Paralisar ou preencher? Eis a questão
Pergunta difícil essa, até porque cada procedimento tem uma indicação específica. Mas, para não ficar na dúvida, que tal conhecermos um pouco mais sobre cada um e qual é o mais apropriado para cada tipo de problema?
Paralisando
A toxina botulínica tipo A é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Utilizada desde a década de 1970 no tratamento de estrabismo, espasticidade, distonia cervical e distonias faciais, bem como em tratamentos odontológicos, para relaxar pontos de tensão, seu uso na dermatologia iniciou-se quase que por acaso.
Hoje, é uma das armas mais poderosas nos tratamentos contra rugas, mundialmente conhecida pela capacidade de correção de rugas dinâmicas – aquelas marcas formadas pela expressão facial, como os famosos “pés-de-galinha”, rugas da testa e entre as sobrancelhas. A toxina atua paralisando e relaxando temporariamente a musculatura.
Como age?
“Ela age bloqueando a liberação de um neurotransmissor conhecido como acetilcolina nas sinapses e junções musculares. Para que os músculos se contraiam, os nervos liberam a acetilcolina. A toxina botulínica impede a liberação do neurotransmissor e, consequentemente, a contração das células musculares”, esclarece a Dra. Deborah Torre, médica dermatologista.
Por isso seu uso em tratamentos contra as rugas é tão popular. As rugas nada mais são do que o resultado da contração muscular; logo, ao injetar-se a toxina, ela irá paralisar os músculos, fazendo com que percam a capacidade de se contrair.
Para Marinês Durigan Sada, a técnica foi a melhor escolha. “Eu já havia feito outro tratamento, porém a experiência foi bastante dolorosa e o resultado, imperceptível. Nem de perto se comparou ao uso da toxina”, afirma ela. Marinês conta ainda que a aplicação não é dolorida e o resultado é rápido – em três dias, já podia sentir a diferença. “É ótimo! Fiquei muito feliz”.
Antes do procedimento, normalmente passa-se um anestésico tópico na área, dependendo da sensibilidade do paciente. Em seguida, a aplicação é feita com uma agulha muito fina, por onde é injetada uma quantidade pequena de toxina botulínica tipo A diretamente nos músculos faciais, para relaxá-los.
A aplicação parece simples, mas só deve ser feita por um profissional capacitado, pois sempre envolve riscos, ressalta Dra. Deborah. “Neste caso, o menos é sempre mais, e devemos cuidar em manter sempre uma harmonia, sem exageros”, reitera a especialista.
O procedimento demora cerca de 20 minutos e a recuperação é rápida. Seus resultados já são sentidos entre 48 e 72 horas após a aplicação, chegando ao ideal dentro de 14 dias. O tempo de ação é de cerca de quatro a seis meses, quando pode ser feita uma nova aplicação.
Como em qualquer procedimento, já foram relatados alguns efeitos colaterais, por isso são necessários certos cuidados. Alguns pacientes se queixam de dor e sensibilidade no local da injeção; pode ocorrer dor de cabeça transitória e reações alérgicas, mas são muito raras.
O tratamento pode ser usado por qualquer pessoa e a indicação é de acordo com a avaliação do profissional. “O seu uso precoce serve como meio preventivo. É possível começar a utilizar a toxina para retardar o aparecimento das rugas aos 25, 30 anos” relata Dra. Deborah. O procedimento é contraindicado somente na gravidez e em pessoas com doenças reumatológicas e autoimunes, podendo ser feito em qualquer época do ano.
Preenchimento: elevando a pele
Ao contrário da toxina botulínica, que paralisa a contração dos músculos, o preenchimento, como o próprio nome diz, preenche espaços. Nesse tipo de procedimento, são aplicadas substâncias para elevar a pele e diminuir a profundidade das marcas.
Entre as substâncias utilizadas para realizar o preenchimento cutâneo estão:
– Ácido hialurônico: produzido em laboratório, também é encontrado naturalmente na derme, segunda camada da pele. Muito usado para o preenchimento dos sulcos nasogenianos (“bigode chinês”) e aumento dos lábios, também pode ser aplicado nas rugas finas, como aquelas ao redor dos olhos ou dos lábios.
– Hidroxiapatita de cálcio: este é um dos produtos que busca o estímulo da produção de colágeno pelo organismo. Promove a melhora da flacidez da pele e o preenchimento de rugas e sulcos do rosto.
– Preenchimento com gordura: a gordura do paciente é colhida através de lipoaspiração e injetada no local desejado. É usado em rugas, linhas de expressão e, no caso de cirurgia plástica, para aumento dos glúteos.
Dentre esses, o ácido hialurônico tem sido o mais utilizado. Apesar de ser produzido em laboratório para o procedimento, é uma substância fabricada também pelo próprio organismo. Por isso, não causa alergia.
O preenchimento é feito introduzindo-se uma agulha ou cânula muito fina sob a área da pele a ser tratada. Costuma-se utilizar anestésico tópico para que o paciente se sinta mais confortável. Depois da aplicação, a pele pode ficar um pouco avermelhada, podendo ocorrer manchas roxas que saem em até dez dias. Pode durar de seis meses a um ano, dependendo do material utilizado.
Raramente podem ocorrer complicações, como reações alérgicas ou processos infecciosos. Por isso, a aplicação deve ser feita com um profissional habilitado, como lembra a Dra. Deborah. Além disso, “ao exagerar, por exemplo, na aplicação do preenchimento, perde-se a harmonia facial, deixando o rosto com aspecto artificial”.
Assim como no caso da toxina, o preenchimento não tem restrição quanto à idade e também pode ser aplicado em qualquer época do ano.
Mesmo esses procedimentos minimamente invasivos, que parecem até banais, requerem cuidado. Afinal, todos querem ganhar um aspecto mais jovial, mas ninguém deseja perder a naturalidade das expressões. Para uma pele sempre bonita, o segredo é prevenção: tome muita água, coma frutas e verduras, faça exercícios, hidrate-se e proteja-se do sol. Visite o seu dermatologista regularmente: a saúde da sua pele agradece, e a beleza também!
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