Alimentação orgânica reduz gastos com medicamentos
Mesmo assim, a falta de uma política de incentivo pública dificulta a inclusão desses alimentos na mesa dos brasileiros
Investir em uma alimentação saudável, melhorar a qualidade de vida e reduzir os gastos com remédios. Esses são os benefícios mais citados por quem consome produtos orgânicos (sem agrotóxicos ou outros aditivos químicos). Mas, apesar da sua importância para a saúde, muitos entraves dificultam a inclusão desses alimentos na mesa das famílias brasileiras.
A falta de uma política de incentivo pública mais contundente para produção, comercialização e distribuição, implica em uma menor quantidade de alimentos orgânicos oferecida no mercado. Também dificulta a redução dos preços, embora, hoje, eles estejam bastante competitivos em relação aos convencionais. Tendo até mesmo custo inferior em determinados produtos comprados em feiras.
Prevenção de doenças
Para a professora de etiqueta social e corporativa, Silmara Leite Ribeiro Santos (37) a cultura da prevenção de doenças por meio do consumo de orgânicos deve ser reforçada nos consumidores. “Para isto, é preciso que haja um trabalho em conjunto do Governo com os produtores”, ressalta.
“A saúde começa na alimentação e sem dúvida os orgânicos colaboram para a qualidade de vida. Por isso, é questão de saúde pública incentivar os produtos orgânicos.”
O mito de preço alto
Muitas pessoas associam os orgânicos a preços mais elevados. Mas, a jornalista e professora do curso de Comunicação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Maurini de Souza (45), fã desses alimentos, dá a dica: “Na feira você pode encontrar produtos orgânicos mais baratos do que os convencionais, como o tomate”, exemplifica.
“Sou uma pessoa muito saudável, e para mim o consumo de orgânicos é mais lucrativo: prefiro gastar alguns centavos a mais [na compra do alimento] do que em medicamento”, ressalta. “Isso sem contar que são mais saborosos”, diz lembrando a diferença entre o morango orgânico e o comum. “Às vezes um produto comum leva tanto agrotóxico que interfere no seu sabor.”
Benefícios
Por serem produzidos sem uso de agrotóxicos, adubos químicos ou hormônios, os orgânicos são mais saudáveis e mais ricos em substâncias antioxidantes, que previnem o envelhecimento precoce e diminuem o risco de doenças crônicas, inclusive do coração. Pesquisas que compararam o valor nutricional de alimentos orgânicos mostraram que a quantidade de minerais como magnésio e ferro eram maiores que em alimentos não orgânicos.
Segundo a pesquisadora científica da Universidade Federal do Paraná, Sônia C. Stertz, doutora em Tecnologia de Alimentos e presidente da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos – Regional Paraná, entre os alimentos bastante consumidos, cuja versão é mais nutritiva, estão: batata, morango, cenoura, tomate, repolho, cebola, alface, trigo e leite.
Além de mais saudável, a produção de orgânicos evita o êxito do campo, incentiva a geração de renda, por meio da agricultura familiar, e não agride o meio ambiente.
Males do agrotóxico
“O agrotóxico no alimento [não orgânico] vai se acumulando no organismo, e pode levar a algum tipo de doença crônica não transmissível”, alerta José Agenor Álvares da Silva, diretor da Anvisa.“Principalmente neurológicas, endócrinas, imunológicas e hoje a questão do aparelho reprodutor, como infertilidade, diminuição do número de espermatozóides e a questão do câncer”, complementa Heloísa Pacheco, coordenadora do ambulatório de Toxicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Entraves para produção
Entre as dificuldades que os produtores de orgânicos enfrentam, segundo o produtor paranaense, Marcelo Passos, estão: dificuldade para acessar recursos públicos (financiamento); legislação que atende apenas aos interesses dos grandes produtores e empresas; falta de pesquisa para a agricultura de pequeno porte e Agroecologia; alto custo de produção; dificuldade de comercialização e distribuição.