Como acabar com a dor
Através da neuromodulação - estimulação cerebral não invasiva, pesoas que sofrem de dor crônica podem se livrar do sofrimento ganhando qualidade de vida
Se uma dor persiste de forma contínua ou recorrente por mais de 30 dias, ela tornou-se crônica. Ou seja, uma dor passa a ser crônica pelos mais variados motivos, mas com certeza ela não tem mais uma função de alerta ou defesa do organismo. Todos nós já sentimos a sensação desagradável de uma dor algum dia. Porém, quando ela é crônica acaba com a qualidade de vida, limita a movimentação, a agilidade, a atividade e o bem-estar das pessoas. “A dor crônica é causada tanto por desordens do sistema responsável pela percepção quanto da inibição da dor, prejudicando o desempenho no trabalho, a vida pessoal, emocional, cognitiva e social do indivíduo, podendo levar à depressão, problemas cognitivo-comportamentais e, algumas vezes, até ao suicídio”, alerta o neurologista Dr. Rauph Guimarães.
A boa notícia é que uma nova técnica, chamada neuromodulação, tem apresentado excelentes resultados no tratamento das causas neurológicas mais comuns de dor crônica, como as neuropatias (doenças que afetam os nervos e o sistema nervoso periférico), dores lombares, enxaqueca e fibromialgia. De acordo com o médico, a neuromodulação consiste em submeter o córtex cerebral de forma direta ou indireta a um estímulo elétrico não-invasivo, promovendo alterações neuro-químicas nos neurônios. “Isso libera neurotransmissores excitatórios ou inibitórios, o que resulta em uma facilitação ou inibição de uma determinada função ou comportamento, melhorando a condição do paciente”, acrescenta Dr. Rauph, que é um dos neurologistas pioneiros na utilização da neuromodulação em Curitiba.
Sem efeitos colaterais
O uso da neuromodulação cerebral teve início no começo do século passado, com a eletroconvulsoterapia (ECT), que nas décadas de 1940 -1950 foi a principal intervenção terapêutica em várias doenças mentais. Entretanto, com a introdução dos psicofármacos no mercado, na segunda metade do século XX, a ECT e o interesse na utilização de outras formas de terapias físicas ou biológicas diminuíram. Somente nas últimas décadas essa situação mudou, tanto no campo da psSiquiatria quanto da neurologia, porque os medicamentos ao mesmo tempo em que se mostravam eficazes apresentavam efeitos colaterais importantes.
Desta forma, a utilização de terapias de estimulação cerebral não-invasivas se renovou e, atualmente, as duas técnicas mais indicadas são a estimulação magnética transcraniana (EMT), através de ondas de ressonância magnética de alta intensidade, e a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC), através de corrente elétrica direta de baixa intensidade. “Tanto a EMT como a ETCC não são invasivas, não apresentam efeitos colaterais. Nenhuma delas causa lesão ou prejuízo para outras regiões do cérebro, atuam só na área que se deseja estimular ou inibir”, salienta o neurologista.
Principais aplicações da EMT e ETCC
A estimulação magnética transcraniana (EMT) é muito eficaz para várias patologias neuropsiquiátricas, dentre as quais síndromes dolorosas, como fibromialgia, cefaleia, neuralgia do trigêmeo e lombalgia, tinnitus (zumbido), sequelas do acidente vascular cerebral (espasticidade e reabilitação de AVC), transtornos de humor (depressão e transtorno bipolar) e transtornos de ansiedade.
Já a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) vem sendo muito utilizada para o tratamento de alguns transtornos neuropsiquiátricos, contemplando o mesmo espectro de tratamento de transtornos neuropsiquiátricos da estimulação magnética transcraniana, sendo mais barata e permitindo maior modulação da função cerebral.
“Os pacientes realizam, em média, de 30 a 40 sessões, e os resultados são percebidos entre a 6ª e a 8ª sessão”, destaca Dr. Rauph. A frequência inicial das terapias pode ser diária, ou três vezes na semana, tudo vai de acordo com a avaliação de cada caso.
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