Coloproctologia

Aumento de próstata – um problema?

Saber reconhecer os sintomas e procurar realizar o diagnóstico precoce são essenciais

Ao longo da vida nós passamos por transformações. Afinal, envelhecer é um processo natural, que necessita, sim, de atitudes preventivas e bons hábitos diários para chegarmos à maturidade da vida com saúde e capacidade plena de nossas funções. Os homens, em especial, ao passarem de seus 40 anos, já podem sentir alguns sintomas decorrentes de alterações na próstata. Estima-se que entre 60% e 70% deles poderão apresentar o crescimento da próstata, também chamado hiperplasia prostática benigna (HPB).

A próstata é uma glândula do tamanho de um limão, que faz parte do sistema urinário e reprodutivo. A urina passa por dentro da próstata, como se fosse um túnel. O aumento da próstata, que ocorre com a idade, pode começar a bloquear o fluxo urinário pelo canal da uretra e se inicia uma série de desconfortos, que prejudicam a saúde física e emocional. “Uns dos primeiros sintomas é quando o fluxo urinário se torna fraco. Com o tempo, há a necessidade de urinar com maior frequência, inclusive à noite, o que prejudica consideravelmente o sono e a qualidade de vida. Algumas pessoas chegam a acordar seis vezes durante a noite e há casos em que o indivíduo não consegue urinar”, destaca o médico urologista Dr. Mark Fernando Neumaier, que atua no Hospital Marcelino Champagnat.

A hiperplasia prostática benigna, ou o aumento benigno da próstata, é a doença mais comum da glândula e não tem relação com o temível câncer de próstata, que é outra doença. Conforme o especialista, para evitar esse problema o paciente deve primeiro estar em dia com seu check-up urológico. “É preciso deixar claro que esta é uma doença silenciosa, ela cresce lentamente e muitas vezes não produz sintomas na fase inicial, por isso realizar exames preventivos é a melhor alternativa para identificação do problema”, enfatiza Dr. Mark.

Terapias adequadas e mudanças de hábito

As terapias medicamentosas são indicadas principalmente para os casos mais leves. Os medicamentos bloqueadores relaxam a musculatura da próstata e colo da bexiga e trazem alívio. Também são implementadas mudanças nos hábitos diários, o que favorece uma melhora. “Existe medicação para todos os casos, até para os mais críticos, porém o uso contínuo pode levar a efeitos colaterais indesejados, como diminuição do desejo sexual e impotência. O tratamento cirúrgico está indicado quando o medicamento não controlou adequadamente os sintomas, por efeitos adversos ou até mesmo preferência. Os avanços na tecnologia trouxeram maior segurança, menos sangramento e um tempo de internação mais curto, de um dia”, acrescenta Dr. Neumaier.

De acordo com o especialista, a escolha adequada do tratamento se baseia nos sintomas que o paciente apresenta, na gravidade, na dimensão e como ele interfere na qualidade diária de sua vida. “Geralmente, começamos com medicamentos, que são de uso contínuo. Também recomendamos uma série de mudanças nos hábitos como: ter uma alimentação mais saudável, praticar exercícios físicos regularmente, controlar o estresse, bem como a diminuição do consumo de bebidas alcoólicas e para os tabagistas, a recomendação é parar de fumar, e então se for o caso, definimos a cirurgia”, revela. Dr. Mark explica que há pacientes que chegam com patologias graves já instaladas, que comprometem a saúde geral do organismo – com infecções, sangramento, retenção urinária severa e até problemas nos rins.

Avanço das cirurgias minimamente invasivas

Existem alternativas cirúrgicas minimamente invasivas que substituem a cirurgia aberta, que hoje, praticamente, não é mais realizada para tratar a hiperplasia prostática benigna.

