Bem Estar

O que mesmo eu tinha que fazer?

Veja como a neuropsicologia pode ajudar você a estimular sua atividade cerebral para conquistar maior autonomia e independência nos dias de hoje

Alguma vez você já esqueceu de tomar seus remédios diários ou deixou passar despercebido um compromisso inadiável? Muitas vezes, para não esquecer de algo importante, temos o costume de anotar na agenda – e até mesmo gravar no celular – para não correr o risco de magoar alguém ou frustrar-se sozinho por ter deixado algo para trás. Porém esses são indícios de que a atividade cerebral do paciente está afetada e precisa de cuidados.

“Esquecimento, falta de atenção, atrapalhos na vida diária, dificuldade na aprendizagem, alteração na linguagem e comportamentos inadequados são alguns dos sinais que surgem em diferentes fases da vida e devem ser observados com atenção, para evitar problemas e doenças mais graves”. Quem nos alerta é a psicóloga Dra. Elciane Lipski, que possui especialização em Neuropsicologia e Reabilitação Neuropsicológica pela USP, pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional e é especialista em Educação Especial.

A neuropsicologia é a área da saúde que trabalha avaliando e tratando a relação entre comportamento, cognição e emoção, com o objetivo de desenvolver potencialidades, ou outros recursos que compensem as áreas em defasagem. Tudo começa com o neuropsicólogo, profissional que pode, com base, diante de queixa do paciente, aplicar testes de inteligência, atenção, memória, planejamento, compreensão visual, auditiva e outros, e assim dar início ao plano de tratamento, as vezes em conjunto com o neurologista ou psiquiatra. “O mais importante é trabalhar de maneira preventiva para melhorar a organização mental do paciente, estimulando as atividades cerebrais e prolongando sua autonomia e qualidade de vida”, explica a profissional.

A aplicação

Silmara Aparecida A. de Alencar, 40 anos, procurou um neuropsicólogo pois tinha dificuldades para aprender na prática os cursos profissionalizantes que fazia para aprimorar sua carreira. “Sou maquiadora e cabeleireira e percebi que não conseguia guardar aquilo que recém-havia aprendido. Fiz uma avaliação com a Dra. Elciane, e meus testes mostraram que eu conseguia resgatar apenas 20% daquilo que aprendi. Passei então a vir até o consultório duas vezes por semana, e desenvolvemos técnicas que foram vitais para a organização do meu trabalho”, relata.

Esses testes são padronizados para a população brasileira e abordam a inteligência, memória e outras aptidões, todos aplicados de forma qualitativa (de observação) e alguns deles também tem uma referencia quantitativa, ou seja, é comparada com a média esperada para a idade do paciente, podendo julgar se está dentro do esperado ou há dificuldade ou facilidade em cada área. Dra. Elciane ressalta que a aplicação se dá para pacientes de todas as faixas etárias, porém a maior preocupação é com os idosos: “A família procura a neuropsicóloga quando o idoso comportamentos muito preocupantes como o de esquecimentos simples e falta de memória para novas aprendizagens que, são indicativos da doença de Alzheimer, outros comportamentos que não ocorriam e agora ocorrem também podem ser indicativos de outras patologias, por exemplo”.

Em determinadas situações, a pessoa tem sua capacidade cognitiva afetada e pode deixar de fazer algo que gosta ou que sente prazer, passando a mudar seus comportamentos, qualidade na linguagem e até mesmo o relacionamento com pessoas próximas. Mas a neuropsicologia vem para auxiliar nesse tratamento. “Mesmo depois do diagnóstico, alguns pacientes não conseguem reabilitar funções cognitivas afetadas, memórias, mas podemos aplicar técnicas e estratégias que compensem, para que eles não esqueçam dos compromissos importantes, como seus remédios, a data do aniversário dos filhos e outros”, evidencia a neuropsicóloga.

Silmara relata que, após o trabalho com a neuropsicóloga, já consegue hoje se organizar com as ferramentas necessárias para pôr em prática aquilo que aprendeu. “Parece simples, porém eu sofria muito quando atendia uma cliente em casa e esquecia de levar alguma coisa. Com as técnicas que aprendi, consigo me organizar perfeitamente para não me frustrar como antes”.

Doutora Elciane destaca que a neuropsicologia pode ajudar pacientes de todos os perfis e também aqueles com níveis elevados e altas habilidades. “Também atendo empresários e profissionais que apresentam dificuldades de armazenar novas informações, pois assumiram cargos novos, até vestibulandos e concurseiros. Todos podem treinar suas capacidades com a neuropsicologia e canalizar suas habilidades a seu favor”, conclui.

Crianças também precisam de atenção

O pequeno Lucas Gazal Valencio, 6 anos, tinha dificuldades na alfabetização. “Ele sempre esquecia as lições, as explicações da professora e não conseguia aprender a ler. Eu sofria por ele, pois notava que estava com a autoestima baixa”, relembra a mãe, Patrícia. Após testes e avaliações com a neuropsicóloga, foi observado algumas áreas abaixo da média para sua idade e lhe foi recomendado um plano de tratamento em conjunto com o neurologista e fonoaudiólogo. “Eu sem querer comparava meus dois filhos (Lucas, de 6, e Pedro, de 10). Com o diagnóstico em mãos, passamos a trabalhar dia após dia, tanto em casa quanto nas consultas. Foram dez meses de acompanhamento para que chegássemos a nosso objetivo: Lucas já lê livros e escreve pequenas histórias, está indo cada vez melhor na escola e sabemos que a partir de agora ele irá só melhorar. Graças à neuropsicologia, meu filho vai conseguir sanar todas as dificuldades até o fim do ano!”, assegura Patrícia.

A neuropsicologia pode contribuir para:

• Dificuldades para aprendizagem e organização de vida e carreira
• Sinais de esquecimento e perda de memória
• Problemas de ansiedade e comportamento de crianças
• Linguagem inadequada de adultos e idosos
• Comportamentos inadequados em locais públicos e privados
• Autonomia e independência para idosos
• Diagnósticos de AVC, Doença de Alzheimer, Parkinson, entre outras
• Pacientes com dificuldades para assumir novas carreiras

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