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Embolização uterina: rápida e indolor contra miomas

Cirurgia minimamente invasiva tem recuperação rápida e resultados eficazes

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Ele é silencioso. A maioria das mulheres que o tem não sente nenhum tipo de incômodo. Até que tenta engravidar e não tem sucesso, ou que os sintomas avançam a níveis insuportáveis. São os miomas no útero, e estima-se que 50% das mulheres em idade reprodutiva tenham esse problema.

Trata-se de um tumor benigno que se forma a partir do músculo que reveste a parede uterina, chamada miométrio. O mioma pode se desenvolver a partir da primeira menstruação até a menopausa. “Fora deste período torna-se menor a possibilidade de desenvolvimento de miomas, pois eles dependem dos hormônios produzidos durante o período fértil”, explica o médico radiologista vascular intervencionista Dr. Alexander Ramajo Corvello, que há 14 anos trata miomas por meio da embolização uterina, técnica que preserva o útero e, em muitos casos, a fertilidade.

O sintoma mais frequente nas mulheres que possuem miomas uterinos é o sangramento vaginal excessivo, principalmente durante a menstruação e, em geral, com saída de coágulos, o que pode até mesmo provocar anemia. “Quando os miomas crescem muito, podem comprimir a bexiga e o intestino, levando à urgência urinária e à obstipação intestinal, respectivamente. Cólicas menstruais, dor durante o ato sexual e dores pélvica ou lombar também podem ser causadas por miomas.”, explica o especialista.

Estes foram os sintomas que a advogada Josete Sadowsky Monteiro, de 47 anos, sentiu por dois anos, até descobrir a eficácia da embolização. “Fiz tratamento à base de hormônios e não resolveu. Eu vivia inchada e desconfortável”, lembra. Ao ver uma reportagem sobre embolização, ela conversou com sua médica e procurou se interar sobre as várias formas de tratamento de mioma.

Informada, Josete foi atrás de respostas. Nos exames e na consulta com o médico, descobriu que tinha indicação à embolização de mioma uterino. “O procedimento foi tranquilo e só precisei de internamento por 24 horas. Minha recuperação foi muito rápida! Em apenas 15 dias após a realização do procedimento, já tinha voltado à academia e à minha rotina normal”, conta ela feliz, quase um ano após o procedimento. “Hoje não tenho mais desconforto, meu sangramento menstrual está regulado e minha saúde está bem. Foi exatamente o que eu queria e precisava”, diz satisfeita.

 

Reconhecimento da técnica

A embolização para miomas uterinos é um procedimento seguro, praticado há 18 anos em todo o mundo e autorizado pelo Ministério da Saúde. Pode ser realizado através de planos de saúde, já que consta no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde. “É uma alternativa efetiva no tratamento dos casos indicados, chegando a 92% de índice de sucesso, quando bem indicado”, conta o Dr. Alexander Corvello.

O especialista é um dos precursores da técnica no país e a realiza há 14 anos. Para ele, a grande vantagem é a segurança. “É considerada minimamente invasiva, por ser feita por cateterismo, sem cortes, e preserva o útero, o que é o mais importante. O tratamento é de baixo risco, exige o mínimo de internação e tem rápida recuperação. Em média, após dois dias, a maioria das pacientes retorna para suas atividades normais”. A técnica é reconhecida no mais alto grau de evidência científica pela Sociedade Americana de Ginecologia e Obstetrícia e pelas Sociedades Americana, Europeia e Brasileira de Radiologia Intervencionista.

Foram a segurança e alto índice de sucesso que levaram a analista de laboratório Marina do Carmo Sansão, de 51 anos, a procurar o tratamento. “Tinha passado por vários médicos e a cada nova consulta saía chorando, porque a única alternativa era a retirada do útero, até que um dia me deparei com uma nova possibilidade, na qual coloquei todas as minhas esperanças”, conta.

