Tecnologia a favor da vida
Radiologia Intervencionista, através da quimioembolização e da ablação por radiofrequência, restaura a saúde e aumenta a possibilidade de sura em casos de câncer
A maioria das pessoas tem como maior medo o diagnóstico de uma doença grave, principalmente o câncer. Segundo o GCO ( Global Cancer Observatory ), são quase 40 milhões de pessoas que vivem com esse problema. A maioria dos casos, cerca de 52%, está presente nos países desenvolvidos, seguidos pelos em desenvolvimento onde se enquadra o Brasil. Sem dúvida, uma vez recebido o diagnóstico, o primeiro pensamento é que não há chance de cura, mas o que muitos deveriam saber é que a maoiria dos casos, detectados em seus estágios iniciais, podem ser tratados com sucesso. São tratamentos avançados, que garantem ao paciente, além da saúde, uma sobrevida com qualidade e, em numerosas vezes, a cura da doença. Em maior número, estão os tumores de mama, pulmão, próstata, estômago e intestino, mas os que vêm aumentando, segundo o Dr. Alexander Ramajo Corvello, são os de fígado. “Os tumores no fígado cresceram espantosamente, são a segunda maior incidência e tiveram maior aumento da mortalidade, pois podem advir de doenças como a Hepatite B, Hepatite C por maus hábitos dos pacientes como a ingestão de bebida alcoólica ou uma dieta desbalanceada, ou ainda ser resultado de metástase de cânceres em outros órgãos”, explica o especialista, membro e fundador da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular e que atua no Instituto de Radiologia Interventiva do Paraná – INRAD/ENDORAD. O tumor primário no fígado é chamado de hepatocarcinoma, pois tem origem no próprio órgão; é um tipo de câncer altamente maligno e tem uma evolução rápida, pois pode dobrar seu volume em média a cada 180 dias.
Fígado não é figurante, é protagonista
Tratar a doença no fígado é de extrema importância, pois estará tratando o corpo todo. Ele é silencioso, mas quando fala é um grande alerta. “É um órgão com diversas funções, entre elas a de exercer um importante papel na coagulação sanguínea e metabolismo de substâncias tóxicas”, esclarece Dr. Corvello.
A amônia por exemplo, proveniente ao processo de digestão, se não for metabolizada pode causar ao indivíduo sintomas como confusão mental, perda de movimentos manuais, mudança de humor e comportamento e até levar ao es tado de coma. No fígado, essa substância é transformada em ureia e depois eliminada pelos rins. Outra desordem crítica relacionada é o aparecimento de varizes esofágicas, que costumam se desenvolver quando o fluxo sanguíneo para o fígado está bloqueado; acomete principalmente pessoas com doenças hepáticas em estágio avançado e, no caso de sangramento dessas veias, pode levar o paciente a óbito. “Se o fígado deixa de funcionar, os rins também não funcionam, desencadeando um quadro de síndrome hepatorrenal”, revela.
Evolução tecnológica
A evolução tecnológica também avança no campo da medicina, em especial na Oncologia. Grandes passos estão sendo dados em direção à reabilitação dos pacientes e à cura desses cânceres, com novas drogas, terapias, imunoterapias e com a Radiologia Intervencionista como suporte.
A quimioembolização é uma dessas práticas que tornam a possibilidade de cura uma realidade. “É um procedimento minimamente invasivo, que trabalha com a nanotecnologia. São pequenas partículas com medicamentos quimioterápicos, injetados diretamente nos vasos do fígado que interrompem o fluxo sanguíneo do tumor e levando a droga diretamente ao carcinoma”, relata Dr. Corvello.
O medicamento atua durante 25 dias em um tumor que já está enfraquecido, pois não há mais alimentação do mesmo, e acaba sendo necrosado, minimizando seus riscos. O procedimento é realizado através de uma pequena incisão na virilha de apenas cinco milímetros, para inserção de um cateter que levará as nanopartículas até o fígado.
É viável repetir a técnica durante o tratamento, permitindo uma melhora acentuada do quadro do paciente, bem como o conforto e uma sobrevida com qualidade.
Outro tratamento possível para os pacientes nessa situação é a ablação por radiofrequência, que é o método percutâneo, uma técnica que cauteriza o tumor por meio de ondas de rádio e também por micro-ondas. “Introduzimos, guiados através de tomografia, ressonância magnética ou ecografia, uma agulha no fígado do paciente, e, uma vez dentro do tumor, a agulha é ligada a um gerador de radiofrequência que o queimará de dentro para fora”, explica o Dr. Corvello.
Quando indicado esse método, uma sessão, na maior parte das vezes, é o que basta para se ver livre do tumor. Mas, dependendo do resultado obtido, uma nova sessão pode ser necessária, segundo o radiologista intervencionista.
O período de recuperação para as duas técnicas é semelhante, entre um e dois dias de internação para observação, pois o paciente pode relatar dor, uma vez que o tratamento, por menos invasivo que seja, pode eventualmente gerar um desconforto, que será imediatamente aliviado com os medicamentos corretos.
“A pequena incisão é cauterizada no momento de retirar a agulha, portanto não há sangramento. A internação é pela dor que pode ser causada pela queima das estruturas do fígado”, expõe Dr. Corvello.
Quem pode utilizar essas novas técnicas
Como todo tratamento médico, deve-se ter em mente que não há um padrão. Existe um plano diante do que fora diagnosticado e que será seguido por uma equipe multidisciplinar. “Um paciente com as condições ideais para a ablação por radiofrequência é aquele que tem um tumor não maior do que 5 cm, pois em uma sessão ele é destruído”, ressalta Dr. Corvello.
Tumores maiores passarão por outros tratamentos antes de poder ser utilizado o método. “A quimioterapia sistêmica, a radioterapia e a quimioembolização são procedimentos para se reduzir o tamanho do tumor e pode ser queimado pela ablação”, esclarece o especialista.
O diferencial do tratamento
Antes o paciente diagnosticado com câncer realizava tratamento por químio, radioterapia e contava com procedimentos cirúrgicos invasivos para combater essa terrível doença. Hoje, pode contar também com os métodos cada vez menos invasivos, onde o tempo de recuperação é menor e o conforto bem como as possibilidades de cura só aumentam. “No momento, contamos com mais ferramentas para tratar a doença; a ablação por radiofrequência somou e bastante para tornar todo o tratamento mais eficaz”, relata o médico intervencionista.
A Radiologia Intervencionista é a especialidade que oferece um grande suporte no enfrentamento desse e de outros problemas, nas mais variadas patologias e especialidades médicas, como a Neurologia, Oncologia, Ortopedia entre outras.
O tradicional soma com o novo
Toda nova técnica introduzida na medicina pode servir a outras especialidades, como é o caso da Oncologia. Elas vêm para somar aos tratamentos já existentes. A quimioterapia sistêmica, que é aquela baseada em tratamento medicamentoso, nunca é abandonada, diante da eficácia mostrada durante os anos.
Ocorre que muitas pessoas não respondem bem a essa técnica e por isso devem ser agregados outros métodos de combate ao câncer. “Existem pacientes que fazem quimioterapia sistêmica e a quimioembolização. Muitos que não respondem podem recorrer à ablação e à quimioembolização. Existem protocolos para indicar qual a melhor associação, mas a químio e a radioterapia devem sempre ser preservadas. Essas se somam para tratar a doença com muito mais eficácia e de maneira menos agressiva ao paciente”, finaliza Dr. Corvello.
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