Poderosa luz
O laser revoluciona o mundo, a saúde e agora ainda mais sua beleza
Esqueça as “armas de raios” e os efeitos mirabolantes do cinema. Há muito tempo o laser faz parte da sua vida. Ele está em todo lugar, do caixa do supermercado ao consultório médico, do aparelho de DVD à broca do dentista, sempre como uma forma de melhorar nosso dia a dia.
Nem todos sabem, mas a palavra laser é, na realidade, a sigla para a expressão light amplification by stimulated emission of radiation, traduzida como “ampliação de luz por meio da emissão estimulada de radiações”. Isso significa que o laser é, basicamente, um feixe de luz intensa de uma cor só – ao contrário da luz branca “normal”, que é resultado da mistura de todas as cores –, emitido de forma concentrada, em uma linha reta.
A Medicina não demorou a estudar os benefícios do laser e logo descobriu que sua utilização minimiza a dor e o tempo de recuperação de vários procedimentos, além de estimular a cicatrização. No começo, ele era utilizado como coadjuvante no tratamento de doenças da pele e em pequenos tumores devido a sua ação terapêutica, mas hoje é amplamente utilizado em diversas áreas, como oftalmologia, angiologia, cirurgia, otorrinolaringologia etc.
É na dermatologia, porém, que o laser apresenta os resultados mais impressionantes. As clínicas oferecem diversos produtos e tratamentos baseados na tecnologia do laser, usados para os mais diversos fins: revitalização da pele, eliminação de manchas, vasos e pelos e estímulo à produção de colágeno, suavizando as rugas, linhas de expressão e sinais do tempo.
Uma das utilizações mais comuns é a retirada de pequenos vasos no rosto. O industriário Edson Pedro Savaris, de 54 anos, apresentava várias microlesões vasculares na face que prejudicavam o aspecto da pele e a deixavam irritada quando ele se barbeava. “Fiz outros tratamentos dolorosos, mas foi o laser que resolveu meu problema, e sem sofrimento”, revela o paciente. Em apenas quatro sessões, Edson eliminou vasos na testa e ao redor do nariz. “Além de não sentir dor, saí da sessão direto para as atividades normais”, salienta.
Como o laser é uma luz monocromática, ele atua em regiões específicas da pele ou do corpo, sem danificar os tecidos próximos. Cada cor de luz atua num tipo diferente de problema. No caso dos procedimentos dermatológicos, o laser pode ser regulado e programado para emitir pulsos curtos, atingindo apenas células específicas, sem danificar a pele. “O que determina a qualidade e a ação do laser é o diagnóstico correto do problema e a escolha adequada da terapêutica através destes aparelhos”, explica o médico membro da Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia a Laser, Dr. Alexandre Miguel Shwetz Filho, da CMP Laser – Clínica de Medicina Preventiva do Paraná. Essa é a garantia de segurança e eficiência dos tratamentos realizados com essa tecnologia.
Tipos de laser
O laser utilizado na dermatologia pode ser de dois tipos: ablativo, no qual transpõe parte da pele gerando lesão na mesma, ou não ablativo, no qual atravessa a pele sem arrancá-la, machucá-la, atingindo apenas os alvos designados.
Os tratamentos realizados com lasers ablativos removem com precisão camadas de células velhas da pele. O organismo desencadeia, então, um processo de reparo, no qual as células da pele se reproduzem e geram células novas, proporcionando a revitalização da pele. Considerado a última palavra em tratamento da pele, o laser ablativo deve ser empregado com cautela pelo médico, porque se não utilizado da forma correta acarreta em inúmeras complicações como cicatrizes e alterações de pigmentação.
Já os lasers não ablativos atuam sem gerar lesão direta na pele. Em consequência do seu efeito pode-se produzir rejuvenescimento da pele por meio da estimulação da produção de colágeno, esclerosar pequenos vasos sanguíneos, amenizar manchas, além de inúmeras outras aplicações não apenas para a estética, mas terapêutica também. Neste grupo de laser é muito comum que os aparelhos apresentem em sua tecnologia ponteiras resfriadas, no intuito de minimizar o risco de gerar qualquer dano térmico a pele. Pode-se, desta forma, maximizar os parâmetros, gerando melhores resultados com menores riscos.
Cara nova
Uma das novidades que está fazendo mais sucesso junto aos pacientes que buscam uma pele mais bonita e jovem é o “resurfacing”, realizado com laser de gás carbônico (CO2) fracionado. Enquanto o tratamento com o laser de CO2 tradicional implicava em um tempo de recuperação longo e que exigia muitos cuidados, a nova tecnologia agrega alta eficácia a um menor tempo de recuperação, reduz o desconforto pós-operatório e diminui a chance de alteração da cor da pele.
Esse tipo de laser atua deixando minúsculos pedaços de pele na região tratada, que funcionam como microenxertos, de onde surgem com mais velocidade as células que vão regenerar a pele. “Essa pele que não foi afetada vai facilitar a cicatrização das colunas de tecido atingidas pelo laser”, salienta o médico. As pequenas pontes de pele intacta permitem a reestruturação da epiderme de forma mais rápida e possibilitam ao paciente um retorno às atividades num tempo mais curto.
