Se não me lembrar de você, por favor não me esqueça
Mal de Alzheimer, cada vez mais presente em nosso meio. O que é? E como cuidar de nossos idosos?!
Alzheimer é o nome de um médico alemão, Alois Alzheimer que em 1906, ao fazer uma autópsia, descobriu lesões que ninguém nunca tinha visto antes. Tratava-se de um problema de dentro dos neurônios (as células cerebrais), os quais apareciam atrofiados em vários lugares do cérebro, e cheios de placas estranhas e fibras retorcidas, enroscadas umas nas outras. Desde então, esse tipo de degeneração nos neurônios ficou conhecido como Placas Senis, característica fundamental da Doença de Alzheimer.
Em todo o mundo existem cerca de 17 e 25 milhões de portadores de Alzheimer, o que representa um enorme porcertual do conjunto de doenças que afetam a população geriátrica. De acordo com o Neurologista Dr. Giorgio Fabiani, membro da Academia Brasileira e Americana de Neurologia e da Movement Disorders Society não se pode afirmar o número exato de pessoas atingidas pela doença no Brasil. “A incidência aumenta rapidamente graças ao envelhecimento da população. É uma bomba pronta para explodir! Em um futuro próximo serão milhões de brasileiros com demência que vão precisar de atendimento neurológico e gastos elevados com medicações”, afirma o neurologista.
O Mal de Alzheimer deteriora algumas regiões do cérebro, que alteram o comportamento físico, mental, a linguagem, entre outros, levando a demência. Segundo Dr. Giorgio a doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, ele explica que demência é o termo usado para descrever o déficit cognitivo progressivo e irreversível que interfere nas atividades do dia a dia. “O Alzheimer é uma doença degenerativa incurável, lenta e progressiva que afeta principalmente a memória recente, há alterações de comportamento, alterações no ritmo do sono entre outros”, explica o especialista. Cada paciente sofre a doença de forma única. Os primeiros sintomas são muitas vezes falsamente relacionados com o envelhecimento natural e estresse.
As causas da Doença de Alzheimer ainda não são conhecidas, mas sabe-se que existem relações com certas mudanças nas terminações nervosas e nas células cerebrais que interferem nas funções cognitivas. O sintoma primário mais notável é a perda de memória recente, “A pessoa com Alzheimer começa a esquecer nomes, senhas, nomes de objetos, compromissos, rotas a seguir, gás e água ligados. Em alguns casos ocorrem alterações no sono e no comportamento além de depressão”, declara Dr. Giorgio.
Sinais de alerta
Você já ouviu alguém próximo a você dizendo frases como “Eu vivo me esquecendo…”, “Não me lembro onde deixei tal coisa”. São esses os tipos de queixa que se ouve, às quais geralmente os amigos e familiares reportam como “coisas da idade”. Se alguma pessoa de suas relações esquecer o caminho de casa ou não se lembra de jeito algum, ou só com muito esforço, de um fato que aconteceu, procure um médico. Pode não ser algo importante, mas pode ser também um início da Doença de Alzheimer que não tem cura, mas cujo tratamento precoce atrasa o desenvolvimento da doença, produz alguma melhora na memória, torna mais compreensível as mudanças que vão ocorrer na pessoa e melhora a convivência com o doente.
Quando a suspeita recai sobre o mal de Alzheimer o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos e radiológicos. O neurologista Dr. Giorgio Fabiani explica que o diagnóstico é feito através de uma amnese do paciente. “É feita avaliação neuropsicológica, exames de sangue e tomografia ou ressonância do crânio”, explica.
Com o avançar da doença aparecem sintomas como confusão mental, agressividade e irritabilidade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória e a pessoa começa a se desligar da realidade. A pessoa com Alzheimer perde a capacidade de dar atenção a algo, perde a flexibilidade de pensamento, também é notada certa desorientação de tempo e espaço. A pessoa não sabe onde está nem em que ano está, em que mês ou que dia. A doença vai-se desenvolvendo por um período indeterminado de tempo e pode manter-se não diagnosticada e assintomática durante anos.
Com o passar dos anos, conforme os neurônios morrem e a quantidade de neurotransmissores diminuem, aumenta a dificuldade em reconhecer e identificar objetos. A memória do paciente não é afetada toda da mesma maneira. As memórias mais antigas, a memória semântica e a memória implícita (memória de como fazer as coisas) não são tão afetadas como a memória a curto prazo. Os problemas de linguagem implicam normalmente a diminuição do vocabulário e a maior dificuldade na fala, que levam a um empobrecimento geral da linguagem.
Fases da doença
Dr. Giorgio Fabiani diz que a doença de Alzheimer se baseia em três fases distintas. A fase leve ou inicial intermediaria ou moderada e a fase avançada ou final. Na fase inicial, o paciente ainda consegue comunicar idéias básicas. A pessoa pode parecer desleixada ao efetuar certas tarefas motoras simples devido a dificuldades de coordenação.
