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Radiologia Intervencionista vem sendo utilizada com sucesso no tratamento do câncer de fígado

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Receber um diagnóstico de câncer é como levar uma pancada bem forte, daquelas que tiram você do chão e fazem perder o rumo. Até mesmo a palavra “câncer” é evitada por muita gente. E esse medo não é à toa: essa é a segunda doença que mais mata no mundo (em 2008, quase 14%, ou 7,6 milhões de mortes foram causadas por ela, segundo a Organização Mundial da Saúde).

Por outro lado, os tratamentos da doença vêm surtindo efeito: nos EUA, de 1950 até 2007, as mortes por câncer diminuíram 8%. Os oncologistas brasileiros garantem a cura de até 70% dos doentes, se diagnosticados no estágio inicial. Mas os ganhos não anulam as perdas. No Brasil, a parcela de culpa do câncer pelas mortalidade passou de 8%, em 1980, para 15%, em 2010.

O câncer de fígado é responsável por aproximadamente 4% das mortes causadas por esse mal no Brasil. Um dos órgãos de maior importância para o nosso corpo, o fígado remove ou neutraliza impurezas do sangue, produz agentes imunológicos para controlar infecções e remove germes e bactérias do sangue. É ele que regula a coagulação sanguínea e produz bile para ajudar a absorver gorduras e vitaminas lipossolúveis.

Entre as doenças hepáticas, o câncer é a complicação mais grave e frequente. A cada ano, cerca de 1,5 milhão de novos casos de câncer de fígado são registrados no mundo. Dentre os fatores de risco, podemos destacar uma possível relação com os vírus que causam os tipos B e C de hepatite. As pessoas que têm cirrose hepática também possuem mais chances de desenvolver a doença. O consumo excessivo de álcool e a desnutrição podem causar nesse órgão tanto cirrose quanto câncer.

A melhor opção de tratamento seria a remoção do tumor, mas isso nem sempre é possível. “A cirurgia é desaconselhada em casos de tumores muito grandes ou aqueles que crescem para dentro de grandes vasos sanguíneos, ou ainda, quando existem vários tumores distribuídos pelo fígado”, explica Dr. Alexander Ramajo Corvello, médico especialista em radiologia intervencionista.

Apesar dos números ainda não serem tão otimistas, é inegável o avanço da medicina no diagnóstico e no tratamento do câncer. Hoje já existem diversas técnicas no auxílio dos oncologistas que, se não trazem a cura, aumentam, e muito, a sobrevida do paciente. É o caso na Radiologia Intervencionista.

Dr. Corvello explica que a técnica, minimamente invasiva, utiliza-se de métodos não cirúrgicos, como o cateterismo, no qual uma fina cânula passa através da pele, pelas veias e artérias, levando aparelhos de altíssima tecnologia que guiam o profissional. “Por meio de incisões de dois a três milímetros, introduzem-se diversos tipos de cateteres para tratar várias patologias, como miomas uterinos, artérias rompidas e os tumores de fígado”, exemplifica.

Uma nova chance

O aposentado João Maria Ferraz dos Santos, de 71 anos, passou recentemente por um procedimento de quimioembolização. Há quatro anos ele foi diagnosticado com câncer no fígado e precisou retirar 60% do órgão para remover o tumor. De lá para cá, vem fazendo acompanhamento constante e apareceram alguns nódulos nos 40% restantes do seu fígado. “Não haveria muito a ser feito, até que a minha médica oncologista recomendou a radiologia intervencionista”, conta o aposentado.

Através deste procedimento, é possível injetar o quimioterápico dentro das artérias que irrigam o tumor e fechá-las. Assim, além do procedimento endovascular quimioterápico ficar em contato direto com o tumor, seu alimento, que é o sangue, é cortado, fazendo com que haja uma diminuição significativa de seu tamanho. “Como o fígado é nutrido preferencialmente pela veia porta, podemos embolizar (entupir) a artéria hepática que nutre o tumor sem prejuízo para o resto do órgão. A embolização é realizada com microesferas de gel (pequena partículas) que ficam expostas por cerca de uma hora ao quimioterápico. Com isso, a medicação entra para o interior das pequenas partículas, que se transformam em pequenas “bombinhas” cheias de quimioterápico que vão ser liberadas lentamente para o interior do tumor, matando-o”, explica Alexander.

A quimioembolização, muitas vezes, pode não significar a cura, mas estudos mostram que em 70% dos casos reduz as lesões, as dores, melhora a qualidade de vida e pode aumentar a perspectiva de vida naqueles pacientes em que a quimioterapia convencional não apresentou resultados satisfatórios e não há indicação cirúrgica. “O tratamento caiu do céu. Não tenho palavras pra agradecer, meu marido está ótimo”, reforça Maria de Lourdes, de 66 anos, esposa de João Maria. Ele faz questão de destacar que foi muito tranquilo passar pelo procedimento. “Não senti quase nada de dor e a recuperação tem sido fantástica. Fora de série.”

Outra técnica intervencionista muito eficaz é a ablação por radiofrequência. É um procedimento que visa a destruição do tumor através da emissão de calor (ablação por radiofrequência ou micro-ondas) ou de frio (crioablação). O médico realiza a punção do tumor com a agulha de ablação, sempre guiado por tomografia computadorizada ou ultrassonografia, e, através de cabos conectores, a agulha é ligada a um gerador. “Esse procedimento é ideal para pacientes não candidatos à cirurgia e, principalmente, aqueles com tumores que tenham em torno de seis centímetros de diâmetro”, explica Dr. Alexander Corvello.

Tanto a quimioembolização quanto a ablação por radiofrequência são armamentos efetivos para o combate ao câncer de fígado. “Em conjunto com o oncologista e o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, podemos proporcionar um tratamento eficaz”, ressalta Corvello. O medo e a insegurança acompanham o diagnóstico do câncer, mas, felizmente, a tecnologia trabalha a favor da medicina e permite que tratamentos sejam mais eficazes e menos invasivos. O importante é não desistir!

O que é o câncer?

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.

Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada de mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, músculo ou cartilagem, é chamado de sarcoma.

* Fonte: INCA – Instituto Nacional de Câncer.

 

O tratamento

A Radiologia Intervencionista pode intervir nos casos de tumores de fígado através de dois métodos:

Quimioembolização – consiste na injeção de pequenas partículas impregnadas de quimioterápicos, como se fossem microesponjas, nas artérias que irrigam o tumor. Em seguida, a artéria é fechada, cortando o fluxo sanguíneo para o tumor. O quimioterápico é liberado lentamente, em até 30 dias, o que tende a ocasionar a destruição do tumor ou uma considerável redução.

Ablação por radiofrequência – introdução de uma pequena agulha dentro do tumor. Esta agulha é conectada a um gerador que emite micro-ondas ou radiofrequência, queimando e destruindo o câncer.

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