Obesidade
uma das causas da apneia do sono
A obesidade pode ser considerada a doença do século. Segundo um estudo publicado em abril de 2016 na revista britânica Lancet, existem 641 milhões de adultos obesos no mundo e pela primeira vez, em 40 anos, esse índice ultrapassou o número de pessoas abaixo do peso. No Brasil, existem cerca de 30 milhões de obesos, ou seja, um quinto da população brasileira tem o IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 30.
“Pessoas obesas estão submetidas a níveis mais altos de estresse, irritabilidade, ansiedade e sonolência, e muitas delas possuem distúrbios de sono ainda não diagnosticados”, alerta Dra. Olga Judith Fustes, médica neurofisiologista com mestrado em Sono pela Universidade de Sevilha, na Espanha, e membro da Sociedade Brasileira do Sono.
A especialista em distúrbios do sono alerta que para dormir melhor não basta apenas deixar as preocupações de lado, mas sim, ficar de olho na balança. “A atividade física é parte do tratamento de inúmeras doenças, inclusive dos distúrbios do sono. Os exercícios são como um protetor cerebral, que troca os estímulos compulsivos por pensamentos saudáveis. Isso interfere no corpo como um todo”.
Em busca da qualidade de vida
Quem hoje vê o jovem Adam Coelho de Aguiar, 27 anos, não acredita que no auge da juventude ele chegou aos 152 kg. “Aos 23 anos, recém-formado em Biologia, estava com obesidade mórbida. Eu acordava cansado, tinha problemas para dormir, estava irritado a todo momento e rangia os dentes à noite”, afirma Adam.
Mais novo entre os irmãos, decidiu mudar de vida e buscar ajuda. “Meu irmão foi quem me indicou a Dra. Olga. Fiz a polissonografia para saber o que tinha e nela ficou constatado que era apneia do sono. Foi então que realmente caiu a ficha de que eu precisava de ajuda”, lembra.
A polissonografia é o exame padrão para o diagnóstico dos distúrbios do sono. “O paciente dorme uma noite na clínica, onde é monitorado por um aparelho que mede os indicadores do corpo humano. Com vários eletrodos no corpo, são registradas todas as atividades elétricas (cerebral, cardíaca e respiratória), incluindo a sua movimentação enquanto dorme”, explica a médica. O paciente é observado por um técnico, que acompanha todos os seus sinais vitais. Atualmente, já é até possível realizar esse exame em casa.
Doutora Olga Judith explica que precisamos atingir a eficiência do sono. “Um adulto deve atingir eficiência de sono superior a 85%. O paciente Adam registrou 49%, com mais de 20 apneias por hora. Realmente, um caso de extrema urgência para tratamento”, evidencia a médica.
Com o diagnóstico em mãos, o jovem, para dormir, passou a usar o CPAP (aparelho que ajuda a inflar o ar pelas vias respiratórias). “Só com a máscara, cheguei a perder peso e deixei de começar uma atividade física achando que o problema estava resolvido. Ocorre que minha apneia subiu de grau II para III, e foi preciso um reajuste de ar no aparelho.
Também passei a me consultar com um nutrólogo para fazer um plano alimentar mesclado com atividade física”, relata Adam.
O jovem continuou a usar o aparelho (CPAP), a fazer dietas, exercícios, suplementações e, em seis meses, eliminou 63 kg. “Impressionou não só a mim, mas também aos médicos. Voltei a me consultar com a Dra. Olga, refiz a polissonografia e ganhei alta do aparelho!”, comemora. Por sua vez, a médica ressalta a importância de não abandonar o tratamento: “Apesar das adversidades, o paciente precisa seguir com o tratamento adequado ao seu estágio e continuar frequentemente com o especialista. No caso de desistência, os sintomas podem retornar até em níveis mais graves e de maior intensidade, trazendo incômodos ainda maiores ao paciente e à sua família”, alerta.
Hoje, Adam está no segundo ano de Medicina, e “graças” à preocupação com a obesidade foram surgindo muitos planos. “Com certeza, tive um empurrãozinho – pela história com apneia do sono e obesidade – para cursar Medicina. Inclusive, estou em fase final de lançar um livro sobre a relação da obesidade e os distúrbios do sono. Nele, conto minha relação e superação para perder peso e ganhar qualidade de vida. Estou muito feliz!”, finaliza o jovem.
Sintomas dos distúrbios do sono
• Ronco;
• Insônia e sonolência excessiva durante o dia;
• Indisposição;
• Dores de cabeça matinal;
• Irritabilidade pela manhã;
• Ansiedade;
• Variações de pressão arterial e hormonais e arritmias cardíacas;
• Obesidade;
• Falta de concentração e memória.