Avanços da Medicina

A medicina do futuro

A Radiologia Intervencionista utiliza as mais modernas e inovadoras técnicas para salvar vidas

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Adotar um estilo de vida saudável, cuidar da alimentação e praticar exercícios físicos é muito mais do que manter a forma – é uma necessidade para manter o bom funcionamento do corpo inteiro. Vida sedentária, alto consumo de gordura, açúcar e cigarro podem causar um estrago enorme no organismo, depositando resíduos, enrijecendo, obstruindo, inflamando e rompendo vasos, veias e artérias.

O resultado disso é o surgimento de derrames, AVCs, infartos, doenças circulatórias, obstruções de artérias, aneurismas e os mais diversos tipos de varizes. O aneurisma da aorta, por exemplo, atinge geralmente pessoas com mais de 50 anos e não apresenta sintoma algum. Porém, se não for diagnosticado a tempo, pode causar o rompimento da mais importante artéria do corpo e levar à morte. Outro exemplo é a estenose de carótida – entupimento da artéria que transporta o sangue para o cérebro, e que pode levar ao derrame.

Para que se tenha uma vida sem sustos, o médico radiologista vascular intervencionista Dr. Alexander Ramajo Corvello aconselha que todas as pessoas acima de 60 anos façam um check-up pelo menos uma vez ao ano, para saber como andam suas veias e artérias. Com a orientação adequada, todos os problemas podem ser prevenidos e tratados. “O paciente deve fazer a consulta com o cardiologista ou com o radiologista vascular. São pedidos exames necessários para realizar a varredura e, se for detectada alguma alteração passível de tratamento, a artéria será desobstruída”, explica Dr. Corvello.

Esse tratamento pode ser feito por meio de cirurgias minimamente invasivas, como as angioplastias via radiologia intervencionista. São necessários apenas pequenos cortes de dois milímetros, sem pontos, há menos riscos e a recuperação é mais rápida. Essa técnica trata tanto os vasos doentes obstruídos quanto aqueles com aneurismas. “A doença aterosclerótica é sistêmica, se manifesta em diversos lugares. Em um paciente pode ser no coração, no outro na perna, no outro na carótida, no outro no rim e assim por diante”, reforça o médico.

 

Aneurisma de aorta

Há dez anos, o aposentado Gilberto Garcia Parra, de 68 anos, vinha acompanhando a evolução de um aneurisma de aorta, descoberto quando ele teve um princípio de infarto. Um aneurisma aórtico é uma área de fraqueza na parede do principal vaso sanguíneo que leva o sangue do coração para o resto do corpo. Como o sangue flui através da aorta, a área enfraquecida enche como um balão, podendo romper-se. Se o aneurisma alcança um certo tamanho, deve ser tratado.

Foi o que aconteceu com Gilberto. Recentemente, ele fez exames e constatou que o aneurisma aumentou de 3 cm para 4,7 cm. “Minha filha é médica e mora em São Paulo. Ela mostrou o resultado para um médico vascular que respondeu da seguinte forma: ‘Se fosse o meu pai, eu o levaria em quem mais entende do assunto, que é o médico radiologista intervencionista.´ Não tivemos dúvidas”, conta o aposentado.

Em julho deste ano, Gilberto teve a sua primeira consulta com o Dr. Corvello. Ao ver seus exames, confirmou que seria necessário operar. O aposentado passou por uma endoprótese abdominal para reforçar a parede da aorta e para ajudar a impedir que a área lesionada se rompa. A endoprótese é colocada dentro do aneurisma de aorta com a ajuda de um tubo plástico longo, muito fino e macio chamado cateter de liberação, que contém a endoprótese comprimida.

“Não fumo, não bebo e tenho uma vida bastante regrada. Nunca tive qualquer sintoma. Se não fosse o acompanhamento que eu vinha fazendo, jamais teria percebido o crescimento do aneurisma”, conta Gilberto. Para ele, a confiança transmitida pela experiência do profissional foi essencial para que ele se sentisse seguro quanto ao procedimento. Gilberto ficou dois dias na UTI para observação e dois dias no quarto, recebendo alta logo em seguida. Hoje está em recuperação e passa bem.

