi então que decidimos ir até eles. Afinal, a maioria dos nossos equipamentos é transportável, o que permitea que o procedimento seja feito no conforto do lar”, afirma a dentista.

O resultado do atendimento tem dado tão certo que grande parte dos pacientes chega à clínica por indicação de outras famílias. “O nosso serviço engloba também pacientes em variadas condições físicas e mentais, como doença de Alzheimer, Parkinson, pacientes cadeirantes, deficientes visuais, entre outros. Nossa missão é levar atendimento odontológico de qualidade, com ética e profissionalismo, para aqueles que não podem ir até o ambiente tradicional”, acentua Dra. Mariele.

Mas para atender esses idosos é necessário muito mais do que experiência e técnicas da Odontologia. “Para ter bom resultado, um tratamento precisa de atenção, que vai além da perícia técnica e inclui valores pessoais e essenciais para se relacionar com as pessoas. É preciso respeitar os limites, conversar bastante e fazer o atendimento com muita dedicação e carinho. Hoje, eu já consigo perceber se o paciente está disposto ou não. Em algumas ocasiões, tenho que deixar o procedimento para a próxima consulta. São pouquíssimos os casos em que temos que trazê-los até o consultório; geralmente, conseguimos fazer os tratamentos em domicílio”, conta a dentista.

O trabalho do profissional é muito mais positivo quando ocorre o envolvimento da família do paciente, pois são necessários determinados cuidados, tanto na manutenção do tratamento como na observação do bem-estar dessas pessoas na faixa de idade mais avançada.

Um casal unido no cuidado com o sorriso

A história de Hulda, de 73 anos, e Mario Alvarenga, de 75, não é apenas uma verdadeira demonstração de amor, mas também um exemplo de cuidados com a saúde. Quando Mario foi diagnosticado com mal de Parkinson, depois de um acidente de carro em 1983, a vida do casal começou a mudar. “Foram vários anos tentando controlar a doença. Na época, morávamos em Londrina e nos mudamos para Balneário Camboriú para que ele pudesse levar uma vida mais tranquila. Os cuidados com sua saúde eram diários, ele estava ficando cada vez mais debilitado, até que, em uma consulta com meu psiquiatra, ele recomendou que procurássemos um lar para idosos. Visitamos vários, em diversas regiões, mas nenhum me agradava. Foi quando um amigo da minha filha falou sobre um lar em Curitiba. Fomos visitar e adoramos, só que eu não o deixaria sozinho, então me mudei junto”, lembra Hulda.

Os dois chegaram ao lar em 2010. A doença de Mario foi se agravando, mas Hulda prestava atenção em cada detalhe do marido, inclusive as condições da sua boca. “Mesmo sem ter certeza de que ele estava com algum problema bucal, sabia que já estava mais do que na hora de uma visita ao dentista. Só que não conhecia nenhum profissional que atendesse em casa, e tirá-lo ele do lar seria muito trabalhoso. Perguntei para a enfermeira e ela falou que a Dra. Mariele ia até o lar para atender alguns pacientes. Marquei a consulta e logo na primeira visita gostei muito da doutora e do trabalho dela. Os dentes do meu marido ficaram muito limpinhos”, diz.

Dra. Mariele explica que a limpeza bucal ajuda a prevenir e evitar a formação de tártaro, cáries, gengivite e a periodontite. Uma saúde bucal satisfatória ajuda a evitar infecções do trato respiratório, especialmente em pacientes debilitados, pois muitas vezes estes aspiram conteúdo bacteriano bucal, vindo a afetar órgãos vitais. Pessoas com doença de Parkinson, demências e pós-acidente vascular cerebral (AVC) são de alto risco para desenvolver pneumonia. Por isso é tão importante que as famílias tenham a mesma consciência de Hulda, de que é fundamental continuar a cuidar da boca, mesmo na terceira idade”, frisa a dentista.

“Combinei com a Dra. Mariele para ela vir mensalmente consultar meu marido. Ela fala que a boca dele é mais cheirosa do que a de muita gente que pode frequentar o consultório. A doutora é uma pessoa muito abençoada, porque sabemos que não é fácil lidar com idosos, principalmente com os que têm problemas, mas é lindo ver a atenção dela, o cuidado, a simpatia e o carinho que tem conosco”, conta Hulda, que mesmo tendo medo de dentista, se rendeu aos encantos de Mariele e agora também está cuidando dos dentes. Ela continua ativa, faz viagens e não descuida da saúde.

