Obesidade infantil, uma epidemia
Como e o que os pais podem fazer para evitar que seus filhos façam parte das chocantes estatísticas sobre crianças acima do peso?
Obesidade, a maior epidemia infantil da história. É com base nessa chocante constatação que o documentário brasileiro “Muito Além do Peso” promove uma discussão sobre essa triste realidade no Brasil e no mundo. Com histórias reais e alarmantes, busca-se uma explicação para o fato de 33% das crianças brasileiras pesarem mais do que deveriam. As respostas envolvem a indústria, o governo, os pais, as escolas e a publicidade.
É chocante saber que crianças vêm apresentando sintomas de doenças, antes consideradas somente de adultos, como problemas de coração, respiração e diabetes tipo 2, devido à obesidade. É assustador ver pais oferecendo e compartilhando salgadinho e refrigerante com uma criança de apenas quatro anos que, por estar muito acima do peso, já apresenta problemas no coração e pulmão.
Polêmicas à parte em relação a quem é o verdadeiro culpado por este mal, apontado pela Organização Mundial de Saúde como um dos mais graves problemas de saúde pública, a pergunta é: o que os pais podem fazer por seus filhos para que eles não façam parte dessa triste estatística? E como e o que eles podem fazer para mudar essa realidade?
A resposta segundo a nutricionista da Vida Leve, Bianca Araújo de Oliveira, está na educação nutricional. “Os responsáveis pelas crianças devem desde cedo estimular o consumo de alimentos saudáveis e o fazerem também, pois as crianças são reflexos dos adultos com quem convivem.”
# trecho do documentário “Muito além do peso”
Seguem algumas dicas da especialista para que a criança cresça com um hábito alimentar correto:
Amamentar
– A mãe não deve oferecer o peito a cada vez que a criança chora, uma vez que ela não chora só de fome. Pode estar com frio, calor, querer atenção.
“Quando isso ocorre a criança aprende que toda atenção vem em forma de alimento e com o passar do tempo, o leite vai se tornando o refrigerante, o salgadinho, a bolacha, a bala…E uma vez instalada essa situação, é muito difícil a reversão do quadro, pois a comida vira uma forma de escape para tudo, inclusive para a baixa auto-estima [provocada pela obesidade].”
A difícil arte de substituir os salgadinhos e os docinhos por frutas e verduras
Quando se é estimulado desde cedo a se alimentar de forma saudável, não existe essa troca, diz a nutricionista. “Para a criança que é acostumada a ingerir frutas, por exemplo, não é sacrifício algum. Agora, quando a comilança está instalada, é mais difícil. É um trabalho de diminuição a longo prazo, para o paladar acostumar com o doce da fruta, o sabor dos vegetais…E em alguns casos, o radicalismo tem que entrar em ação e cortar tudo mesmo.”
Proibir o consumo de alimento, certo ou errado?
Segundo a nutricionista, nada deve ser proibido, mas tem que ter medida. “Uma vez que a criança se alimenta bem, com comida de verdade, frutas, legumes, ela pode ter acesso aos ‘proibidos’. Mas não na hora que desejar e sim em dias determinados, como finais de semana, por exemplo, ou mesmo em festinhas infantis”, observa.
Por outro lado, ao comprar um pacote de bala para a criança os pais devem explicar que ela poderá comer uma ou duas por dia, e o porquê. “Criança não é boba, entende tudo.”
Atividade física
Bons hábitos alimentares devem ser aliados também à atividade física, grande aliada para uma vida saudável e no combate à obesidade.
Números
56% das crianças brasileiras com menos de um ano de idade tomam refrigerantes, inclusive na mamadeira.
No Brasil, uma em cada três crianças entre 5 e 9 anos está com peso acima do percentual recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Fontes: Documentário “Muito Além do Peso” e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)