Apneia Ronco

Apneia – um grande pesadelo

Distúrbio do sono é muito mais comum do que você imagina

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Um sono reparador e uma noite tranquila. Dois conceitos cada vez mais raros em dias tão corridos. Às vezes, 24 horas é pouco para dar conta de todas as obrigações. Por isso, dormir bem e com qualidade se torna ainda mais difícil, e pode ficar pior se a pessoa tiver apneia, que é a pausa da respiração enquanto dormimos. Considerada um dos males do sono mais complicados, a apneia trás consequências para várias partes do corpo.  “O paciente pode desenvolver problemas neurológicos, cardiológicos, musculares e hormonais”, relata Marcello Tamura S. Brasil, cirurgião dentista, graduado pela  American Academy of Sleep Disorder, nos Estados Unidos, com especialidade na área respiratória, Odontologia do Sono, na (U.B.C) University of British na Columbia, no Canadá, membro da Sociedade Brasileira do Sono (2005) e também participa do corpo clínico do Hospital Vita Batel.

A apneia causa uma interrupção no sono, que pode acontecer várias vezes durante a noite. E o que é pior: em alguns casos, o paciente não sabe que tem. Foi o que aconteceu com o empresário Walmor Pereira, que sempre sofreu com problemas relacionados a noites mal dormidas. “Me sentia cansado o dia todo, sem ânimo para nada”, conta. Há apenas um mês ele começou a tratar o distúrbio com o uso da prótese intraoral, indicada hoje em dia para mais de 75% dos episódios de apneia, e já sente os resultados. “Minha noite de sono está muito melhor. Acordo descansado e mais feliz. Sinto que meu sono é reparador, estou mais disposto para as atividades rotineiras e até a minha memória melhorou”, comemora Walmor. Quando dormimos, entramos em um estado de descanso. Todas as nossas funções vitais ficam em um nível onde permanecem durante a noite inteira.

O oxigênio é o “combustível” para manter tudo funcionando enquanto descansamos. Como a apneia não deixa o oxigênio entrar livremente no corpo, as consequências são desastrosas, justamente porque a doença não permite que o indivíduo entre no sono R.E.M, período onde descansamos, produzimos hormônios e tiramos energia para o dia a dia. “No campo neurológico, a redução da oxigenação vai fazer com que o paciente tenha falta de atenção durante o dia, sonolência, dificuldades em sair da cama e raciocínio lento. Todas essas são implicações neurológicas, que muitas vezes podem ser confundidas com depressão”, alerta o dentista.

Já na base cardiológica, Dr. Marcello explica que como o oxigênio não está abastecendo o organismo o quanto deveria, o coração tem que trabalhar mais, entrando, muitas vezes, em taquicardia. Sendo assim, o paciente pode desenvolver arritmias cardíacas e a pressão arterial pode aumentar. “Se somado a isso, possuir uma vida sedentária, não praticar exercícios, comer mal e fumar, o risco de ter um AVC quando despertar é muito maior”, acrescenta. O tratamento é feito com vários profissionais onde se realiza uma investigação completa. Pedimos vários exames como hemograma, lipidograma, colesterol, triglicerídeos LDL, HDL, a polissonografia que faz um mapa do sono, etc. Verificamos o histórico do paciente, se ele é hipertenso, se tem glicemia ou creatinina alterada. Também checamos a tireoide, os hormônios e o ácido úrico, afirma o especialista.

Problemas musculares são outros sintomas que aparecem em decorrência da apneia. “Sem a oxigenação necessária, ocorrem câimbras e até a síndrome das pernas inquietas. Se o paciente for atleta, o rendimento dele não vai ser tão bom porque não consegue descansar o que deveria”, conta Dr. Marcello.

Para ter um sono perfeito, é preciso que se passe por todas as fases que vão da N1, N2, N3, N4 e o sono R.E.M., pois são nessas etapas que produzimos diversos hormônios essenciais para o nosso organismo. “As fases N3 e N4 são chamadas de fases laboratoriais, ou seja, são nelas que produzimos alguns dos hormônios indispensáveis para o organismo. Nestas etapas, produzimos a serotonina, que vai fazer o convívio social ficar melhor, e as catecolaminas, que ajudam no controle da pressão arterial. Outro hormônio gerado nesses períodos do sono é o natriurético, que trabalha na questão urinária, e a somatomedina, que controla a variação do peso. Enfim, são muitos os hormônios que deixamos de produzir por causa das interrupções que a apneia causa”, enfatiza Marcello Brasil.

E fica um alerta: dormir muito não significa ter um sono de qualidade. Fique atento aos sintomas e procure um médico assim que você perceber as mudanças na sua vida. Seu organismo agradece!

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