A dentista ressalta que a Odontologia está focada na prevenção, trabalhando para tornar os tratamentos cada vez mais seguros, confortáveis e também acessíveis. Para isso, o fundamental é que o paciente tenha informação sobre a importância da função da boca e dos dentes e busque um profissional antes dos problemas começarem.

“Meu sonho era comer uma maçã”

Foi assim que Dinah Moraes Sant’Anna Ramos, de 75 anos, começou a sua busca por um tratamento odontológico. Depois de morar por muitos anos no norte do Paraná, ela perdeu a maioria dos dentes e teve que se acostumar com a dentadura. “Antigamente era assim, quando tínhamos dor de dente, a solução era arrancá-los”, lembra Dinah. Mas a vontade de poder comer uma deliciosa maçã não desaparecia e, depois de muitos anos morando em Curitiba e de várias passagens por dentistas, ela finalmente conseguiu os dentes que queria. “Minha filha conseguiu a indicação da Mariele. Senti tanta confiança no trabalho dela que decidi,  então, cuidar do meu sorriso”.  A dentista revela que, inicialmente, Dinah decidiu colocar apenas dois implantes e fazer uma prótese removível, devido ao medo de uma cirurgia na sua idade. Porém, quando adquiriu confiança, ela mesma pediu para fazer os outros implantes, pois queria que sua prótese ficasse fixa para, finalmente, poder comer a tão sonhada maçã.

“Foi quase um ano de tratamento, mas tudo muito tranquilo. É impressionante a segurança que a doutora, junto com seu marido, o Dr. José Miguel, consegue nos passar. Além de grandes profissionais, eles são excelentes pessoas. O resultado ficou ótimo, meu esposo ficou impressionado, pois ele não acreditava que ficaria tão bom”, diverte-se a encantadora senhora. Quando perguntada sobre a a primeira coisa que fez depois do tratamento, a resposta estava na ponta da língua: “comer  maçã”, comemora.

Agora, ela faz apenas a manutenção de seis em seis meses e não descuida em casa também. “Uso pasta e escova de dentes especiais. Não foi só o meu sorriso que melhorou, mas também a minha vaidade, disposição e saúde. Isso já tem quatro anos e, mesmo depois de um câncer, sentia vontade de cuidar de mim. Fiz o tratamento na hora certa”, afirma.

A família dela acompanhou de perto e ficou tão encantada com o resultado que agora todos viraram pacientes da clínica também. “Eu já virei amiga da família toda, pois o idoso é referência para os mais jovens. Se ele se sente seguro, vira cliente fiel e indica para aqueles que estão à sua volta. Hoje atendo a filha, o genro e os netos de Dinah”, diz Dra. Mariele.

Dinah se consulta com a dentista há quatro anos e, como a clínica fica muito próxima da sua residência, ela prefere ir até o consultório. “Mas sei que quando precisar, posso contar com o atendimento da Dra. Mariele aqui em casa. Isso é mais uma das grandes vantagens em de consultar com ela”.

As pessoas da terceira idade estão cada vez mais vaidosas e não abrem mão disso. “Tenho pacientes de 78 anos que fazem clareamento e conquistam um sorriso mais jovem”, conta a dentista. Seja no consultório, em casas de repouso, domicílios ou hospitais, o atendimento odontológico é cada vez mais possível e tem melhorado a qualidade de vida dos pacientes.

 

Equipe com formação qualificada

Dra. Mariele Pototski Amenábar formou-se no ano 2000, pela Universidade Tuiuti do Paraná.  No mesmo ano, mudou-se para os Estados Unidos, onde realizou cursos de Dentística Restauradora, Especialização em Odontogeriatria e Mestrado em Odontogeriatria, todos na Universidade de Minnesota. Em 2009, concluiu o curso de Especialização em Dor Orofacial e Disfunção Temporomandibular, todos amplamente requisitados pelo público especial que atende.

Outro profissional que compõe a equipe é o Dr. José Miguel Amenábar, marido da Dra. Mariele. Ele possui vasta experiência na área de medicina bucal, atendimento odontológico para paciente com problemas sistêmicos, cirurgia bucal menor, periodontia, implantodontia e odontologia domiciliar. É especialista em Periodontia, mestre em Gerontologia Biomédica, doutor em Estomatologia e professor do Curso de Odontologia da UFPR.

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