Avanços da Medicina

Cirurgia na infância sem traumas

Atuação do cirurgião pediátrico garante tratamentos menos invasivos e recuperação mais rápida para crianças e adolescentes

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Quando uma criança necessita de tratamento médico, os pais desejam sempre que ela tenha acesso ao melhor possível. Quando o diagnóstico implica em procedimento cirúrgico, este desejo é ainda maior. Felizmente, a cirurgia pediátrica, especialidade médica que atende especificamente casos cirúrgicos de pacientes entre 0 e 14 anos, está cada dia mais desenvolvida e usando técnicas e tecnologias avançadas. O profissional mais indicado para realizar procedimentos em recém-natos, crianças e adolescentes é o cirurgião pediátrico.

Ao contrário do que muitos imaginam, crianças não são “adultos em miniatura”. “Os problemas cirúrgicos pediátricos são bem distintos dos que acometem os adultos, necessitando de tratamento específico”, informa o cirurgião pediátrico Jarbas Machado Valente dos Santos, responsável pelo serviço de videocirurgia pediátrica no CEVIP – Centro de Videolaparoscopia do Paraná e membro do IPEG – International Pediatric Endoscopic Group. De acordo com o especialista, as crianças requerem uma abordagem física e psicológica diferenciada. Tudo deve ser específico para elas, desde as condições do consultório e da sala de exames até a própria relação entre médico e paciente.

“Quando soube que minha filha teria que se submeter a uma cirurgia fiquei desesperada, mas as explicações detalhadas do especialista trouxeram segurança”, conta Luiza Gomes de Andrade, mãe de Camila de Andrade Stevanato, de 5 anos, que apresentava esofagite de refluxo desde o primeiro ano de vida. “Consultei vários médicos, mas os remédios não resolviam. Minha filha vomitava o que ingeria; além de perder peso, não dormia bem, era agitada e sentia muitas dores no estômago”, lembra. Finalmente, depois de diversos exames, a menina foi encaminhada ao cirurgião pediátrico. Camila estava com o grau mais grave de esofagite, na endoscopia, também apresentava uma hérnia no esôfago; além disso, este quadro estava agravando sua bronquite. Em maio de 2009, Camila foi submetida à cirurgia, ficando internada por apenas três dias. “A recuperação foi excelente. Ela está comendo melhor, dormindo bem, voltou às atividades e não teve mais bronquite. A qualidade de vida dela e de toda a família melhorou muito”, comemora Luiza.

 

Segurança

Os cirurgiões pediátricos utilizam seu conhecimento e experiência para garantir os melhores cuidados cirúrgicos para as crianças. Quando a cirurgia é indicada, dá-se preferência a técnicas de videodiagnóstico e a videocirurgias abdominais e torácicas, muito menos invasivas e traumáticas, pois não requerem grandes cortes. “Em alguns casos é necessária a incisão, mas sempre que possível a evitamos, pois pode trazer complicações. A abertura da parede corporal resulta em estresse, dor, lesão de músculos e nervos, bem como maior perda de calor e água”, alerta Jarbas Valente.

Não há dúvidas de que quanto menos invasivo o procedimento, melhor para o paciente – e logicamente, isso se aplica também a crianças. “É nosso dever, como cirurgiões pediátricos, fazer com que os procedimentos sejam menos invasivos e o mais seguros possível”, salienta o médico.

Eduardo Rimanski Maciel, de 6 anos, se beneficiou muito da tecnologia. “Meu filho tinha refluxo gástrico desde que nasceu, além de uma síndrome rara, chamada síndrome Cornélia de Langue. Isso nos deixava com muito medo da cirurgia. Porém, aos dois anos ele foi operado e sua recuperação foi muito rápida”, conta Cláudia Rimanski Maciel.

