Do manequim 50 para o 40
Mais do que o manequim, a vitória é da saúde contra a doença
Você faz ideia do que é viver se isolando do mundo por achar que é inferior as demais pessoas? Consegue imaginar o que é fugir de sua própria imagem? Ou ainda, perder uma vaga de emprego porque está acima do peso?
Pois acredite, muitas vezes essa é a realidade de pessoas que sofrem com o mal da obesidade, e olha que não são poucas.Segundo estudos de pesquisadores do Imperial College London e da Universidade de Harvard, um em cada dez adultos no mundo está acima do peso. No Brasil, de acordo com o IBGE, cerca de 40% da população tem sobrepeso e outros 11% já são classificados como obesos.
Mas essas dificuldades sociais, psicológicas e profissionais que a obesidade causa são apenas uma parcela dos males da doença. Os quilos a mais geralmente trazem com eles outras complicações, como hipertensão arterial, diabetes tipo 2, dislipidemia, esteatose hepática, coronariopatias e doenças articulares.
“Está comprovado que a obesidade tem forte associação com essas doenças e, justamente por isso, a expectativa e a qualidade de vida dos obesos são significativamente afetadas”, explica Dr. Paulo Afonso Nassif, cirurgião do aparelho digestório.
Diferente do que algumas pessoas pensam, a obesidade não é uma condição de falta de força de vontade ou de acomodação. Ela é uma doença que afeta a pessoa nos seus aspectos físico, psíquico e social e que exige ajuda médica especializada, tratamento multiprofissional e mudanças de hábitos de vida.
Entretanto, não são raras as histórias de pacientes obesos em que apenas os tratamentos clínicos convencionais (dietas, medicamentos e programas de exercícios físicos) não funcionam ou não são duradouros.
Para esses casos de insucesso de tratamentos, bem como os quadros em que a obesidade causa riscos devido às doenças associadas, há indicação para a cirurgia bariátrica.
“O benefício da cirurgia bariátrica, para os obesos que têm indicação, é que ela promove uma acentuada e duradoura perda de peso, reduzindo as taxas de mortalidade e resolvendo, ou pelo menos minimizando, uma série de doenças associadas à obesidade grave”, explica Dr. Paulo.
Porém, trata-se de uma decisão importante que deve ser muito bem avaliada, tanto pela equipe médica como pelo paciente. Afinal, o resultado dependerá da somatória de esforços das duas partes. De um lado a equipe multiprofissional em realizar todos os exames necessários, informar e dar o suporte ao paciente e, de outro, o paciente que deverá seguir as orientações dessa equipe, mudar seu estilo de vida e preservar seus hábitos saudáveis após a perda de peso.
Antes x Depois
Mas afinal, como é a vida após a cirurgia? Essa é a grande pergunta que muitos obesos fazem quando são indicados para o procedimento. Para entendermos melhor o que se passa na vida de um paciente operado, adotamos dez pontos de comparação e os apresentamos à Marina de Fátima Moura, depiladora de 53 anos, que foi submetida à cirurgia bariátrica há cerca de um ano. Observe no box ao lado e veja quais as mudanças que ela relata em sua vida.
“Eu já era gordinha desde menina e minha guerra contra a balança começou muito cedo. Hoje, me sinto bem comigo mesma, sou outra pessoa, sou feliz”, conta Marina Moura.
Saúde, bem-estar e autoestima renovados
A vida de Marina não andava fácil. Ela já estava acostumada a batalhar contra os ponteiros da balança, mas após três gestações e a chegada da menopausa precoce, a situação ficou ainda mais alarmante. De gordinha, Marina passou à obesa! E a condição, que nunca a deixou confortável, tornou-se algo terrível, passando de um capricho estético para um prognóstico de um futuro bem mais difícil.
Em sua sala de trabalho, Marina estava sempre rodeada de espelhos por todos os lados, pois trabalha em um centro de estética, e ainda assim passava dias e dias sem se olhar, porque nunca gostava do que via. Das fotos então, há tempos fugia. Pouco a pouco o isolamento social também foi acontecendo, deixando de ir aqui ou ali em virtude de sua situação de obesidade.
Além disso, a depiladora também começou a apresentar complicações de saúde. Hipertensão, diabetes, depressão e as dores nos joelhos foram as principais causas dos seus pesadelos nos últimos anos. “Eu sentia muito medo do meu futuro”, comenta.
Mas Marina não era acomodada e não se cansava de buscar solução para vencer a briga com a balança. Por isso, embora abatida, ela jamais desistia de alcançar seu objetivo: emagrecer e ficar de bem com ela mesma. Dietas, restrições alimentares, tratamentos naturais, programas de exercícios físicos, enfim, ela tentou de tudo e os fracassos foram muitos.
Até que percebendo esse insucesso, somado aos resultados ruins que seus exames apresentavam, a nutricionista que a acompanhava a encaminhou para uma avaliação da cirurgia bariátrica. “Minha vida mudou a partir daquele dia. Eu vi esperança para mim”, conta.
Isso porque ela se convenceu de que a cirurgia seria a melhor indicação e realmente tomou consciência de que sua vida mudaria muito, uma vez que o procedimento restringe a quantidade de alimentos consumidos e proporciona o emagrecimento. “Eu precisava aproveitar o impulso que a cirurgia daria para finalmente mudar meus hábitos”, lembra Marina.
Decidida, ela levou isso a sério, cumprindo com todas as orientações que a equipe multiprofissional lhe forneceu durante todo o processo pré-cirúrgico. Como resultado, nasceu uma nova mulher. Bela, autoconfiante, motivada, livre de qualquer preconceito, disposta e com uma saúde de dar inveja, já que a depressão, a hipertensão, o diabetes e até mesmo as dores nos joelhos ficaram para trás. De quebra vieram os elogios do marido, dos filhos, netos, clientes e colegas de trabalho. Afinal, não há quem não perceba como ela está diferente: muito mais alegre e bonita.
“Esse é o principal objetivo da cirurgia bariátrica, proporcionar saúde e melhoras na vida emocional, social e profissional através do emagrecimento, para pessoas que sofrem com as complicações que a obesidade traz consigo”, finaliza o cirurgião Dr. Paulo Nassif.
+ Saiba mais