Unidos pela recuperação
Trabalho multidisciplinar garante melhores resultados na cirurgia de coluna
Qual é o segredo para passar por uma cirurgia de coluna e, no mesmo dia, caminhar pelo quarto? Grande parte dessa evolução se deve aos procedimentos minimamente invasivos, mas agora um programa de fisioterapia realizado com o paciente desde o centro cirúrgico até o pós-operatório vem se mostrando fundamental. Nessa parceria multidisciplinar entre cirurgião e fisioterapeuta, quem sai ganhando é o paciente.
O protocolo de fisioterapia se inicia durante o procedimento cirúrgico, passa pela recuperação pós-operatória no hospital e se estende por até 90 dias após a cirurgia, quando o paciente volta a suas atividades habituais, incluindo exercícios físicos e esportes. “Mesmo quando se trata de uma cirurgia convencional da coluna, ou seja, mais agressiva, esse trabalho tem sido fundamental para a recuperação mais rápida do paciente”, diz o cirurgião ortopédico Dr. Pablo Sobreiro, que atua no Hospital Sugisawa, em Curitiba, onde há um ano foi inserido este programa multidisciplinar de reabilitação. O Dr. Sobreiro atua em conjunto com o fisioterapeuta Dr. Rafael Lopes El Sarraf na utilização da técnica, recém-chegada ao Paraná.
Para o vendedor Claudir Modesto, de 54 anos, que sofreu seis anos com dores na coluna, o acompanhamento fisioterápico foi um sucesso. “Operei uma hérnia de disco, coloquei dois pinos e quatro parafusos na coluna. Para minha surpresa, andei sem dificuldade no mesmo dia da cirurgia, sem dores. Já havia tentado outros procedimentos e tratamentos, mas somente depois da cirurgia, e com o acompanhamento fisioterápico, estou completamente sem dor”, diz o paciente.
“Quando o paciente tem indicação cirúrgica, além de termos que corrigir o seu defeito ou a sua doença, ele precisa ter uma recuperação individualizada. É o que faz o fisioterapeuta, analisando os pontos de alteração muscular, óssea e até neurológica do paciente”, explica Sobreiro. Acompanhando a lesão, é possível definir melhor o programa de tratamento para cada caso.
“Se o paciente é jovem, o protocolo visará uma reabilitação mais precoce. Se tem mais idade e outras doenças associadas, o protocolo será mais conservador. O acompanhamento ainda no centro cirúrgico nos permite visualizar todas as suas estruturas ósseas. Por isso, o nosso programa é totalmente personalizado e apresenta resultados surpreendentes”, ressalta Dr. Rafael.
Todas as idades
De modo geral, tanto os pacientes submetidos a procedimentos minimamente invasivos como os submetidos à cirurgia convencional e até os reoperados têm uma recuperação 50% mais rápida quando a reabilitação é realizada pelo programa de fisioterapia. E os bons resultados não dependem da idade nem do estado físico.
Menos de um ano após operar três hérnias de disco na coluna lombar, a estudante Bárbara de Goes Costa Carvalho, de 22 anos, sente-se recuperada. “Minha cirurgia demorou cinco horas, mas tive uma recuperação excelente e já caminhava no mesmo dia”, relata a jovem. “A recuperação foi muito rápida, e hoje estou sem dor e muito mais disposta.”
A coreógrafa aposentada Wanda Franczak, de 83 anos, lembra: “comecei a sentir fisgadas nas pernas e dor no joelho quando me mudei para um apartamento e fiquei menos ativa. Hoje, um ano depois da cirurgia, estou praticamente recuperada”. Três meses depois do procedimento, ela já estava frequentando academia.
Maria Aparecida Pereira, de 44 anos, auxiliar de limpeza, teve de operar um desgaste na quinta vértebra e concorda. “Logo após a cirurgia, dei os primeiros passos e tomei banho sozinha. Com a fisioterapia, minha recuperação foi muito mais rápida”, diz.
Fases do programa de reabilitação
Fase 1 – Primeiros 30 dias
Considerada a fase de controle e redução da dor. O fisioterapeuta faz uma liberação miofascial por meio de terapia manual e aplica laser para adiantar a cicatrização, além de orientar a respeito da melhor posição para dormir, sentar-se, etc.
Fase 2 – De 30 a 60 dias
É a fase da flexibilidade: o fisioterapeuta trabalha alongamentos, inicia exercícios na bicicleta ergométrica e um trabalho de reestruturação de movimentos e libera atividades leves. “Quando o paciente faz uma cirurgia tradicional de coluna, em que são utilizados materiais, muda um pouco a mecânica da sua marcha, e é preciso fazer algumas acomodações destes movimentos para que ele passe a usar o seu corpo corretamente”, esclarece El Sarraf.
Fase 3 – De 60 a 90 dias
O fisioterapeuta trabalha o fortalecimento dos músculos que fazem a sustentação da região abdominal e daqueles que sustentam a coluna. “No caso de uma cirurgia cervical, é realizado o fortalecimento da musculatura do pescoço, em vez da musculatura da região lombar”, lembra o fisioterapeuta.
Após a terceira fase, o paciente é liberado para uma atividade física regular. “Neste momento, enviamos uma carta para o profissional ou academia que acompanhará o treino do paciente, indicando as atividades mais adequadas para o seu caso e explicando todo o seu processo cirúrgico e de reabilitação, a fim de tornar aquela atividade física uma prática regular para uma vida saudável”, finaliza.
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