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Que saúde!

Cirurgia bariátrica ajuda a reconquistar a saúde de pacientes obesos

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Estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.” É dessa maneira que a Organização Mundial da Saúde define saúde. Justamente o oposto do que vivia a auxiliar de enfermagem Raimunda Aparecida de Oliveira Alves, 46 anos. Os exames apontavam diabetes tipo 2, esteatose hepática (gordura no fígado), altos níveis de colesterol e triglicerídeos e hipertensão arterial. Além disso, ela convivia com a depressão, baixa autoestima, dificuldades respiratórias provocadas pelas constantes crises de asma, dores articulares e edemas de membros inferiores. Tudo em consequência de uma grande vilã: a obesidade.

Pesando 87 kg e com apenas 1,55 m, havia 16 anos que Raimunda tentava emagrecer. Dieta dos carboidratos, dos pontos, da sopa, da lua, do tipo sanguíneo, enfim, tudo que se pode imaginar ela tentou, incluindo programas alimentares orientados por nutricionistas e tratamentos prescritos por endocrinologistas, com o auxílio de medicações.

Como grande parte dos obesos, mesmo fazendo tudo direitinho, o máximo que ela conseguia era perder alguns poucos quilos, dos muitos que precisava eliminar. E mesmo esses em pouco tempo ela recuperava, vivenciando o chamado “efeito sanfona”.

Enquanto isso, sua condição física, emocional e social só piorava. Casada há 23 anos, o marido sentia falta de sua companhia nas reuniões sociais, que ela não queria mais frequentar por não se sentir bem com sua aparência. “Eu não encontrava uma roupa sequer que me caísse bem, o espelho e as fotos eram meus inimigos. Não tinha nenhuma motivação para sair de casa”, lembra Raimunda.

Quanto à discriminação que a maioria dos obesos sofrem, Raimunda conta que o que mais machucava eram os olhares e os comentários maldosos. Segundo ela, as pessoas que não convivem com o excesso de peso nem podem imaginar as limitações que um obeso precisa vencer no dia a dia. Pensar no futuro era algo que ela evitava fazer por medo: afinal, as medicações para controle do diabetes e da hipertensão arterial não surtiam os efeitos esperados.

Como profissional da área da saúde e, portanto, consciente da gravidade de sua situação, Raimunda procurou a cirurgia bariátrica.

A auxiliar de enfermagem já havia cuidado de alguns pacientes no pós-operatório de gastroplastia e sabia que a cirurgia – quando bem indicada, realizada por uma equipe qualificada e levada a sério pelo paciente – tem um resultado muito positivo no tratamento da obesidade. Seu medo era não suportar a dieta do pós-operatório.

Foi o apoio da família que lhe proporcionou o alicerce para realizar todo o protocolo antes da cirurgia e para manter a ansiedade controlada.

Raimunda foi operada no dia nove de junho de 2011, data que é celebrada como um marco divisor de águas em sua vida. “O tão temido pós-operatório foi muito mais tranquilo do que eu esperava. A dieta foi mais fácil do que qualquer outra que eu já tinha feito”, comenta.

Foi na volta das férias, apenas 29 dias após a cirurgia, que Raimunda pode entender o quanto tinha mudado. Não havia uma só pessoa que não notasse como ela estava mais bonita, mais alegre e mais jovem, já com nove quilos a menos, em menos de um mês.

Hoje, dois anos e meio após a cirurgia, Raimunda é pura satisfação. Ela está livre da hipertensão arterial, do diabetes, das dores articulares, dos edemas nas pernas, dos níveis alterados de colesterol e triglicerídeos, das crises asmáticas, da depressão e de nada menos do que 32 kg. “Tenho uma vida abençoada e feliz”, comemora.

Assim como Raimunda, milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com as consequências e limitações impostas pela obesidade. Infelizmente, é muito comum pensarem que o obeso está assim por ser preguiçoso, por não ter força de vontade ou mesmo porque não deseja a mudança. Ledo engano. A obesidade é uma doença de difícil resolução. A maioria das pessoas obesas já se submeteu a dezenas de tratamentos malsucedidos e/ou voltou a ganhar peso.

“Isso acontece porque a obesidade é uma doença crônica que, muitas vezes, envolve predisposição genética, além de hábitos de vida”, elucida o cirurgião do aparelho digestório Paulo Afonso Nunes Nassif, que há quase 15 anos coordena uma equipe de estudos e tratamentos da obesidade.

Segundo o médico, para que o tratamento tenha os resultados pretendidos (perda de peso acentuada e solução ou controle dos transtornos que a obesidade causa), dois critérios são indispensáveis: correta indicação cirúrgica, baseada na avaliação criteriosa de todos os profissionais de uma equipe multidisciplinar, e a participação do paciente no tratamento, modificando hábitos de vida e seguindo as orientações recebidas dos profissionais da equipe.

Seguir essas regras fez de Raimunda um exemplo de sucesso, que hoje esbanja alegria de viver, disposição, liberdade e saúde.

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