Coração em dia
Como prevenir doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares – já muito estudadas e conhecidas, tanto da classe médica quanto da população em geral – são a principal causa de mortalidade não só no Brasil como em todo o mundo. De acordo com estatísticas da Sociedade Brasileira de Cardiologia, diariamente cerca de 950 pessoas morrem no país por problemas relacionados ao coração. Um número assustador que poderia ser reduzido com medidas simples. Mas você as conhece?
Para manter a saúde, sabe-se que é necessário praticar atividades físicas regulares, não fumar, ter um controle adequado do peso e evitar o consumo excessivo de sódio. Além disso, de acordo com o cardiologista Dr. Rafael Yared Forte, outra atitude importante a ser tomada é consultar regularmente um cardiologista. “Muitas vezes as doenças cardiovasculares podem ser prevenidas e tratadas antes de causarem a morte ou internações, porém algumas vezes essas ações são negligenciadas pela falta de avaliação médica adequada”, informa o especialista, que integra o corpo clínico da Prime Cor, em Curitiba.
Essa negligência ocorre porque os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares – que são a hipertensão arterial, Diabetes Mellitus, alterações de colesterol, tabagismo, obesidade, sedentarismo, história familiar de doença cardiovascular precoce e idade avançada – não apresentam sintomas, em sua maioria, o que significa que podem não ser percebidos pelos pacientes, que já podem apresentar complicações cardiovasculares sem mesmo saber que estão doentes.
Dr. Rafael explica que para fazermos a detecção precoce dos fatores de risco e das suas complicações cardiovasculares devemos lançar mão de exames cardiológicos detalhados que nos ajudam a fazer a prevenção e tratamento individualizados, seja com medidas de estilo de vida, medicamentos ou até mesmo procedimentos invasivos como o cateterismo cardíaco e cirurgias.
Nesse sentido, fazer o velho conhecido check-up cardiológico tem por objetivo, não apenas diagnosticar precocemente doenças, mas sobretudo evitar que elas apareçam e com isso reduzir o risco de morte. “Com os avanços da medicina, é possível detectar alterações ainda na fase inicial, por meio de exames de altíssima precisão que muitas vezes possibilitarão reverter o quadro de muitas doenças, que poderiam ser fatais, antes mesmo que elas se tornem um problema grave”, orienta o médico.
O supervisor de manutenções, Gilney Cesar Melchiori Rauth, 59 anos, tem uma vida profissional bem agitada e estressante, por isso é muito rigoroso e realiza os exames que seu cardilogista solicita.
“Há quase 10 anos faço regularmente esse acompanhamento porque acredito realmente na máxima de que prevenir é o melhor tratamento que existe. No meu último check-up apareceu uma pequena alteração em exames laboratoriais e já fui encaminhado para a endocrinologista para iniciar o tratamento, que teve uma resposta rápida. Se eu não tivesse feito os exames, certamente descobriria quando a situação já estivesse grave” – conta Gilney.
Quando consultar um cardiologista?
Para iniciar uma prática de atividade física, todo paciente, independentemente de idade, deve fazer avaliação cardiológica com eletrocardiograma e, além disso, a partir dos 35 anos, também deverá realizar teste de esforço.
Pacientes que já detectaram alterações como colesterol alto, hipertensão, diabetes e, para quem já teve infarto, obrigatoriamente devem realizar o acompanhamento periódico com um cardiologista, pois essas doenças não possuem cura, mas podem ser controladas. Caso não sejam, o risco de complicações graves é alto, como derrame (acidente vascular cerebral) e infarto.
O que muitas pessoas deveriam saber é que o ideal é que todos os adultos acima dos 20 anos devem realizar essa avaliação cardiológica, mesmo que estejam saudáveis e não apresentem agravantes. A presença de histórico familiar e outros sintomas – como falta de ar, palpitações e dores no peito, diabetes, obesidade e/ou hipertensão arterial – devem antecipar a necessidade dessa consulta.
O aposentado Wilson Alves Filho, 64 anos, adquiriu o hábito de fazer periodicamente seu check-up por incentivo da empresa em que trabalhou por anos. Seu pai faleceu ainda jovem, vítima de um infarto e por isso, mesmo não precisando mais cumprir uma determinação, continuou anualmente consultando o cardiologista e realizando todos os exames solicitados.
“Meu pai faleceu em uma época diferente, sem os recursos e a cultura que hoje temos. Com tanta tecnologia a nosso favor, não há porque não se prevenir. Tive alguns colegas de trabalho que tiveram suas vidas salvas por descobrirem as doenças em fase inicial nesse tipo de exames. Por isso, essa foi uma prática que adotei como hábito e transmiti também aos meus filhos”, comenta Wilson.