A Ressecção Transuretral da Próstata (RTUp) utiliza energia elétrica para cauterizar e raspar o tecido prostático, através da uretra. O Green Light Laser XPS 180, atualmente, é a tecnologia mais moderna no tratamento da HPB. A grande vantagem desse procedimento diante de outras técnicas, também minimamente invasivas, é pelo fato de permitir que pacientes que fazem uso de anticoagulantes possam realizar o procedimento sem a interrupção da medicação. A ação do laser cauteriza instantaneamente o tecido do canal e os vasos sanguíneos, com o mínimo sangramento. A recuperação é muito mais rápida, e cerca de 70% dos casos permitem a alta no mesmo dia, outros em até 24 horas. O procedimento é feito com raquianestesia, da cintura para baixo: um pequeno aparelho é introduzido através do canal da uretra até a próstata, nele é aplicada a fibra que transmitirá a energia do laser até o tecido do canal, que será vaporizado. Ao mesmo tempo que o laser destrói o tecido, ele cauteriza e coagula. Durante todo o procedimento também é utilizado soro, que é continuamente aspirado para retirar resíduos do procedimento. “O tempo da cirurgia depende muito do tamanho da próstata, mas varia em média de 40 minutos a 2 horas”, ressalta Dr. Mark Fernando.

Quando a cirurgia é indicada

O representante comercial João Myegray, 69 anos, há seis anos faz o check-up urológico. “Em julho de 2017, percebi que havia algo diferente; então fiz o exame e foi constatado que havia aumento benigno da próstata. Eu não sentia nada, nenhum sintoma e incômodo, nem mesmo dor”, relata o paciente. A indicação foi cirúrgica, e João optou pela técnica a laser. “Valeu a pena fazer a cirurgia, hoje me sinto bem melhor. Recomendo às pessoas a realizar sempre os exames preventivos”, salienta o representante comercial.

O cabeleireiro Marcelino Pinheiro tinha 33 anos quando teve um quadro infeccioso em sua próstata, que inchou bastante. “Tomei remédio por 16 anos, porque, pela minha idade, a cirurgia não era recomendada ainda”, revela Marcelino. O problema é que agora, com 50 anos, seu quadro teve uma piora e foi recomendado a se submeter à nova técnica. “Havia quatro meses eu comecei a ir ao banheiro e o jato de urina simples mente não saía. E quando dava aquela urgência, eu não conseguia segurar e, quando segurava, doía o canal”, conta. “Confesso que não senti nada durante o procedimento, nenhuma dor. Depois senti uma ardência no canal, que foi passando após alguns dias, pelo processo de cicatrização. Estou bem melhor, e a minha recuperação está sendo ótima!”, comemora o cabeleireiro.

Simpósio sobre o Green Light Laser XPS

Para apresentar os benefícios do Green Light Laser XPS a um grupo de urologistas, foi realizado no Hospital Marcelino Champagnat um simpósio sobre a aplicação dessa técnica. O evento funcionou como um whorkshop, coordenado pelos urologistas Dr. Mark Fernando Neumaier, Dr. Bruno Pimpão e Dr. João Michelotto. O evento contou ainda com a participação do Dr. Daniel Perpetuo, do Hospital Copa D’Or, do Rio de Janeiro. Além da palestra, os urologistas foram treinados no simulador do Green Light, oportunidade em que acompanharam duas cirurgias com o procedimento. “Todos observaram, na prática, como funciona a tecnologia. “Dessa forma, conseguimos propagar a técnica para que inúmeros pacientes tenham acesso a seus benefícios, de melhorar seus sintomas e de restaurar a sua saúde!”, celebra Dr. João Michelotto

Prevenir a doença é o alerta

“A maioria dos homens vai ter próstata crescida, e, se você realmente quer ter qualidade de vida, faça um acompanhamento médico regular para prevenir esse aumento. E, no caso de um possível diagnóstico de câncer, quanto antes a descoberta maiores são as chances e o tratamentos. Muitos homens, infelizmente, deixam de ir ao médico, por medo e insegurança ou até vergonha, e quando chegam, devido ao aumento dos sintomas, a hiperplasia já está em estágio avançado. Eles descobrem então que sofreram anos e até décadas por um simples preconceito. Por isso, fiquem atentos aos sintomas, verifiquem se há algum histórico na família e façam sempre um check-up anual”, alerta dr. Bruno Pimpão.

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