A cura pelas mãos
Técnica da microfisioterapia revela “cicatrizes” do passado e ajuda a curar o corpo de doenças
Onde guardamos as memórias das experiências vividas? Para quem respondeu “no cérebro”, pode-se dizer que a resposta está parcialmente correta. Isso porque nós realmente registramos os momentos bons e ruins em nossa cabeça, mas o que poucos sabem é que o corpo, na verdade as células tecidos, também carregam as marcas daquilo que vivenciamos, sentimos, lutamos e aprendemos.
Como um mapa que revela onde ficam países, mares e cordilheiras, nosso corpo mostra perdas, dificuldades, ausências, rejeições. Traços que podem ser sentidos por mãos habilidosas de fisioterapeutas treinados a ajudarem o corpo a encontrar o caminho da cura de muitas doenças.
O QUE É?
O fisioterapeuta Dr. Afonso Salgado explica que a técnica leva o nome de Microfisioterapia e foi criada na França, na década de 70, por Daniel Grosjean e Patrice Benini. “É uma terapia manual que pode ser usada para diagnóstico ou terapêutica. Através dela investigamos marcas de eventos não eliminados pelo organismo. Tudo o que você passa na vida fica estocado não só no cérebro, mas nas células tecidos de todo o corpo”, descreve.
Dores crônicas, alergias, depressões, distúrbio do sono, enxaquecas, ansiedade, hiperatividade. Várias são as patologias que podem encontrar nessa técnica uma terapia complementar ao tratamento. “Tudo é feito de maneira seletiva pela palpação suave ao longo do corpo. Achando pontos já descritos que estão endurecidos, descobre-se a origem primária de muitos traumas que viraram doenças. Via corpo, encontramos problemas emocionais que, uma vez identificada a origem, são tratados”, complementa Dr. Salgado.
A técnica tirou o sofrimento da fisioterapeuta Simone Schaan, de 47 anos. Ela fazia um curso sobre microfisioterapia quando se deu conta de que ali estava a solução para um incômodo que perdurava por 16 anos. “Eu tinha perda sanguínea diariamente, estava sempre com absorvente e isso atrapalhava tudo, inclusive minha vida sexual. Eu me sentia menstruada o mês inteiro e a única indicação que tinha dos médicos era a esterectomia (retirada do útero)”, recorda.
Simone consultou vários médicos, tomou hormônios, porém nada resolvia o problema. Até que no curso passou por uma sessão de microfisioterapia que revelou a causa. “Há 16 anos eu fiz uma ligadura de trompas e foi a partir daí que comecei a pingar sangue. Eu não relacionava o problema à ligadura, até que na microfisioterapia isso apareceu, pois é possível identificar o período do trauma. Na verdade, eu não aceitava o fato de ter feito laqueadura. Logo após a sessão, no primeiro mês, o fluxo foi diminuindo, reduziu muito no segundo mês e depois parou”, comemora a fisioterapeuta.
De volta à vida, Simone emagreceu oito quilos, viu a ansiedade desaparecer e a alegria brotar. “É de arrepiar. Agora sou outra pessoa, mudei meu jeito de se vestir, estou muito melhor e mais feliz”.
Dr. Afonso Salgado explica que a técnica ajuda o corpo a se desfazer de memórias antigas e entrar em um processo de autocura. “A agressão primária deixa traços que atrapalham o funcionamento das células, esses traços ficaram guardados na memória dos tecidos por uma deficiência do sistema imunológico que não conseguiu eliminar o agressor”. Pelas manobras da microfisioterapia, o corpo identifica essas cicatrizes e entra no processo de autocura. É como se o corpo mostrasse para ele mesmo qual foi o problema e que aquilo já não precisa incomodar mais, pode ser superado.
Os princípios de cura da microfisioterapia, explica Salgado, são duas leis: a cura pelo infinitesimal, como se fosse o medicamento diluído, que é a palpação mínima, e pela similitude, isto é, o semelhante ajuda a curar o semelhante. E elas podem ser aplicadas em pessoas de todas as idades. “Não tem contraindicação, até bebê que não dorme ou regurgita demais pode encontrar a melhora na microfisioterapia”, conclui o especialista.
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