Apneia Ronco

Sua vida depende do seu sono

Funções essenciais como conservação de energia, metabolismo anabólico e consolidação da memória, são desempenhadas quando dormimos

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O ditado popular já diz: “nada melhor do que uma boa noite de sono”. É a mais pura verdade. Se no decorrer dos dias a sensação é de cansaço, sonolência, irritação, dificuldade de concentração e a memória já não é mais a mesma, é bem possível que você esteja sofrendo de algum distúrbio do sono. Quer saber como resolver isso? Com boas noites de descanso. Dormir bem é tão importante para a vida quanto se alimentar ou beber água. Não é a toa que passamos cerca de um terço da vida dormindo. Algumas funções essenciais, como conservação de energia, metabolismo anabólico, amadurecimento do sistema nervoso central, consolidação da memória e secreção hormonal, são desempenhadas durante o sono. E o bom funcionamento do nosso cérebro e do nosso corpo está relacionado ao descanso obtido quando estamos dormindo. Uma noite mal dormida causa danos que podem ser comparados ao da embriaguez, como a falha na coordenação motora e a lentidão para o raciocínio.

De acordo com o Dr. Marcello Tamura S. Brasil, cirurgião dentista, graduado pela American Academy of Sleep Disorder e membro da Sociedade Brasileira do Sono, um dos distúrbios mais comuns é a síndrome da apneia obstrutiva do sono, que se caracteriza por uma série de paradas respiratórias que podem durar dez segundos ou mais. A apneia ocorre devido ao relaxamento dos músculos da garganta, que bloqueiam a passagem do ar e interrompem o sono diversas vezes, interferindo em inúmeras funções do corpo. Por conta dela, o paciente pode desenvolver problemas neurológicos, cardiológicos, musculares e hormonais (com sintomas semelhantes aos da depressão). “Muitas vezes a pessoa não sabe que tem apneia e acaba sendo medicada com antidepressivos, voltando a dormir melhor. Mas o problema real só está sendo maquiado e tende a piorar com o tempo”, ressalta o especialista.

Dr. Marcello lembra que, além de todos os danos à saúde, outro problema consequente da apneia é o ronco. “A vida social e os relacionamentos são prejudicados por este problema”. O especialista salienta que para se ter um sono saudável é preciso passar por todas as fases N1, N2, N3, N4 e o sono R.E.M. “Durante o sono há uma intensa atividade do metabolismo e do cérebro. É como se o corpo e a mente estivessem sendo calibrados para o dia seguinte”. Tudo começa quando a melatonina (neuro hormônio que tem a função de regular o sono) é liberada. Depois, na segunda fase do sono (N2), o ritmo do coração e da respiração diminuem e a temperatura do corpo cai. É a etapa que realça a sensação de descanso. Nas fases três e quatro (N3/N4) há uma baixa no cortizol, hormônio do estresse, e o corpo precisa desse alívio. É quando são liberadas as catecolaminas, que ajudam no controle da pressão arterial; o natriurético, que trabalha na questão urinária; e a somatomedina, que controla a variação do peso.

É necessário destacar a importância de uma bateria de exames para saber exatamente qual é o problema. “Uma investigação completa deve ser feita, incluindo exames como hemograma, lipidograma, colesterol, triglicerídeos e polissonografia, que faz um mapa do sono. Verifica-se o histórico do paciente, se ele é hipertenso, se tem glicemia ou creatinina alterada. Até mesmo a tireoide e o ácido úrico são medidos”, explica Dr. Marcello. Identificado o problema, parte-se para o tratamento. O uso dos aparelhos intraorais é uma das principais formas de se tratar a doença, pela facilidade de adaptação e pelos bons resultados. E tudo deve ser aliado a uma mudança de hábitos. “Perda de peso, prática de exercícios físicos, reeducação alimentar e a higiene do sono completam o tratamento”, revela o especialista.

Foi assim que o engenheiro civil Guilherme Frederico Shiavon, de 25 anos, descobriu a apneia do sono. “Eu já acordava assustado, estava sempre cansado e irritado. A baixa concentração e o problema respiratório me fizeram procurar um especialista”, conta Guilherme, que não fazia ideia que tinha um distúrbio do sono. Depois da polissonografia, ele descobriu que seus períodos de sono R.E.M. duravam de 10 a 15 minutos, quando o ideal são dois períodos de sono profundo, com uma hora de duração cada um. “Os resultados dos exames apontaram que no meu caso o tratamento indicado era o uso de uma placa intraoral”, conta o engenheiro. Essa placa auxilia a respiração durante a noite, restaurando a passagem de ar e fazendo o nível de oxigênio melhorar, impedindo a apneia. Depois da adaptação ao aparelho, Guilherme notou diferença na qualidade do seu sono. Três meses depois ele passou por uma nova polissonografia, onde foram detectados apenas nove eventos de Hipopneia (parada respiratória), enquanto no primeiro exame foram 81. “Hoje, minhas noites de sono são contínuas, acordo bem disposto, minha concentração e meu rendimento no trabalho melhoraram muito. Estou investindo na perda de peso, por meio de exercícios e mudança nos hábitos alimentares. Quero manter minha vida sempre mais saudável”, comemora.

Fique atentoaos sintomasde distúrbios do sono:

  • Sonolência diurna
  • Problemas de memória
  • Falta de concentração
  • Cansaço excessivo
  • Estresse
  • Ansiedade
  • Irritabilidade

Fases do sono:

Fase 1 – Melatonina é liberada, induzindo o sono (sonolência).

Fase 2 – Diminuem os ritmos cardíacos e respiratórios, (sono leve) relaxam-se os músculos
e cai a temperatura corporal.

Fases 3 e 4 – Pico de liberação do GH e da leptina; (sono profundo) cortisol começa
a ser liberado até atingir seu pico, no início da manhã.

Sono R.E.M.
– Sigla em inglês para movimento rápido dos olhos, é o pico da atividade
cerebral, quando ocorrem os sonhos. O relaxamento muscular atinge o máximo,
voltam a aumentar as frequências cardíacas e respiratórias.

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