Reconectado com a boa postura
A Reeducação Postural Global se associa a outras técnicas para trazer avanços significativos ao tratamento das dores e à manutenção dos resultados
Estamos o tempo todo conectados: em casa, no trabalho ou nos momentos de lazer, nos celulares, tablets, computadores e smart tvs, mas não nos damos conta de que toda essa tecnologia e interatividade oferece riscos, principalmente por causa da má postura, ao utilizarmos esses aparelhos.
“Flexionamos a coluna cervical incontáveis vezes ao longo do dia devido ao simples uso do celular; sentamos inadequadamente ao utilizarmos o computador, o tablet ou ao assistirmos à TV e tudo isso por horas, durante dias, meses e anos. O resultado são dores, lesões, lombalgias e principalmente hérnias de disco na região cervical”, declara Dra. Camilla de Campos Basso, fisioterapeuta especialista em Ortopedia, Traumatologia Desportiva, Pilates e Reeducação Postural Global (RPG).
Dra. Camilla, que também é uma das responsáveis pela Clínica Fisionorte em Curitiba, ressalta que os exames de imagem comprovam os problemas gerados pelo uso dos aparatos tecnológicos. Mas a fisioterapeuta enfatiza que felizmente a modernidade também trouxe soluções para tratar essas dores e problemas posturais recorrentes. A Reeducação Postural Global tem sido, para ela, a principal ferramenta. “Hoje ampliamos muito a visão de tratamento, através de técnicas conjuntas à RPG, como a quiropraxia, a osteopatia desportiva, o conceito Mulligan, a pompage e o pilates, que é utilizado principalmente após a alta. Essas técnicas, juntas, colaboram para atingirmos plenos resultados”, explica a especialista.
O que é a Reeducação Postural Global
A Reeducação Postural Global é uma técnica que se dedica a ensinar novamente as pessoas a se posicionarem de forma correta, a sentarem-se e até a respirarem adequadamente. O tratamento inclui orientações, exercícios específicos e posturas estáticas, que visam identificar, na biomecânica do corpo, quais os músculos que precisam ser alongados e/ou fortalecidos para corrigir e realinhar as alterações posturais, eliminando as dores e evitando o surgimento de novos problemas.
“Um dos diferenciais da RPG é a valorização da função estática dos músculos, que são solicitados em permanência e podem encurtar-se, perder sua flexibilidade e força, freando assim os movimentos e deformando o corpo”, enfatiza Dr. Luiz Eduardo Gunther, fisioterapeuta com formação em RPG. Ele nos explica que, diante de um quadro de dor, as pessoas tendem a adotar posturas compensatórias e acabam generalizando a dor cada vez mais. “Por isso, a importância de buscar o quanto antes uma solução. Com a RPG os resultados são rápidos e satisfatórios, pois as pessoas aprendem a eliminar os maus hábitos”, destaca.
A Reeducação Postural Global é uma técnica conservadora que visa prevenir e reabilitar pessoas que estão com dores agudas e/ou crônicas e até afastadas de suas funções profissionais. O método evita ainda que diversas patologias sejam cirurgicamente tratadas.
Bianca Teodoro Bon, 43 anos, sofria com obesidade e uma escoliose crônica. Há 14 anos fez a cirurgia bariátrica e eliminou 40 quilos, mas o problema postural continuava. “Foi aí que meu médico recomendou fazer a RPG”, diz a paciente. “Os exercícios me devolveram a flexibilidade e a disposição, ajudaram a corrigir minha postura, respiração, e não senti mais dores nas costas”, evidencia Bianca, que parou de fazer o uso contínuo de anti-inflamatório. “Voltei a fazer atividades físicas e artesanato, que era meu hobby. Pratico pilates desde então e me sinto muito bem”, destaca.
