Na ponta da agulha
Medicina chinesa, aliada a outras terapias naturais, proporciona bem-estar e melhora para a saúde dos pets
Tratar dos animais é algo mais complexo do que se imagina. Eles não compartilham as suas queixas, nem mesmo a intensidade do problema. A medicina chinesa, milenar, forma, juntamente com outras técnicas, uma alternativa bastante eficaz para o tratamento e manutenção da saúde do seu animal de estimação.
O método terapêutico de origem chinesa chamada acupuntura, já é reconhecida tanto na medicina humana como na veterinária. O estímulo dos acupontos, escolhidos de acordo com a necessidade de cada paciente, reflete no alívio de dores, tensões físicas e emocionais; além de diminuir inflamações, melhorar a imunidade e o funcionamento de órgãos, restabelecendo assim o equilíbrio e ativando a autocura do organismo.
“A técnica pode ser aliada a outras terapias naturais ou até mesmo à alopatia, diferentemente do que muitos pensam, de modo errôneo, que o uso da alopatia compromete os efeitos da acupuntura. Muito pelo contrário, quando associamos as duas medicinas, podemos diminuir os efeitos colaterais dos medicamentos e otimizar a capacidade de recuperação da saúde do paciente”, esclarece Dra. Rika Yamane, médica veterinária, especialista em Acupuntura em animais, com mais de 15 anos de experiência. “Na medicina chinesa tratamos o paciente como um todo, não apenas o local onde identificamos dor ou incapacidade, pois seu organismo precisa estar equilibrado para que funcione bem”, explica Dra. Rika. De acordo com a médica veterinária, quando a acupuntura é proposta ao animal é preciso observar seu comportamento, pois existem bichinhos que não gostam de serem tocados ou de permanecerem parados, dificultando o tratamento com acupuntura tradicional. “Para esses casos utilizamos, por exemplo, as técnicas japonesas, que seguem os mesmos princípios, mas utilizam agulhas mais finas ainda em pontos mais superficiais ou até métodos não invasivos, com materiais específicos que dispensam a inserção de agulhas, o que reduz a sensação de desconforto durante o tratamento”, esclarece a especialista.
Também para os pets que recusam a inserção de agulhas, a técnica pode ser realizada com laser, que estimula os acupontos através da emissão de luz infravermelha unidirecional, é indolor e sem efeito térmico; ou ainda a moxabustão, que, diferentemente da laserpuntura, promove o aquecimento de pontos e meridianos específicos por meio da queima de bastões de Artemísia (erva medicinal), ajudando a normalizar o fluxo da energia vital do paciente. “Ambos estimulam o restabelecimento do equilíbrio no organismo do animal”, afirma Dra. Rika.
Saúde e qualidade de vida
O Golden Retriever Ozzy, de 7 anos, foi diagnosticado com displasia coxofemoral e espondilose (bico de papagaio) na coluna em abril de 2016, e o tratamento do paciente começou com sessões semanais de acupuntura, que são iniciadas com uma massagem relaxante utilizando óleo de lavanda e finalizadas com acupuntura. “Ozzy continua em tratamento, e os pontos de acupuntura variam semanalmente”, conta a dona do cão, Érika Fryszman, que segue as orientações da veterinária em casa e tem como rotina diária os cuidados com Ozzy: “O que faz toda a diferença para que ele permaneça bem”, afirma.
De volta à caminhada
Alexandra Hayashi conta que a pequinês Pretinha, quando tinha 4 anos, sofreu um trauma durante assalto ocorrido em casa e ficou machucada. Porém não apresentou problema algum de imediato, talvez pelo fato de ainda ser jovem: “Passado um ano, adotei um filhotinho abandonado para lar temporário e a Pretinha passou a ficar muito agitada, foi quando começou a sentir dores”. Segundo Alexandra, o quadro evoluiu de tal maneira que Pretinha teve as patas traseiras paralisadas. “Procuramos tratamento e o diagnóstico foi de quatro hérnias na coluna”, acrescenta. O tratamento foi iniciado em agosto de 2017, com sessões de acupuntura, incluindo injeções de vitamina B 12 em alguns pontos e também tomou fitoterápicos. Após três meses de tratamento, ela voltou a caminhar. A Pretinha não apresenta sequelas, a única restrição é quanto a subir as escadas. “Evitamos também que ela pule no sofá para protegê-la de uma crise e, além disso, fazemos sessões esporádicas para a manutenção de sua saúde, que por sinal está bem melhor”, declara.
Paciente gato
Bob Marley, um gatinho de 12 anos, começou a apresentar problemas em novembro de 2013. “Após uma cirurgia de uretrostomia e duas repetições do procedimento em um período de dois anos, Bob teve a indicação de uma nova cirurgia devido à complicação e obstrução uretral”, conta sua dona, Janaciara Moreira Ribas. Então, em vez de passar por mais uma cirurgia, Bob começou a ser tratado com acupuntura e cromoterapia e, em seguida, terapia neural. “À medida que o tratamento foi evoluindo, as consultas ficaram mais espaçadas. Atualmente, fazemos sessões mensais de manutenção e, às vezes, em situações de crise”, conta Janaciara. “A resposta comportamental logo após as sessões é ótima! Ele fica zen, e o mais importante é que melhora significativamente sua qualidade de vida!”, celebra.
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