Mas engana-se quem pensa que o check-up cardiológico é apenas uma bateria de exames realizados sem qualquer critério. O cardiologista Dr. Francisco Pupo Neto esclarece que, para que se tenha uma resposta adequada, o check-up se inicia na consulta com o cardiologista, que investigará quais são as queixas do paciente, sua história clínica, antecedentes de doenças cardíacas na família e a presença de hipertensão arterial ou diabetes. Além disso, o médico realizará o exame clínico (ausculta cardíaca, verificação da pressão arterial e peso do paciente) e somente a partir disso é que serão solicitados os exames de acordo com cada caso. A frequência dessas avaliações também varia de acordo com o perfil do paciente e será determinada pelo especialista.
A tendência atual é de que os grandes serviços de cardiologia ofereçam tudo isso em um único espaço, evitando que o paciente tenha de se deslocar a diversas clínicas para fazer o que for necessário e que demore a ter os resultados dos exames. “Geralmente, o paciente vem para uma consulta, quando essas primeiras avaliações são feitas, já o encaminhamos para exames. Muitos deles são realizados na própria clínica, otimizando o tempo do paciente e facilitando o agendamento, bem como possibilitando a discussão do tratamento por uma equipe multidisciplinar que em conjunto definirá o melhor tratamento”, elucida Dr. Pupo, também cardiologista da Prime Cor.
Check-up in company
Um dos motivos mais comuns para que as pessoas adiem suas avaliações de saúde, como fazer check-ups, é a falta de tempo. Imagine então quando se trata de executivos, pessoas que geralmente têm suas agendas diárias tomadas de inúmeros compromissos importantes e inadiáveis.
Por outro lado, a pressão do mercado de trabalho e a rotina exaustiva do dia a dia empresarial são importantes fatores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, que muitas vezes causam afastamentos, aposentadorias precoces e até mesmo a morte. Ou seja, prejuízo para todos os lados: para o executivo, para os familiares e para a empresa.
É justamente por perceber a necessidade de cuidar da saúde de seus colaboradores é que algumas empresas têm feito algo a mais: check-up in company personalizado. Esse serviço, como o próprio nome já diz, visa levar até a empresa a medicina preventiva de diagnóstico, através da realização de exames e avaliações, desde o mais simples ao mais complexo, sem a necessidade de que seus executivos se desloquem até uma clínica precisando se afastar do trabalho para as consultas e exames solicitados. O check-up é realizado no local durante um dia comum de trabalho. Assim, em dois dias é possível fazer a avaliação completa de 15 profissionais.
A gerente de contas, Karen Paes Heinamm, 35 anos, não costumava fazer suas avaliações cardiológicas periodicamente, mas reconhece que se sente muito mais tranquila desde que começou a fazer anualmente, juntamente com seus colegas, na AAM do Brasil, empresa em que trabalha. “Eu só fazia quando ia iniciar alguma atividade esportiva. Há 2 anos a empresa adotou esse programa e desde então faço regularmente sem precisar me deslocar. Saber que a empresa se preocupa com a saúde do seu time, faz com que todo mundo se sinta valorizado e trabalhe melhor”, conta.
Para isso, clínicas especializadas nesses serviços, como o IDC – Instituto de Diagnóstico Cardiovascular, dispõem de equipes médicas e de enfermagem qualificadas, além de equipamentos portáteis necessários para os exames laboratoriais, eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocardiograma, doppler de carótidas, ecografia de próstata, ecografia de abdômen total. Além disso, cada executivo passará também por consultas médicas com um clínico, um nutricionista, um cardiologista e uma avaliação de estresse.
O gerente de engenharia Sérgio Diniz Rangel, 40 anos, comenta que de outra maneira dificilmente faria uma avaliação completa de saúde. “Infelizmente, a gente não trata saúde como uma prioridade e acaba adiando, por isso acho que é muito mais prático fazer o check-up in company, sem precisar disponibilizar vários horários da agenda com consultas e exames em dias e locais diferentes para poder contar com toda a estrutura e profissionais qualificados que nos entregam uma avaliação completa” – avalia ele.
O cardiologista Dr. Rubens Zenobio Darwich, integrante da equipe e responsável pelo serviço, faz um alerta: “Muitos desses executivos vivem uma rotina, sem tempo e, em razão disso, ficam expostos a hábitos alimentares desequilibrados, vida desregrada, sedentarismo, estresse e ansiedade. Uma combinação explosiva para o coração! Por isso é tão importante não descuidar dos exames preventivos, reduzindo os riscos de surpresas desagradáveis”.
+ Saiba mais