 

Videocirurgia – nova abordagem

Segundo o médico pediatra Dr. Rodolfo Hesse, a cirurgia infantil apresentou ao longo dos anos três grandes marcos evolutivos: primeiro, o surgimento da especialidade cirúrgica pediátrica; segundo, o progresso farmacológico no que tange aos anestésicos e, em terceiro, o surgimento da videocirurgia. “A simbiose dos três, sem dúvida nenhuma, quando bem indicada e realizada por profissionais treinados, diminui de forma substancial o tempo de recuperação, risco e trauma do pequeno paciente”, salienta o pediatra.

A videocirurgia pediátrica é uma abordagem cirúrgica utilizada no tratamento de diversas patologias infantis. A prática teve seu início na década de 90, mas foi neste século que vieram os maiores avanços, com desenvolvimento de materiais de alta tecnologia específicos para crianças. O pediatra é normalmente  quem encaminha a criança para os exames e, dependendo do diagnóstico, contata o cirurgião pediatra.

A tecnologia serve também para prevenir o agravamento de algumas enfermidades. Quando tinha seis meses, Vitor Kuiava, hoje com 5 anos, apresentou um aumento do baço. Embora tenha se submetido ao tratamento necessário, incluindo uma laparoscopia com ligadura dos vasos do baço para diminuição do órgão, uma biópsia revelou que o menino possuía uma hiperplasia linfoide. “Antes que seu problema se transformasse num linfoma, que poderia romper o baço e ocasionar uma hemorragia interna, meu filho foi submetido a uma videocirurgia para a retirada do mesmo”, conta Janaina Kuiava, mãe do garoto. “A cirurgia foi tão bem-sucedida que meu filho teve alta em apenas dois dias, apesar de os médicos terem previsto até uma semana de internação. Antes, ia e vinha do pediatra todos os meses. Hoje, meu filho é saudável e feliz”, comemora.

 

Indicações da videocirurgia

Confira alguns problemas que podem ser tratados via cirurgia videoendoscópica: Refluxo gastroesofágico, associado ou não à hérnia de hiato (hérnia do estômago)

  • Criptorquidia abdominal (testículo fora da bolsa não palpável)
  • Apendicite aguda complicada ou não
  • Trauma fechado e aberto
  • Biópsia e ressecção de tumores
  • Diagnóstico em abdome agudo
  • Colecistectomia (retirada da vesícula biliar)
  • Cistos e tumores de ovário
  • Intussuscepção (invaginação intestinal)
  • Dor abdominal recorrente (dor crônica)
  • Obstrução por bridas
  • Esplenectomia (retirada do baço)
  • Nefrectomia (retirada do rim)
  • Varicocele
  • Patologias renais
  • Simpatectomia torácica (tratamento da hiper-hidrose – excesso de suor nas mãos, pés e axilas)
  • Cirurgias torácicas diversas

Os cirurgiões pediátricos podem atuar nas seguintes áreas

  • Pré- natal: detectam alterações no desenvolvimento do feto, podendo planejar a correção cirúrgica antes do parto
  • Neonatal: corrigem cirurgicamente malformações congênitas que podem trazer risco de vida
  • Cirurgia Pediátrica geral:corrigem diversas patologias cirúrgicas que envolvem o tórax e abdome, bem como múltiplas malformações em diversas partes do corpo
  • Urologia Pediátrica: Têm qualificação e experiência no tratamento operatório de malformações genitourinárias ( fimose, testículo fora da bolsa, etc)
  • Trauma: tratam situações críticas envolvendo lesões traumáticas em crianças
  • Oncologia Pediátrica: participam de equipes multidisciplinares, ajudando no diagnóstico e tratamento de crianças com tumores malignos e benignos.
  • Videocirurgia: ( cirurgia minimamnete invasiva) : Laparoscopia ( realizado no abdome), Toracoscopia ( realizado no tórax)
  • Cirurgia videoassistida ( parte dela realizada por vídeo).

Uma variedade de procedimentos podem ser realizados, com técnicas pouco invasivas e menos traumatizantes para a criança, usando os avanços da tecnologia no material endoscópico para o diagnóstico e o tratamento cirurgico.

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