Trombose venosa, uma doença silenciosa
Se você trabalha ou fica muito tempo tempo na posição em pé, ou sentado, já é um sério candidato a desenvolver problemas circulatórios.
Na prevenção da trombose venosa, a medida mais simples e importante é: manter-se saudável! Movimentar o corpo, correr, nadar, caminhar e praticar atividades físicas regulares, mesmo que leves são de extrema importância. Manter uma dieta equilibrada e não ter vícios, como fumar, também ajudam o organismo a manter-se livres de uma infinidade de outras doenças. “A prevenção e o diagnóstico precoce ainda são, sem dúvida nenhuma, o que garante os melhores resultados aos tratamentos, por isso buscar uma avaliação vascular é tão importante”, destaca Dr. Marcio Miyamotto, especialista em Cirurgia Vascular.
Dores e inchaços nas pernas são alguns dos alertas quando há formação de pequenos trombos (coágulos na veia), sendo que em 90% dos casos acometem as pernas. A trombose venosa profunda também pode apresentar-se de forma silenciosa, ou seja, sem sintomas, o que torna seu reconhecimento mais difícil ainda. Quando a trombose está instalada, os coágulos impedem o fluxo de sangue no local e, se não for tratada de forma adequada, esse coágulo pode deslocar-se até os pulmões acarretando um problema muito grave chamado embolia pulmonar, que pode até levar a pessoa à morte.
Os tratamentos da trombose venosa evoluíram muito, principalmente nas últimas duas décadas. De acordo com Dr. Marcio, tanto as medicações anticoagulantes como as terapias e os procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos oferecem eficácia e segurança para boa parte dos problemas ligado às tromboses severas. Os exames diagnósticos também evoluíram tanto na capacidade de reconhecimento da trombose quanto no processo de definição dos tratamentos mais indicados para cada paciente. O ecodoppler colorido, a angiotomografia, a angiorressonância e a flebografia são os exames mais utilizados na trombose venosa. “A resposta ao diagnóstico é sempre a mesma: tratamento imediato! É preciso entender que, por mais que a pessoa tenha uma vida regrada e saudável, existem outros fatores que contribuem para o aumento do risco da trombose, como: traumatismos, pós-cirurgia, obesidade, uso de alguns medicamentos que alteram a coagulação, ficar muito tempo sentado ou deitado. A idade avançada e a própria predisposição genética” são fatores que também contribuem, reforça Dr. Marcio Miyamotto.
Técnicas e tratamentos
A medicação anticoagulante é o tratamento mais empregado, que pode ser administrado via oral ou injetável, ou ainda associando as duas maneiras. Elas impedem que o coágulo aumente e também evitam que o mesmo se desloque para o pulmão. Comumente, são tratamentos que durem de três meses ou mais. Esse tratamento é eficaz para a grande maioria dos pacientes com trombose venosa. Porém, aqueles pacientes que apresentam um trombose mais extensa e sintomas também mais severos geralmente não apresentam uma boa evolução com esse tratamento apenas com medicações anticoagulantes. Esses pacientes responde melhor ao tratamento mais invasivo, que dissolve os coágulos e restabelece a circulação de um modo mais rápido.
Essa técnica de tratamento deve ser utilizada somente em pacientes com tromboses mais extensas, geralmente aquelas que sobem das pernas em direção ao abdome. Nesse técnica é utilizada uma medição que dissolve os coágulos e também são utilizados cateteres especiais que funcionam quebrando e aspirando os trombos. Dessa maneira, pode-se restabecer a circulação de um modo mais rápido e eficaz. É uma técnica minimamente invasiva e aplicada através de uma pequena punção. O uso de stent nas cirurgias também elimina o trombo. É recomendado para as veias maiores, nas regiões superiores à virilha, ou com extensão mais profunda e severa. Esse procedimento restaura a lesão e preserva as funções das válvulas venosas, normaliza a circulação das veias e é realizado também via cateterismo. Em alguns casos, coloca-se um filtro na artéria que irriga o pulmão ou o cérebro para evitar que o coágulo se desloque.
