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Síndrome metabólica: você sabe o que isso significa?

O mal que aumenta o risco de doenças cardiovasculares e de mortalidade pode ser combatido com dieta saudável, emagrecimento e atividades físicas

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Considerada um mal da vida moderna, a Síndrome Metabólica é caracterizada pela presença de obesidade com a associação de pelo menos mais duas destas doenças: hipertensão arterial, diabetes, aumento de triglicérides e diminuição do HDL (bom colesterol). Ela eleva em cerca de duas vezes o risco de mortalidade e em três vezes o de desenvolvimento das doenças cardiovasculares, como o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame cerebral.

Segundo a Federação Internacional de Estudos da Diabetes, atualmente um quarto da população mundial adulta já é portadora da Síndrome Metabólica, sendo que as principais vítimas são os homens com mais de 40 anos. Entretanto, as mulheres, especialmente as que entraram na menopausa, não estão livres da doença.

A primeira indicação da síndrome é a obesidade, principalmente a abdominal. O risco de desenvolvê-la ou de já ser portador é calculado com base na circunferência de seu abdome, na altura do umbigo. Circunferências menores que 94 centímetros nos homens e 80 nas mulheres são consideradas normais. As medidas acima desses valores indicam que a pessoa pode vir a desenvolver a síndrome. Já as superiores a 102 centímetros nos homens e 88 centímetros nas mulheres, são consideradas um alerta de que a pessoa já pode ser portadora da doença.

A síndrome se desenvolve da seguinte forma: a gordura que se acumula no abdome produz substâncias que dificultam a ação da insulina (hormônio produzido pelo pâncreas que controla a taxa de açúcar no sangue). Isso favorece o aumento de peso, o desenvolvimento da diabetes do tipo 2 e da hipertensão arterial, a diminuição da quantidade de HDL e a elevação dos triglicérides. Como resultado, tem-se o aumento do risco das doenças cardiovasculares, que podem ser fatais.

Os estudos alertam que na prática, quanto mais peso, menos saúde, todavia, seja qual for o grau de obesidade, a expectativa e a qualidade de vida são afetadas, justamente, pela maior prevalência de doenças associadas, ou comorbidades, que geralmente são controladas com a perda de peso. “Alimentação saudável e prática de atividades físicas são condições essenciais da boa qualidade de vida, que previne muitas doenças”, explica o Dr. Paulo Nassif, cirurgião do aparelho digestório.

O tratamento da Síndrome Metabólica consiste na mudança de hábitos alimentares, prática de atividade física e, principalmente, na perda de peso. Existem inúmeras evidências de que o emagrecimento proporciona melhora de diversos parâmetros clínicos como resistência à insulina, perfil lipídico e pressão arterial, entre outros.

Todavia, em se tratando de obesos mórbidos, ou seja, de pessoas que precisam perder uma grande quantidade de peso, a taxa de recidiva e o “efeito-sanfona” são muito constantes, e poucos pacientes conseguem perder o peso necessário ou mesmo manter essa perda. Por isso, a cirurgia bariátrica tem se mostrado eficaz em promover uma perda significativa e sustentada de peso nesses pacientes, o que resulta na maioria das vezes no controle da síndrome metabólica e das comorbidades (doenças associadas à obesidade que dificultam e/ou encurtam a vida do obeso).

“Muitos dos pacientes que realizam a cirurgia bariátrica diminuem bastante a dose necessária de medicações para controle da glicemia, hipertensão e dislipidemia, e alguns até chegam a normalizar estes valores sem a necessidade de tratamento medicamentoso”, esclarece Paulo Nassif.

 

História de sucesso

Esse foi o caso do assistente de planejamento Juliano Scolaro, que aos 23 anos, 1,74m, pesava 130 kg e, mesmo sendo muito jovem, já tinha problemas para controlar a pressão arterial e os índices elevados de glicemia, colesterol LDL e triglicérides, além da esteatose hepática (gordura no fígado). Sem dúvida, um quadro muito preocupante.

Juliano conta que desde muito pequeno conviveu com o sobrepeso e por isso as dietas e programas alimentares sempre fizeram parte de sua rotina. Já aos 16 anos começou a usar medicamentos para emagrecer. “Os remédios me deixavam realmente magro, o problema eram os efeitos colaterais que eles me causavam. Eu ficava muito irritado e nervoso e ao parar de usá-los voltava a engordar. Foi aí que desisti de vez e até mesmo abandonei o controle médico”, comenta o rapaz.

Ao ingressar na universidade, Juliano engordou ainda mais em virtude dos novos horários desregulados, do abandono das atividades físicas e da alimentação pouco saudável que adotara em função da nova vida agitada. Em pouco tempo a situação ficou realmente descontrolada. “Até hoje quando vejo as fotos daquele tempo não acredito que eu estava daquele tamanho”, lembra.

A cada dia que passava ganhava mais peso e novos sintomas iam surgindo, como a fadiga que passou a lhe acompanhar, fazendo-o abandonar os exercícios físicos que gostava de praticar e prejudicando o bom desenvolvimento de sua promissora vida profissional.

Desacreditado de todos os outros tratamentos que já havia tentado, com a autoestima muito afetada pela sua imagem pessoal e consciente da sua precária condição de saúde, Juliano buscou orientação médica e recebeu a indicação para a cirurgia bariátrica.

“Eu me agarrei na esperança de que a cirurgia seria a solução para mim e hoje vejo que foi a melhor coisa que fiz”, conta ele, que apenas seis meses depois já é outra pessoa.

Os problemas com hipertensão, triglicérides, colesterol, glicemia e a esteatose hepática foram embora com os 42 kg que perdeu. Satisfeito com isso, Juliano se esforça para manter os bons resultados que conquistou, por isso, procura seguir corretamente todas as orientações que recebeu da equipe médica.

“Quando indicada corretamente, a cirurgia é um importante instrumento no tratamento da obesidade, que é uma doença grave e que causa vários outros transtornos aos pacientes. Mas a maior garantia de que o operado eliminará todo o peso necessário e manterá seu peso estabilizado após essa perda, é a disciplina em adquirir bons hábitos de vida, com alimentação equilibrada, atividades físicas e monitoramento das condições de saúde através da realização de exames e consultas médicas”, orienta o cirurgião.

Lição que Juliano demonstra ter aprendido muito bem! Hoje, faltando muito pouco para deixar a universidade, o rapaz fecha essa porta de maneira muito diferente do que a abriu: com 88 kg mudou completamente a vida desregrada e nada saudável que levava. Voltou à prática prazerosa dos exercícios físicos diários, agora sem fadiga e com muito mais disposição. Cuida da sua alimentação e frequenta, periodicamente, as consultas médicas. Afinal, nessa nova história, o que Juliano deseja é viver bem e aproveitar tudo de bom que a vida lhe proporciona, e isso ele garante que sabe fazer muito bem.

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