“Resurfacing” significa formar uma nova superfície cutânea através da utilização do laser. Além de gerar revitalização cutânea, a técnica aquece as camadas mais profundas da pele, estimulando a remodelação do colágeno e contração dos tecidos, o que diminui a flacidez. Os alvos deste tipo de tratamento são as linhas finas da face – especialmente aquelas ao redor da boca, dos olhos, das maçãs da face e da testa –, a flacidez das pálpebras e do contorno facial, manchas faciais e cicatrizes, em especial aquelas causadas por acne.
“A vantagem do laser de gás carbônico fracionado é que apresenta grande afinidade com a água presente na pele, causando rápido aumento de temperatura e destruição do tecido”, explica o Dr. Alexandre Miguel Shwetz Filho. Estudos apresentados nos congressos da Academia Americana de Laser em Medicina e Cirurgia comprovaram melhora nas linhas, rugas, cicatrizes, flacidez e outras irregularidades da pele com o uso do laser fracionado.
Para a dona de casa Zelinda da Luz Froguel, de 60 anos, o tratamento com laser de CO2 foi eficiente tanto para as manchas na pele como para as rugas e os vasos que apresentava na face. “Tinha manchas na testa e nas laterais do rosto, além de uns vasinhos nas bochechas e ao redor do nariz, mas o laser eliminou tudo”, conta a dona de casa, que também fez o tratamento na área dos olhos para atenuar rugas e linhas de expressão. “Senti que a pele melhorou muito, fiquei sem bolsas na pálpebra inferior e todos elogiaram os resultados; estou satisfeita e com a autoestima elevada”, comemora a paciente.
Pele mais bela com a luz pulsada
Embora sejam bastante similares, luz pulsada e laser não são a mesma coisa. Basicamente, a luz pulsada tem mais cores, permitindo uma janela maior de tratamento do que os lasers, que são emitidos em uma única cor de cada vez. A luz pulsada também não é um raio único como o laser, e sim um feixe de luz, o que permite que ela atinja uma área maior de pele. Assim, ela diminui o tempo da sessão, mas não agiliza o tempo de tratamento ou reduz o número das sessões previstas.
A luz pulsada remove manchas e vasos da pele ao mesmo tempo em que estimula a renovação do colágeno. Pode ser usada na face, no dorso das mãos e no colo, minimizando rugas, reduzindo olheiras e manchas escuras (melanoses e sardas), diminuindo vasos dilatados, atenuando cicatrizes e estrias recentes e ainda eliminando pelos indesejáveis. “A técnica também melhora a flacidez e deixa a coloração do rosto mais uniforme. A recuperação é rápida: após a sessão o paciente está liberado para retornar às atividades normais”, informa o médico.
Adeus, tatuagens
Depois de oito anos ostentando uma tatuagem em forma de bracelete no braço, a gerente de loja Veridiana da Silva Walesko, de 32 anos, que além dessa tem outras duas tatuagens, cansou. “Estou com essas tatuagens há oito anos, curti o que tinha de curtir; agora estou numa fase mais madura e resolvi removê-las”, conta. Para isso, ela optou pelo tratamento com laser. Foram necessárias seis sessões para remover o desenho do braço, mas o resultado foi bastante satisfatório. “Gostei tanto que pretendo tirar as outras duas. Não fiquei com nenhuma cicatriz e estou muito satisfeita”, comemora.
Ao contrário do que algumas pessoas imaginam, a utilização de laser para remoção de tatuagens é um processo simples e que tem alguma semelhança com a remoção de manchas. O laser é direcionado diretamente para onde está o pigmento. Então, “a energia fragmenta os pigmentos em pequenos pedaços, que são naturalmente eliminados pelo corpo”, explica Dr. Alexandre.
De acordo com o médico, foram necessárias intensas investigações para encontrar a os parâmetros ideais do laser para remoção de tatuagens – afinal, a pigmentação original da pele deve permanecer inalterada. “De modo geral, desenhos em preto são removidos em primeiro lugar, porque essa cor tende a absorver com maior afinidade o laser”, explica. As outras cores são um pouco mais trabalhosas, mas com o aparelho adequado e a forma correta de aplicação também podem ser removidas.
São necessárias aproximadamente seis sessões de aplicação de laser para remover tatuagens pretas profissionais, e em torno de 8 a 12 (dependendo do caso e do tamanho, até mais sessões) para tatuagens coloridas. O paciente usa um creme anestésico cerca de 120 minutos antes da aplicação do laser para tornar o procedimento o menos desconfortável possível. Após o procedimento, que normalmente é rápido, os cuidados pós-operatórios são simples: utilizar pomada antibacteriana por sete dias junto a curativos diários, não expor ao sol a área tratada, além de evitar qualquer atrito no local. “Tanto as tatuagens pretas como as coloridas podem chegar a 100% de resolução, mas isso depende das cores utilizadas e da resposta do organismo de cada paciente”, lembra o membro da Sociedade Brasileira de Laser.
O caso do engenheiro químico Marlon Machado, de 30 anos, é outro exemplo da eficácia do laser na remoção de tatuagens. “Tinha duas tatuagens, tirei uma grande na perna e o resultado atendeu minhas expectativas”, conta o engenheiro, que diz ter valido a pena o custo-benefício do tratamento. “As seis sessões cumpriram seu papel”, considera.
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