Quando a criança precisa de um fonoaudiólogo?
Pais e responsáveis devem estar atentos aos primeiros sinais de problemas no desenvolvimento na fala
Nós achamos lindo quando os bebês começam a balbuciar os primeiros sons, e logo surgem as primeiras palavras. Porém nem sempre o desenvolvimento da fala ocorre de forma normal nos primeiros anos de vida. Em alguns casos as crianças podem começar a apontar sem dizer nada, falar errado ou gaguejar, e isso já é um sinal para que pais e responsáveis estejam atentos.
Ainda não existem dados nacionais, porém estima-se que 5% das crianças terão algum tipo de dificuldade. Então é preciso que os pais, procurem orientação do médico que acompanha a criança caso suspeitem de quaisquer alterações.
Otorrinolaringologista e chefe da equipe multidisciplinar do Hospital Iguaçu, Dr. Maurício Buschle, explica que não é preciso tratamento com um fonoaudiólogo em todos os casos. “A consulta deve ser marcada se a criança apresentar alguma alteração ou atraso na fala que não seja esperado para a faixa etária dela. Neste caso, a avaliação de um fonoaudiólogo deve ser feita ao menor sinal de atraso”, explica.
O problema mais comum se dá no atraso do início da fala, o qual é percebido quando a criança articula pouco ou quase nada aos dois anos, idade em que deveria conseguir se comunicar com frases simples, como “me dá”, quando deseja alguma coisa. Aos 3 anos, acontecem as trocas de fonemas, mas isso nem sempre é um problema. Vai depender da substituição que a criança faz e da etapa em que acontece. Por exemplo, nessa idade é comum ela “comer” o R (em vez de falar preto, dizer “peto”), e nem por isso é um indicativo de problema na fala. Entretanto, até os 5 anos, a criança deve falar todos os sons corretamente. Se isso não acontece, a consulta com o fonoaudiólogo se fará necessária.
Nesta etapa, segundo Dr. Maurício, a escolha do profissional é muito importante. “O Hospital Iguaçu conta com uma equipe de fonoaudiólogos de referência nacional, além da área de audiologia, pela qual pretende ser um centro de referência no país”.
Outros fatores podem prejudicar o desenvolvimento da fala
As queixas mais comuns em crianças são atraso de linguagem, troca de sons na fala, falar com a língua entre os dentes, distúrbios de fluência, voz e leitura/escrita. Porém, problemas auditivos, neurológicos ou respiratórios, e até fatores ambientais, como falta de estímulo também prejudicam o desenvolvimento da fala. A criança que ouve pouco, balbucia pouco e terá dificuldade para aprender a falar. Por isso é importante que o recém-nascido faça o teste de triagem auditiva (teste da orelhinha), gratuito e obrigatório desde 2010. Ele é realizado ainda na maternidade e avalia se o bebê tem alguma dificuldade para ouvir. As crianças com deficiência neurológica (inclusive as portadoras de síndromes, como a de Down) precisam de atenção especial: a maioria vai ter atraso no desenvolvimento da linguagem. Outro fator importante é a respiração. Até as que possuem problemas crônicos, como rinite alérgica, têm mais chances de apresentar alterações na fala, pois respiram pela boca. “Assim que constatadas tais alterações, deve-se levar a criança ao especialista para uma avaliação. Somente o fonoaudiólogo saberá a hora certa de iniciar o tratamento”, orienta Dr. Maurício Buschle.
Chupeta e mamadeira podem interferir no desenvolvimento da fala?
Principalmente se forem usadas depois dos dois anos, quando os dentes de leite já apareceram. São eles que vão posicionar a língua da criança de uma maneira adequada dentro da boca, e esses produtos alteram toda a estrutura dela. A chupeta e a mamadeira podem, além do risco de entortar os dentes, alterar as musculaturas da língua, dos lábios e das bochechas, que ficam flácidas, e o padrão respiratório, que consequentemente atrapalha o desenvolvimento da fala.
Consequências
A dificuldade na fala já nos primeiros anos deve ser levada a sério, pois ela afeta, inclusive, o desempenho escolar da criança. “A principal preocupação é com a escrita. Ela só vai aprender a escrever direito se conseguir discriminar os sons corretamente – se tem dificuldade de articular o R e o L, vai transferir isso para o papel, por exemplo. Uma fala com problemas também prejudica a comunicação com outras crianças e dificulta a interação social”, alerta Dr. Maurício.
Falar errado também pode ser uma maneira que a criança achou de chamar a atenção. Isso pode ser reflexo de uma situação em que a criança está com dificuldades para lidar, como a chegada de um irmão. “Se o fonoaudiólogo identificar que a questão é comportamental, pode, por exemplo, dar orientações do que fazer no dia a dia, como não reforçar ou corrigir o erro. Ele também pode indicar uma consulta com um psicólogo”, acrescenta o otorrino.
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