Miomas Uterinos
Eles já não precisam ser vistos com espanto. Há tratamento, há cura
Miomas, também conhecidos como fibromas ou leiomiomas, são tumores não cancerígenos, ou seja, benignos, formados por tecido muscular, que se desenvolvem no útero. Não são uma forma de câncer e não correm o risco de se transformarem em um.
O útero é formado basicamente por músculos, e o mioma é o crescimento anormal de uma área desta musculatura. Pode aparecer em vários locais do útero e variar de tamanho, provocando ou não sintomas.
Até algum tempo atrás, o problema era tratado com a retirada parcial ou total do útero via cirurgia ou tratamento clínico, o que poderia acarretar reações adversas físicas e também emocionais, como problemas de autoestima. Afinal, o útero é considerado um sinônimo de fertilidade e feminilidade. Para algumas mulheres, a retirada significa a perda de sua essência, que é de ser mulher, com tudo que essa palavra implica.
Hoje em dia, devido ao conhecimento disponível e ao próprio perfil da mulher moderna, que é o de se manter informada e ser mais pró-ativa no que diz respeito a sua saúde e bem-estar, ela pesquisa e procura o tratamento que mais lhe convier.
A tecnologia é uma arma que pode ser utilizada a favor das mulheres. A embolização do mioma surge como uma alternativa não invasiva, de recuperação rápida e que apresenta como vantagem a preservação do útero. “Essa opção não cirúrgica preserva o útero em sua totalidade”, afirma Dr. Alexander Ramajo Corvello, radiologista intervencionista do Instituto de Radiologia Intervencionista – Inrad e do Endorad. Isso significa que a possibilidade de ser mãe continua sendo real. Diversas pacientes já conseguiram ter filhos pós-embolização, o que é bastante animador para quem apresenta o problema e ainda não conseguiu realizar o sonho.
CAUSAS
Os médicos não conseguem precisar ainda as causas do aparecimento do mioma, mas sabe-se que seu crescimento está associado principalmente à produção de estrógeno.
Uma em cada cinco mulheres pode ter fibromas durante a idade fértil, e metade apresenta o problema antes dos 50 anos.
É importante ressaltar que não há motivos para pânico: o mioma é um tumor uterino benigno. Porém ele pode desencadear sintomas leves e moderados, interferindo diretamente no dia a dia e na qualidade de vida da paciente.
SINTOMAS
Os sintomas são vários e alguns podem até ser confundidos com outras doenças.
Portanto, é importante procurar um médico em caso de:
- Cólicas;
- Dor pélvica, abdominal, nas costas ou nas pernas e dor durante a relação sexual;
- Distensão abdominal com sensação de peso ou pressão na pelve;
- Períodos menstruais extensos com sangramento excessivo;
- Anemia;
- Perda espontânea da urina;
- Algumas mulheres relatam até mesmo dificuldades para evacuar.
Além dos citados, a dificuldade para engravidar (tentativas que passam de um ano) deve ser investigada, alerta o especialista.
Alguns miomas são assintomáticos. Por isso, muitas desconhecem que possuem o problema. Fique atenta!
Recomendações
Uma das recomendações mais importantes é a visita ao ginecologista regularmente, pois somente assim será possível diagnosticar os miomas.
“Pratique exercícios, pois eles ajudam a diminuir os níveis de estrógeno no organismo, e procure levar uma vida saudável, o que lhe trará muitos benefícios” recomenda Dr. Corvello.
DIAGNÓSTICO
A descoberta do mioma pode ser feita através de um levantamento do histórico da paciente, um exame ginecológico criterioso, ultrassonografia transvaginal ou pélvica e ressonância magnética.
Técnica
A embolização foi utilizada para tratar miomas pela primeira vez em 1995. É uma técnica não cirúrgica e consiste na introdução de um cateter por um pequeno furo de 2 mm na região da virilha, por onde passa a artéria femoral. O médico guia o cateter, usando imagens de alta definição, até as artérias uterinas que irrigam o mioma, o que não gera dor à paciente. Pelo cateter são injetadas micropartículas de hidrogel que farão a obstrução das artérias, interrompendo o fluxo sanguíneo que alimenta os miomas. Assim, eles diminuem de tamanho e param de sangrar, eliminando os sintomas.
O produto utilizado é sintético e não provoca rejeição do organismo. O procedimento dura de 40 minutos a uma hora e é realizado sob anestesia peridural ou apenas local, em alguns casos. Para o Dr. Corvello, a peridural é pouco agressiva, mais segura e eficaz, uma vez que anestesia a paciente no momento da intervenção e proporciona uma analgesia durante as primeiras 24 horas pós-embolização.
O procedimento é feito de tal maneira que não interfere nas funções normais do útero, pois ele passa a receber nutrientes através das circulações colaterais, além da própria artéria uterina, que se mantém saudável. Uma paciente submetida à técnica pode retornar às suas atividades normais em torno de quatro a sete dias.
Segundo o Dr. Alexander Corvello, a redução do volume dos miomas por meio da embolização pode chegar até 80% nos oito primeiros meses e há melhora dos sintomas em até 92% dos casos.
A embolização é realizada pelo especialista em radiologia intervencionista e trata casos de tumor benigno ou maligno no rim ou fígado, aneurismas do cérebro, das vísceras e de más formações das artérias e veias. Os resultados são permanentes, o que exclui a necessidade de um procedimento terapêutico tradicional adicional.
A embolização das artérias uterinas proporciona melhor qualidade de vida às mulheres que possuem miomas, pois “controla os sintomas, como hemorragia e dores, tão comuns para quem sofre do problema”, explica Dr. Alexander Corvello.
A técnica da embolização era apenas utilizada em sangramentos pós-parto ou trauma pélvico. Somente na década de 1990, quando o ginecologista francês Jacques Ravina utilizou-a no pré-operatório de uma paciente portadora de um grande mioma uterino, é que a embolização passou a ser utilizada no tratamento de miomas no útero.
QUEM PODE SE BENEFICIAR COM A TÉCNICA
De acordo com o Dr. Corvello, somente pacientes que apresentam sintomas que alterem sua qualidade de vida podem iniciar o tratamento, pois “miomas assintomáticos, geralmente, não requerem qualquer tratamento e devem apenas ser acompanhados clinicamente”. Além disso, como revela o radiologista intervencionista, na Medicina, qualquer decisão deve levar em consideração formas de tratamento que apresentem menos riscos e maiores benefícios ao paciente. O especialista ressalta ainda que “a embolização uterina atua em conjunto com o tratamento clínico e cirúrgico. Para um resultado mais eficaz, cada caso deve ser estudado de maneira individualizada”.