Na fase intermediária a degeneração progressiva dificulta a independência. A dificuldade na fala torna-se evidente devido à impossibilidade de se lembrar de vocabulário. Progressivamente, o paciente vai perdendo a capacidade de ler e de escrever e deixa de conseguir fazer as mais simples tarefas diárias. Durante essa fase, os problemas de memória pioram e o paciente pode deixar de reconhecer os seus parentes e conhecidos. A memória de longo prazo vai-se perdendo e alterações de comportamento vão-se agravando. As manifestações mais comuns são a apatia, irritabilidade e instabilidade emocional, chegando ao choro, ataques inesperados de agressividade ou resistência à caridade. Aproximadamente 30% dos pacientes desenvolvem ilusões e outros sintomas relacionados.
Durante a fase final do Mal de Alzheimer, o paciente está completamente dependente das pessoas que tomam conta dele. A linguagem está agora reduzida a simples frases ou até a palavras isoladas, acabando, eventualmente, em perda da fala. Apesar da perda da linguagem verbal, os pacientes podem compreender e responder com sinais emocionais. No entanto, a agressividade ainda pode estar presente, e a apatia extrema e o cansaço são resultados bastante comuns. Os pacientes vão acabar por não conseguir desempenhar as tarefas mais simples sem ajuda. A sua massa muscular e a sua mobilidade degeneram-se a tal ponto que o paciente tem de ficar deitado numa cama; perdem a capacidade de comer sozinhos. Por fim, vem a morte, que normalmente não é causada pelo Mal de Alzheimer, mas por outro fator externo.
De acordo com Dr. Giorgio o tratamento para a doença de Alzheimer consiste apenas em melhoras para transmissão neuronal. As drogas disponíveis no mercado são: Rivastigmina, Donepezila, Galantamina e Memantina. Nenhuma cura a doença e nem impede a sua progressão, apenas lentifica a velocidade de progressão da doença.
Apesar de tratar-se de uma doença predominantemente senil, essa questão deve preocupar também o público de qualquer idade porque, num futuro próximo, esses números passarão a fazer parte das perspectivas de vida daqueles que hoje são ainda jovens. Até hoje, a Doença de Alzheimer continua sendo uma síndrome de causa desconhecida e incurável. Mas, nos últimos anos as perspectivas em relação à Doença de Alzheimer têm sido abordadas com certo otimismo realista, tendo em vista as possibilidades de a ciência retardar os sintomas da enfermidade.
A medicina está começando a detectar os sinais da doença décadas antes dela surgir. Estamos muito próximos de começar ensaios clínicos dirigidos a evitar que se produzam as primeiras lesões cerebrais da doença, as quais têm início em torno dos 40 anos. Além disso, as pesquisas genéticas parecem deixar claro que, se a pessoa possui alguns genes defeituosos, poderá ter a Doença de Alzheimer no futuro. Com modernas técnicas de pesquisa genética já se vislumbra a possibilidade de saber se a pessoa vai ou não ter, desde os 20 anos de idade, a Doença de Alzheimer na senilidade.
Autópsias no cérebro de pessoas que morreram de Alzheimer mostram que essas placas, ao se acumular em áreas corticais, destroem os neurônios, levando à degeneração cerebral irreversível.
O teste mais promissor, em processo de aprovação no FDA (agência americana para o controle de alimentos e remédios), consiste em injetar no sangue um contraste que, por meio de tomografia computadorizada, torna visíveis as placas da proteína beta-amiloide, que parecem desencadear a doença. Quanto menor a quantidade, maior a chance de desenvolver Alzheimer. Isso porque, na doença, a proteína migra do sangue (ou do líquido espinhal) para o cérebro.
Havendo prejuízo mais severo da memória e da atenção, os botões devem ser cobertos, o registro do gás deve ser desligado quando o fogão estiver sem uso, da mesma forma que os aquecedores e fornos microondas devem ser desligados da tomada quando não estiverem sendo usados. Esse mesmo raciocínio de dificultar o uso indevido deve ser aplicado em relação aos ferros elétricos, torradeiras, liquidificadores, ferramentas e outros equipamentos elétricos.
Nas casas com aquecimento de água central, é importante que a temperatura seja regulada abaixo dos 39 graus. O paciente pode se queimar no momento de misturar água quente e fria para o banho. Trancas e chaves pelo lado de dentro das portas devem ser removidas para facilitar o acesso dos familiares a esses cômodos. O acesso à banheira e piscina devem ser fechados.
Dirigir é perigoso para pessoas com a Doença de Alzheimer, mesmo no início do quadro. Exercícios regulares também ajudam a diminuir a impaciência, além de ajudar dormir melhor. Caminhar é uma boa maneira do paciente com Doença de Alzheimer se exercitar.
Assim como as refeições podem se transformar num excelente exercício de ressocialização, também os cuidados higiênicos com barba e cabelo podem ser mais bem aproveitados. Havendo condições, a ida a barbeiros e cabeleireiros é sempre desejável.