A recuperação desse tipo de procedimento é muito mais rápida e efetiva do que os tratamentos convencionais, além de ser realizado com anestesia local. Durante o tratamento da trombose, qualquer que seja ele, normalmente orientamos o uso de meias de compressão, além de repouso relativo durante poucos dias. Após poucas semanas, o paciente já pode retornar às suas atividades regulares. O Dr. Miyamotto constata ainda que “a trombose é multifatorial, pode atingir pacientes jovens, adultos e de idade avançada, sendo que a cada dez anos esse risco dobra. A prevenção e o diagnóstico precoce da doença é a chave para a manutenção da saúde ao longo da vida”.
É preciso entender que, por mais que a pessoa tenha uma vida regrada e saudável, existem fatores externos que contribuem para o aumento do risco da trombose
Feridas crônicas
A medicina se une à enfermagem para tratar feridas e melhorar os processos de cicatrização
O fato é que a cicatrização é um processo muito complexo, mais do que se imagina, pois vários são os fatores que podem interferir em sua ação e efetividade. Qualquer lesão que leve ao rompimento da pele pode ser chamada de ferida, e a principal causa desse problema é o trauma. No caso de uma cirurgia, seja qual for o porte, a incisão também é considerada uma ferida, porém realizada de modo controlado. Nesse cenário ainda existe a necessidade de que o processo de cicatrização seja eficaz para o melhor resultado do procedimento. O mesmo ocorre em um acidente com um objeto cortante na cozinha, no trabalho ou em uma queda. “Precisamos deixar claro que o tempo de cicatrização de uma ferida pode variar muito. Se o corte for em uma camada mais superficial da pele, na epiderme, pode levar até sete dias para cicatrizar; se o rompimento for mais profundo, pode levar até 28 dias. Agora, se ultrapassar esse tempo, consideramos essa ferida como crônica”, alerta a enfermeira Tataiane Coradassi Esmanhotto, especialista em Tratamento de Feridas de Pés Diabéticos, que atua em conjunto com a equipe do Dr. Marcio Miyamotto.
Por que as feridas demoram tanto para cicatrizar
Cada organismo reage de uma forma, e existem diversos fatores que colaboram ou prejudicam a cicatrização. Dona Mikiko, 70 anos, cortou sua mão acidentalmente com uma faca de cozinha. “Eu tenho 34 anos e, manipulando um bisturi, fiz um corte idêntico”, comenta a enfermeira. Ela explica que, embora Mikiko seja uma pessoa ativa e cuidadosa, não estava conseguindo manter seu diabetes e pressão arterial controlados nos últimos anos, além do que a faca de cozinha tinha resíduos de gordura do dia anterior. “Duas situações que pareciam iguais tiveram fatores bem diferentes. Idade avançada, diabetes, hipertensão, doenças circulatórias, obesidade, desnutrição e contaminação dos objetos cortantes ou dos traumas, mais a falta de cuidados adequados, são fatores importantes que afetam o processo de cura”, enfatiza Tatiane. Esses fatores geralmente influenciam uma ferida a permanecer aberta por meses e até anos. Sendo crônicas, as feridas provocam um enorme transtorno na vida de quem as tem, causando afastamento do convívio social, do trabalho e das atividades laborais e aumentando o risco de infecções, internações prolongadas e por vezes até necessidade de amputação. O maior problema é sempre a presença de infecção e a recorrência da ferida. “É preciso estabilizar o paciente, controlar o diabetes, a pressão, a infecção e manter a ferida protegida de bactérias. Hoje, há curativos com alta tecnologia que mantêm a umidade adequada, protegem da ação de bactérias e provêm uma limpeza eficaz. Eles são prescritos conforme o tipo da ferida e mudam de acordo com o estágio que elas se apresentam, principalmente de acordo com a resposta inflamatória e imunológica”, explica a enfermeira.
Em razão disso, existe o serviço especializado para tratamento de feridas, lesões e úlceras de pele, composto pelas áreas de Cirurgia Vascular, Endocrinologia, Infectologia, Enfermagem entre outras. A prevenção é sempre o maior objetivo do angiologista, por isso é tão importante o diagnóstico e tratamento imediato dos distúrbios circulatórios, principalmente da aterosclerose, da trombose e das varizes. As técnicas estão cada vez mais seguras e menos invasivas, e as medicações avançaram. Mas é a mudança de hábitos que irá garantir que esses problemas não voltem a surgir. Por fim, Tatiane Esmanhotto faz um alerta: “Algumas lesões e pequenos acidentes são inevitáveis, o que não podemos é colocar toda a saúde do corpo em risco por não tratar adequadamente as feridas”.
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