Alimentos com agrotóxico trazem mais riscos à saúde das crianças
Estudos revelam que os efeitos dos agrotóxicos em crianças são até 10 vezes mais intensos do que em adultos
Crianças apresentam níveis duas vezes mais elevados de pesticidas no sangue e seus efeitos são até 10 vezes mais intensos em crianças do que em adultos, segundo a pesquisadora científica da Universidade Federal do Paraná, Sônia C. Stertz, doutora em Tecnologia de Alimentos, presidente da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos – Regional Paraná. “Crianças até os dois anos produzem pouco de uma enzima chamada Paraoxonase-1, que ajuda na detoxificação [eliminação] de pesticidas organofosforados. Algumas crianças só atingem níveis normais dessas enzimas aos 7 anos”, diz ela, lembrando estudo feito pela Universidade de Berkeley, na Califórnia.
De acordo com Sônia, dados oficiais do governo americano revelam que pesticidas organofosforados (PO) são encontrados no sangue de 95% das pessoas testadas. “Essa exposição aos PO está relacionada à hiperatividade, distúrbios de comportamento, distúrbios do aprendizado, atrasos do desenvolvimento e disfunção motora”, esclarece.
“A maior motivação para o consumo dos orgânicos deve ser o que eles não contém, e não o que eles contém. Orgânicos dizem respeito aos métodos de produção: sem hormônios, antibióticos, pesticidas, herbicidas, fertilizantes químicos, irradiação, modificação genética”, explica a pesquisadora.
Doenças crônicas
“O agrotóxico no alimento, ao ser ingerido pela população, tem um efeito cumulativo, vai se acumulando no organismo. Pode levar a algum tipo de doença crônica não transmissível”, alerta José Agenor Álvares da Silva, diretor da Anvisa. “Principalmente neurológicas, endócrinas, imunológicas e hoje a questão do aparelho reprodutor, como infertilidade, diminuição do número de espermatozóides e a questão do câncer”, explica Heloísa Pacheco, coordenadora do ambulatório de Toxicologia da UFRJ.
A médica Silvia Brandalise, pesquisadora da Unicamp, estuda as causas de câncer, principalmente entre crianças. Segundo ela, pesquisas já comprovaram que a exposição aos venenos usados nas plantações está relacionada à leucemia e aos tumores no cérebro. A comida com excesso de agrotóxicos e produtos químicos também faz parte dos fatores de risco.
Mais nutritivos
Segundo Sônia Stertz, entre os alimentos bastante consumidos, cuja versão é mais nutritiva, estão: batata, morango, cenoura, tomate, repolho, cebola, alface, trigo e leite.
Sua pesquisa (STERTZ, 2004), mostra que os orgânicos apresentaram uma tendência positiva, “com teores mais elevados de nutrientes, como matéria seca, cinzas, fibra alimentar, carboidratos e alguns minerais considerados relevantes para a saúde, como o ferro e o selênio.”
As amostras que mais se destacaram foram a batata (33% de selênio, 54% de ferro, 36% de fósforo, 17% de cálcio e 21% de fibra alimentar) e o morango (342% de ferro, 63% de fósforo, 183% de magnésio, 80% de potássio, 34% de cálcio, 26% de fibra alimentar, 24% de proteínas e 56% de sacarose), seguidos do agrião (145% Selênio e 82% Ferro), cenoura (425% Selênio) e couve-flor (95% Selênio).
Para uma alimentação mais segura, ela recomenda o consumo de alimentos certificados, como os orgânicos, e os de época, “que a princípio necessitam de uma carga menor de agrotóxicos para serem produzidos.”
Orgânicos para bebês
A percepção de que cada vez mais as pessoas estão preocupadas com a qualidade dos produtos que consomem e também com o impacto ambiental causado pelo consumo exagerado levou a empresária Marina Wille a trazer para Curitiba a primeira unidade do Empório da Papinha. A empresa é especializada em nutrição orgânica que atende bebês a partir de 06 meses, crianças e adultos.
“O cardápio é preparado sem conservantes ou produtos químicos e de maneira convencional, utilizando o ultra congelamento como forma segura de preservar a textura, aroma e o valor nutritivo.”
Mais informações no site: www.emporiodapapinha.com.br.
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