Tema da Semana

Escoliose

Saiba o que é , as causas, tipos de curvatura e principais tratamentos indicados

Nem sempre identificadas, as alterações na coluna podem variar de acordo com a gravidade desde leve, quase imperceptível, a situações mais graves, atrapalhando a qualidade de vida e por vezes a auto-estima.

O que é a escoliose?

A escoliose é a curvatura lateral da coluna vertebral. Pode ocorrer nas regiões torácica ou lombar e quase sempre vem acompanhada da rotação das vértebras (elas “torcem”, giram em seu próprio eixo). Essa patologia é mais comum do que se imagina. “Estudos indicam que alterações como a escoliose atingem entre 6% e 15% da população, sendo em sua maioria meninas, até 90% dos casos.”, afirma Dr. Rodrigo Boechat membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Coluna e um dos ortopedistas responsáveis pela Clínica de Fraturas Hauer em Curitiba.

Causas da Escoliose

Quando a escoliose é de origem funcional, geralmente está ligada a má postura e pode ser reversível com exercícios específicos, fisioterapia, entre outros métodos de reabilitação, orientados sempre por profissionais. Já nos casos das escolioses estruturadas, em que se observa curvas rígidas e não reversíveis, elas podem ser classificadas em:

Escoliose idiopática: é a mais frequente, acomete em sua maioria adolescentes e sua causa é desconhecida;

Escoliose congênita: quando o indivíduo nasce com a patologia, tem como características, problemas de formação das vértebras ou fusão de costelas durante o desenvolvimento do feto ou quando recém-nascido;

Escoliose neuromuscular: a causa pode envolver fraqueza muscular ou mesmo paralisia em decorrência de outras doenças.

Tipos de Curvatura

As curvas podem aparecer na infância, mas a maioria é detectada na adolescência a partir dos 10 anos. Alterações hormonais da puberdade podem ser uma das causas, explicando o acometimento comum no segundo estirão de crescimento, em alguns casos a progressão é rápida, o ângulo da curvatura chega a aumentar 1 grau por mês

”O mais comum é que não ultrapasse os 20 graus. Até esse patamar, os médicos indicam apenas fisioterapia para o fortalecimento dos músculos e acompanhamento rotineiro, com radiografias. O jovem não sente dores e em geral não tem problemas na vida adulta. Somente quando os 20 graus são ultrapassados indica-se o uso de coletes”, esclarece Dr. Rodrigo.

Há três tipos de coletes para a escoliose, basicamente: o de Milwalkee, que vai do quadril até o pescoço; o de Boston, do quadril ao tórax; e a órtese tóraco-lombo-sacra (OTLS), que sobe até pouco acima da cintura, mais voltada para desvios exclusivamente lombares.

Tratamentos ( e Cirurgia) para a Escoliose

Os casos mais comuns de escoliose é são os que a curvatura não ultrapassa os 20 graus. Até esse patamar, os médicos indicam Reeducação Postural Global (RPG), fisioterapia para o fortalecimento dos músculos e acompanhamento rotineiro com radiografias. Somente quando os 20 graus são ultrapassados recomenda-se o uso de colete, que deve ser usado 23 horas por dia, reservando apenas 1 hora para a higiene e/ou prática de atividade física. Ele não faz a coluna voltar à posição normal, mas ajuda a conter o agravamento do desvio, caso a curva não seja contida com o colete e atinja o ângulo de 40 graus, a cirurgia pode ser indicada.

Na cirurgia da escoliose, com o uso de hastes, ganchos e parafusos, o cirurgião aumenta ou diminui o espaço entre as vértebras, corrigindo a seu posicionamento, uma vez que as vértebras são fixadas na nova posição, existe privação dos movimentos da região alterada. “Atualmente contamos com recursos que tornam a realização do procedimento mais seguro, a monitoração da medula no intra-operatório é fundamental para trazer essa segurança na inserção dos implantes e na correção das deformidades. Uma vez que as funções da medula são verificadas com o paciente inconsciente, anestesiado”, salienta Dr. Rodrigo Boechat. O especialista revela que para isso é preciso toda uma programação da equipe anestésica, sem uso de gases, pois eles inibem as respostas medulares medidas nos aparelhos. Portanto, é necessário treinamento e claro entendimento das equipes de cirurgia, anestesia e terapia intensiva.

Outros recursos disponíveis na cirurgia de escoliose envolvem a auto-transfusão de sangue no intra-operatório, onde por meio de uma máquina chamada “Cell Saver”, o sangue aspirado do campo cirúrgico não se perde, ele passa por vários filtros para retirar impurezas e é transfundido novamente para o próprio paciente. Em alguns casos, apesar do tamanho da cirurgia, a transfusão de sangue pode ser evitada.

A equipe da Clínica de Fraturas Hauer desenvolve junto ao Hospital Vita Batel um serviço de Cirurgia de Escoliose, que conta com a participação de cirurgiões, anestesistas e intensivistas onde riscos são minimizados e resultados satisfatórios são obtidos com elevado nível de segurança. Desde 2014 as cirurgias são realizadas com monitoração medular por potenciais evocados e hoje todos os procedimentos são realizados com esse recurso.

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