Técnica alinha terapias para aliviar a dor e melhorar a mobilidade
Dr. Roderley Reis Cirino, que trabalha com fisioterapia quiropráxica, explica que a técnica tem função de diagnosticar, tratar e prevenir quadros de desordens do sistema neuro-músculo-esquelético, mobilizando, manipulando e ajustando os músculos, tendões e articulações. “Trabalhamos com ênfase no complexo subluxação ou nas disfunções articulares que comprometem as funções e causam dor e perda de movimento. Como em uma entorse de tornozelo ou uma lombociatalgia, que aflige a região lombar podendo irradiar em quadril, coxas, pernas e pés, que é muito comum e gera dor e dificulta a mobilidade”, enfatiza o fisioterapeuta.
“A quiropraxia avalia detalhadamente cada paciente com exames de imagem, dados relatados e queixas principais, direcionando as causas das disfunções. A técnica corrige os ajustes das articulações, utilizando o thrust (um movimento de alta velocidade e baixa amplitude), momento em que pode se ouvir um estalido decorrente da liberação de gases contidos na articulação, realinhando e corrigindo assim disfunções”, em alguns casos, o Dr. Roderley afirma utilizar outras técnicas fisioterapêuticas para potencializar ainda mais os resultados.
A paciente Sílvia Botelho, 45 anos, farmacêutica e bioquímica da Aeronáutica, conta que, após consultar diversos especialistas, foi diagnosticada com uma séria cervicalgia e disfunção da articulação temporomandibular, tomou diversos medicamentos e realizou inúmeras terapias indicadas, porém sem sucesso. “Sentia muita dor na região do trapézio, tinha limitações para movimentar a cabeça e os braços. A dificuldade para dormir, então, era enorme devido a fortes dores de cabeça pela ATM e muitas vezes não tinha condições de ir ao trabalho”, revela Sílvia. A farmacêutica diz ainda que já na primeira sessão de fisioterapia quiropráxica percebeu a melhora e acabaram, dia a dia, as limitações dos movimentos e as dores. “Hoje eu vivo, consigo manter minha rotina de exercícios físicos e durmo muito melhor, sem qualquer uso de medicamento!”, celebra.
O pilates não contém contraindicações, nem de patologias e nem de idade. “Ele alonga e fortalece os músculos sem excesso de sobrecarga; reeduca a respiração, estimula a coordenação motora do paciente e fortalece o abdômen, o que é fundamental para reduzir a sobrecarga na coluna”, ressalta o fisioterapeuta Dr. Luiz Eduardo, instrutor de pilates na Fisionorte. “Os exercícios focam na qualidade dos movimentos em vez da quantidade, deixando o praticante revigorado após a prática”, acrescenta o fisioterapeuta.
No fim de 2015, a aposentada Aparecida Cabral dos Santos, 66 anos, foi praticamente obrigada por seu médico a tomar a decisão de realizar exercícios físicos regulares. “Eu sentia muitas dores nos braços e nas pernas, ao menor esforço, e ficava quase sem fôlego. Não tinha nem forças para erguer um balde de água ou fazer simples atividades domésticas”, explica. Foi assim que ela chegou à clínica e pouco a pouco foi conquistando a mobilidade e acabando com as dores. “Em três meses já me sentia fortalecida, não sentia mais dores, desempenhava os afazeres domésticos com normalidade, subia e descia escadas sem apoiar no corrimão e caminhava com vigor e nova postura”, revela. Hoje, ela motiva os outros a cuidar do corpo de forma contínua. “Pratico pilates, me sinto firme, meu bem-estar é completo, e dores, nem pensar!”, festeja Aparecida.
Priscila Cassaneli Ratin, 31 anos, começou a fazer fisioterapia porque sofria com dores na região lombar. Depois, descobriu que tinha duas hérnias de disco lombares e que precisava operá-las. “Viver com dor é a pior coisa que existe. Você não dorme direito, nem consegue desempenhar suas tarefas básicas do dia a dia, perde a independência e até a vida social. Isso acaba com a disposição e suga as forças”, conta Priscila. Seu médico recomendou que praticasse pilates antes da cirurgia. “Minhas dores diminuíram, fortaleci toda a musculatura e percebia os resultados durante e após cada sessão, e hoje mantenho tratamento fazendo pilates duas vezes por semana”.
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