 

Preventiva e efetiva

A angioplastia atua não apenas na prevenção, mas também no tratamento de placas de gordura, já que dilata veias e artérias. Após a desobstrução da artéria coronária, por meio da angioplastia com balão, procede-se ao implante de uma prótese endovascular conhecida como ‘stent’ – um pequeno tubo de metal, em formato de malha, usado para manter a artéria aberta. Dr. Corvello conta que faz angioplastias diariamente. “Se você imaginar que em todo lugar do nosso corpo tem uma artéria e veia, dá para se ter uma noção da quantidade de lugares em que podemos agir. São mais de 60 tipos de procedimentos. Em 25 anos, nunca tive um dia igual ao outro. Tratamos desde crianças de dois anos que nascem com má formação vascular até pacientes com 100 anos. Quando me perguntam ‘o que você faz?’, eu respondo: ‘Eu sou o encanador da Medicina. Entupiu, vazou, chama que a gente resolve,” brinca o médico.

 

Inovação

Assim como Gilberto, o aposentado Oswaldo João Caldart, hoje com 84 anos, também sofria de aneurisma de aorta. Durante sete anos ele fez exames para controlar a evolução do problema, até que, em 2000, o aneurisma aumentou consideravelmente e não seria mais possível adiar a cirurgia. Em uma época em que pouco se conhecia sobre radiologia intervencionista para tratar o problema, Oswaldo foi o primeiro paciente do Sul do País a utilizar a técnica minimamente invasiva.

Naquele mesmo ano foi criado o Centro de Excelência Cardíaca do Hospital Santa Cruz, do qual fazia  parte o Dr. Alexander Corvello. “Em vez de uma cirurgia de 4 ou 5 horas, à qual eu poderia não resistir por causa da minha idade, o doutor me propôs um procedimento em que faria um corte pequeno na virilha e eu estaria andando em dois dias. Quis tentar, é claro”, conta o aposentado.

Hoje, 14 anos depois, Oswaldo faz acompanhamento constante e está ótimo. “Ele se cuida muito. Tem uma alimentação regrada, não come gordura, caminha bastante. Isso tudo ajuda muito na sua qualidade de vida”, garante a esposa, Noeli Maria Caldart, de 78 anos.

Receber um diagnóstico como esse pode assustar muita gente, mas está longe de ser uma sentença de morte. Por isso, não espere os sintomas aparecerem para procurar um especialista. Faça check-ups anualmente e inclua uma varredura completa das suas veias e artérias. Prevenir sempre é a melhor saída.

 

O STENT

Inseridos por meio de pequenos cortes, os stents servem para manter a artéria aberta. Para cada lugar do nosso corpo há um modelo de stent diferente, dos mais variados tamanhos. Antigamente, eles eram feitos de aço inoxidável, mas hoje o material mais comum é o nitinol, uma liga de nico, cobalto e aço inoxidável. “Ele tem memória térmica. Se você pegar o stent e jogar na água quente, o metal fica mole. Se jogar na água fria, ele endurece. Ele privilegia flexibilidade. Como a temperatura do corpo está sempre a 36ºC, que é quente, esse é um stent que, quando entra em contato com o sangue, fica mais flexível, sem perder a força radial”, reforça o Dr. Corvello.

Os stents não têm prazo de validade, ou seja, não é necessário trocá-los de tempos em tempos. No entanto, como não nascemos com eles, é preciso tomar uma medicação antes do procedimento para que o organismo se adapte ao stent. Não há contraindicação, não há rejeição e é um material totalmente biocompatível. Com a colocação dos stents, as placas de gordura ficam depositadas entre eles e a parede do vaso.

Para chegarem até o local ideal, os stents seguem pelas veias e artérias guiados e conduzidos por aparelhos que transmitem imagens de alta resolução. O principal é o angiógrafo digital, capaz de visualizar vasos sanguíneos menores que um milímetro de diâmetro, em tempo real, até o ponto ou local comprometido. Uma vez lá, os stents envolvem o tecido doente e restauram o fluxo sanguíneo sem que o resto do organismo seja agredido.

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