Ela, que mora em São Paulo, veio a Curitiba para a consulta, na qual ficou sabendo ter indicação para a embolização. “Fiquei feliz e animada com a possibilidade. O procedimento foi rápido e indolor. Dois dias depois eu estava em casa, a recuperação foi simples e veloz. Sequer fiz uso dos medicamentos receitados, pois não tive dor”, comemora Marina.

 

Eficácia

Como não há cortes profundos, a possibilidade de haver dor é menor. “O procedimento é realizado através de um furo de apenas três milímetros, na altura da virilha, por onde é inserido o catéter, que é guiado até a artéria uterina que irriga, alimenta, o mioma. Então, injetamos minúsculas partículas de hidrogel, um material que não ocasiona rejeição pelo corpo humano e que bloqueia o fluxo sanguíneo que alimenta o mioma, o que leva a sua diminuição e ao fim dos sintomas”, explica o Dr. Corvello.

Com alto índice de sucesso, o procedimento só não é recomendado quando o mioma ultrapassa 10 cm de diâmetro. “A embolização já existe há 40 anos, para traumas e pós-operatórios, mas há 18 anos também se mostra eficiente nos casos de miomas uterinos. Em alguns casos, é utilizada como medida pré-operatória, para que haja a diminuição antes da completa retirada”, conta ele.

O Dr. Corvello explica que 10 a 15% das mulheres que realizam o procedimento durante o período fértil e que não podiam engravidar devido à doença acabam engravidando e tendo uma gestação tranquila. O principal foco da embolização de miomas uterinos é garantir a qualidade de vida da paciente através da solução dos sintomas que este tumor acarreta, mas acaba tendo este bônus.

Se a mulher tiver qualquer dos sintomas, deve procurar seu médico ginecologista. “Temos como tônica a melhora da qualidade de vida. Por exemplo: se a mulher acorda para ir ao banheiro mais de duas vezes durante a noite, não terá uma boa noite de sono e não vai descansar, o que comprometerá a qualidade do seu dia”, exemplifica o Dr. Corvello. Quadros de dor, anemia por sangramento ou dor no ato sexual também devem levar a mulher a procurar um médico. “O sexo é muito importante na vida de um casal, e se a mulher sente dor, aí há um problema. Qualquer um dos sintomas normais da doença levam à perda da qualidade de vida das pacientes e, por isso, o problema deve ser tratado e identificado”, diz o especialista.

Para determinar se há ou não miomas uterinos, é simples: basta a realização de uma ultrassonografia. “O exame é simples, sem complicações e dá um parecer inicial muito bom. Posteriormente realiza-se a ressonância magnética, para ter todos os detalhes do tipo de mioma e demais propriedades”, explica o médico.

 

Tipos de miomas

Subserosos: Aparecem e se desenvolvem acima da camada externa do útero. Normalmente, não afetam o fluxo menstrual, mas podem causar dores no baixo ventre, na região lombar e sensação de pressão no abdômen.

Pediculados: Inicialmente crescem como subserosos ou submucosos e se descolam parcialmente do útero, ficando ligados a ele apenas por um pequeno tecido chamado pedículo. Este tipo pode ser facilmente confundido na ultrassonografia com tumores ovarianos.

Intramurais: Se desenvolvem na parede do útero, podendo expandir para dentro ou para fora, aumentando o tamanho do órgão. Este é o tipo mais comum de mioma, que causa grande sangramento menstrual, intensas cólicas e dores lombares, além de dor durante a relação sexual, necessidade constante de urinar e possível constipação intestinal.

Submucosos: Este tipo de mioma aloca-se dentro da cavidade uterina. É o tipo menos comum.

 

O procedimento já é realizado em pelo menos dez hospitais de Curitiba pelo Dr. Corvello e há três meses passou a ser feito na Angiopar, dentro do Hospital Nova Clínica, em São José dos Pinhais, de forma particular ou por planos de saúde.

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