Tecnologia a serviço da mulher
Procedimentos não cirúrgicos tratam miomas e preservam a fertilidade
As mulheres desempenham um papel cada vez mais essencial na sociedade. São líderes, empreendedoras, estão à frente de empresas e países. Tudo isso, sem abrir mão do cuidado com a casa, o cônjuge e os filhos. Muitas delas, porém, por se dedicarem à carreira e aos estudos, passam a querer ter filhos somente após os 35 anos de idade. O problema é que as alterações hormonais causadas pelo envelhecimento, aliadas ao ritmo estressante e a hábitos pouco saudáveis, aumentam o risco de desenvolver doenças que prejudicam a fertilidade. Dentre elas, os miomas uterinos.
Especialistas estimam que a miomatose uterina atinja uma entre quatro mulheres em idade fértil. Alguns estudos chegam a prever que cerca de 50% das mulheres terão miomas em determinado momento de suas vidas. O pico de incidência é dos 30 aos 40 anos, e não é raro encontrar mulheres mais jovens com miomas.
Segundo o médico radiologista intervencionista Dr. Alexander Ramajo Corvello, a prevenção é importante porque os sintomas nem sempre são perceptíveis. “Os miomas são tumores benignos, não cancerosos, que se desenvolvem na parede do útero, com tamanhos variados. Eles causam sintomas como sangramento menstrual intenso, cólicas incapacitantes, vontade súbita de urinar ou perda de urina aos pequenos esforços e podem, além disso, prejudicar e muito a fertilidade feminina”, destaca.
A história foi diferente para a técnica contábil Ivone dos Santos. Aos 40 anos, ela sentia muito desconforto, cólicas e cansaço excessivo. “Quando descobri que tinha mioma no útero, fui direto para a internet pesquisar uma solução, pois não queria retirar meu útero, nem parte dele”, conta ela. Mãe de dois filhos, ela ainda pretendia aumentar a família, por isso optou pela embolização. “Isso foi em 2007. O mioma foi tratado com a embolização uterina e desapareceu. Não senti mais nenhuma dor e consegui preservar o meu útero”, diz. E realizou seu desejo: no mesmo ano, Ivone engravidou de Ana Clara, hoje com 5 anos, e em 2010 chegou a Ana Laura. “Por isso é tão importante buscar sempre a melhor alternativa para o tratamento de qualquer doença”, declara.
Tratamento
O medo de Ivone é comum: muitas mulheres ainda acreditam que a única forma de se livrar dos miomas é a retirada do útero (histerectomia). Mas existem diversas formas de tratamento, inclusive por meio de procedimentos não cirúrgicos, como a embolização uterina. “A embolização, em casos selecionados e quando há indicação, pode ser uma alternativa efetiva de tratamento com altos índices de sucesso. É considerada minimamente invasiva por nem sequer necessitar de pontos, e preserva o útero, o que é o mais importante”, esclarece Dr. Corvello.
A técnica, além de segura, é reconhecida no mais alto grau de evidência científica pela Sociedade Americana de Ginecologia e Obstetrícia e pelas Sociedades Americana, Europeia e Brasileira de Radiologia Intervencionista. “É um método que existe há mais de 20 anos e que é empregado para o efetivo tratamento dos miomas uterinos desde 1996”, destaca o médico.
É um procedimento autorizado pelo Ministério da Saúde, aceito pelos convênios médicos e realizado até mesmo pelo SUS. “O tratamento é de baixo risco, exige o mínimo de internação e tem rápida recuperação. Em média, após dois dias de internamento no hospital, a maioria das pacientes retorna para suas atividades normais.
A embolização do útero age impedindo a “alimentação” dos miomas. O procedimento é realizado através de um furo de apenas três milímetros, na altura da virilha, por onde é inserido o cateter. Uma vez dentro da artéria do útero, o médico radiologista intervencionista realiza a injeção de minúsculas partículas plásticas que bloqueiam o fluxo sanguíneo que alimenta o mioma, fazendo-o regredir. O grau de sucesso fica entre 85% a 92% dos casos. Todo o procedimento é guiado por equipamentos de alta resolução, capazes de mostrar a imagem dos vasos sanguíneos, veias e artérias.
Radiologia Intervencionista
Além do tratamento de miomas, hoje já é possível utilizar técnicas de Radiologia Intervencionista para desobstruir artérias e veias, fechá-las quando elas sangram ou tratar um tumor maligno diretamente dentro de um órgão. A especialidade permite também levar o tratamento quimioterápico diretamente ao tecido ou órgão comprometido, trabalhando em conjunto com diversos especialistas médicos de forma multidisciplinar e propiciando tratamentos muito menos invasivos, mais modernos e mais efetivos.
Dr. Corvello afirma que a Radiologia Intervencionista é uma especialidade que se soma a muitas outras, como a ginecologia, cardiologia, cirurgia vascular, neurologia, pneumologia, oncologia, ortopedia, pediatria, etc. Ela já é considerada um serviço necessário, disponível na maioria dos hospitais dos grandes centros urbanos, e é útil tanto em tratamentos quanto em diagnósticos. “Hoje, a tecnologia empregada nos exames de rotina permite detectar diversas doenças ainda no estágio inicial, devido à altíssima definição de imagem”, destaca o especialista.
Todos os procedimentos são realizados com o auxílio de um método de imagem, que pode ser o ultrassom, a tomografia computadorizada e a angiografia por subtração digital, feita com um equipamento de alta resolução de imagem, capaz de subtrair as imagens de ossos e vísceras, propiciando imagem apenas dos vasos sanguíneos e, em alguns equipamentos, a reconstrução em três dimensões e até imagens do interior do vaso.
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