Sonhar é preciso!
A apneia traz uma serie de complicações na saúde física e emocional, afetando a vida social e até profissional de quem convive com o problema
A economista Marília Manikowski Pietruk, de 46 anos, comia pouco e não conseguia emagrecer. Além disso, acordava, levava os filhos para a escola e sentia uma vontade imensa de voltar para a cama. Cansava rapidamente, tinha respiração ofegante e vivia desanimada. Se você se identificou com algum desses sintomas, é bom ficar atento, pois pode estar sofrendo de algum tipo de distúrbio do sono. É o caso de Marília.
Há anos ela não sonhava, pois não completava as quatro fases do sono. Marília descobriu que tinha flacidez na orofaringe (cordas vocais), o que provocava apneia, parada respiratória e ronco. “Hoje a apneia esta entre os principais tipos de distúrbio do sono e pode paralisar a respiração de uma pessoa por até 10 segundos, causando sérios danos à saúde física, mental e emocional. Isso sem falar nos incômodos sociais, devido ao ronco”, destaca Dr. Marcello Tamura Brasil, cirurgião dentista especialista na área respiratória e na Odontologia do Sono, membro da Sociedade Brasileira do Sono e da Escola Paulista de Medicina, graduado pela American Academy of Sleep Disorder (EUA) e pela University of British Columbia (Canadá), e que atua no corpo clínico do Hospital Vita Batel.
É com uma boa noite de sono que repomos nossa energia para recomeçar tudo no outro dia. Quando isso não ocorre, podemos ter inúmeros problemas físicos, como dor de cabeça ao acordar, arritmia cardíaca, dificuldade de concentração, sonolência diurna excessiva, irritabilidade e até mesmo depressão; e familiares, como brigas, desagregação e desunião ao dormir, podendo levar à separação do casal.
Dormir fora de casa era uma dificuldade. “Eu e meu marido não dormíamos mais na mesma cama, de tão alto que eu roncava. Ao viajar, tínhamos que ficar em quartos separados no hotel também. Na praia, já ocorreu dele precisar dormir no carro. Em um acampamento, perguntaram se era ele quem havia roncado a noite toda”. Ainda que a indagação tenha sido em tom de brincadeira, o casal ficou constrangido.
De volta à vida normal
Voltar a ter um ritmo de vida normal foi o que levou Marília a procurar uma solução para dormir bem. E ela conseguiu de forma bem simples, com um aparelho bucal feito de silicone termoativado que utiliza na hora de dormir. Ela se adaptou tão rápido que pediu a seu médico para utilizar o aparelho também durante as caminhadas.
Em menos de dois meses, o pequeno acessório mudou sua vida. “Quando sonhei pela primeira vez depois de tantos anos, fiquei tão feliz!” Ela também emagreceu dois quilos, sem fazer dieta, em menos de 40 dias. O desânimo e o cansaço foram embora. O fim da respiração ofegante permitiu que ela voltasse a se exercitar normalmente. E com o marido? “Já ensaiamos dormir juntos novamente”, conta ela.
Reeducar a respiração
José Roberto Roccon, engenheiro mecânico de 61 anos, também sofria com apneia e roncava muito alto, impedindo que a esposa, Sonia da Luz Roccon, de 55 anos, tivesse um sono tranquilo. Foi a pedido dela que ele procurou orientação profissional para solucionar o problema e descobriu a placa intraoral.
Ele conta que fez uso de outro aparelho, o CPAP, recomendado para graus mais severos de apneia, porém, não se adaptou. “Com a placa me adaptei desde a primeira noite, não me incomoda. É tranquilo”, diz. Dr. Marcello esclarece que a placa tem excelente resposta e é indicada para 75% dos casos. Aparelhos como o CPAP e o BIPAP são mais eficientes para quem tem grau severo, ou necessita de uma melhora imediata devido a problemas de saúde.
“O grande destaque da placa é que ela faz uma reeducação da respiração. O paciente melhora a respiração até mesmo quando não está usando o acessório”, destaca o especialista. Para José, que usa o aparelho há um ano, isso já está se tornando realidade. “Mesmo quando ele se esquece de levar a plaquinha, durante uma viagem, por exemplo, ronca bem menos e mais baixo”, conta a esposa.
Possíveis causas de distúrbios do sono
- Estreitamento ou oclusão da passagem de ar pelas vias aéreas;
- falta de coordenação dos músculos respiratórios;
- problemas na faringe;
- hipertrofia da língua;
- obesidade.
