ATM: viva sem dor
Estalos, enxaqueca, zumbidos, dor ou limitação ao movimento da boca podem ser causados pela disfunção da ATM. Conheça o tratamento multidisciplinar que pode curar esse problema
“Somos uma complexa estrutura de músculos, ossos, ligamentos e tendões. Quando algo está errado em uma dessas estruturas, a biomecânica de todo o sistema funcional sofre alterações”, explica Dra. Cláudia Judachesci, fisioterapeuta, cirurgiã-dentista, mestre em Biotecnologia Industrial na área de Saúde e com formação avançada em Clínica de Dor, Sono e Disfunção Temporomandibular.
O corpo humano se mantém em suas funções pelo equilíbrio existente em todas as estruturas que o compõem. Uma alteração, em que nível for, influenciará o organismo como um todo. A mandíbula se articula com o crânio através da articulação temporomandibular. Essa articulação, a ATM, exerce a função de unir as estruturas ósseas e funciona como uma articulação funcional, que não suporta grandes sobrecargas. Além disso, seu bom funcionamento depende desse equilíbrio, pois ela se articula entre estruturas, como músculos, tendões e ligamentos, além do contato com os elementos dentais. “É uma articulação bilateral, que sinergicamente conecta a mandíbula ao crânio e regula os movimentos mandibulares com estruturas complexas que são responsáveis pelos movimentos da mandíbula, como o de abertura, fechamento da boca e a lateralidade, entre outras funções. Todas as estruturas devem estar em perfeito equilíbrio para evitar que se sobrecarregue a articulação temporomandibular”, esclarece a especialista. Dra. Cláudia relata que quando alguma dessas estruturas começa a ficar sensível ao toque apresenta dor, estalos, ou limitações de movimento e pode ser indicativo de disfunções na ATM.
Desequilíbrio que ocasiona dores agudas e crônicas
Dra. Cláudia salienta que “o homem se representa em equilíbrio”, mas quando, de alguma forma, sofremos alteração muscular ou apresentamos diferenças na postura, iniciamos um processo de mudança em outras estruturas distantes. “Esse ‘desequilíbrio estrutural’ influencia nosso organismo e todo o conjunto de nossas estruturas, irradiando-se e trazendo dor (dores irradiadas)”, explica. Segundo a doutora, quando a articulação da ATM apresenta alguma alteração, por receber cargas de tensão, estresse muscular ou má oclusão, acaba provocando dores muitas vezes confundidas, pelos pacientes e próprios profissionais da área da saúde. Como exemplo desses, temos alterações de ouvido ou neurológicos. “Zumbido, tamponamento (aquela sensação de ouvido tampado) e até surdez são relatos dos pacientes e fortes dores de cabeça. Essas agressões e alterações estão também relacionadas à má qualidade do sono, à falta de atividade física e da forma em que lidamos com o estresse no nosso dia a dia. E quando não identificamos ou demoramos para tratar, as consequências somatizam e desencadeiam pontos dolorosos”, afirma a fisioterapeuta.
Assim, enquanto esses vetores de equilíbrio continuarem a sofrer alterações, ocasionarão as dores agudas e, concomitantemente, surgirão as dores crônicas com apertamento dental, bruxismo, modificação na oclusão, presença de estalido e até travamento mandibular. “Esse é o quadro álgico em ATM, com face, musculatura de trapézio e cervical travados, onde todo o sistema estomatognático fica comprometido, mandíbula, maxila, dentes, vasos, nervos, músculos, glândulas e ossos, afetando inúmeras de suas funções, desde a mastigação, deglutição, respiração e fala”, ressalta Dra. Cláudia. A especialista relata ainda que é necessário ter visão ampla no atendimento ao paciente, envolvendo a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade em um tratamento personalizado.
“Sentir dor é algo muito desconfortável, mas precisamos entender que a dor é um processo necessário, ela é decorrente de uma situação, trauma ou problema desencadeado por patologias anteriores, geralmente relacionado ao emocional”. De acordo com a profissional, para melhorar a qualidade de vida de um paciente com dor é preciso conhecer sua origem, sua causa e evitar “somente” o uso de medicação ou “placas” (dispositivo intraoclusal). Todo paciente deve passar por um protocolo específico de atendimento em que será avaliado, mapeado e diagnosticado.
Olhar o ser humano como um todo
Dra. Cláudia explica que somente através de um olhar multidisciplinar é possível diagnosticar e tratar a disfunção. O tratamento da ATM envolve profissionais da fisioterapia, odontologia, fonoaudiologia, terapia comportamental e medicina, sempre com grande envolvimento dos otorrinos, que são os primeiros especialistas encaminhados pelas demais áreas médicas. “Associamos várias técnicas de fisioterapia, como a acupuntura, eletroacupuntura, exercícios funcionais, exercícios faciais e técnicas odontológicas, visando relaxar e desprogramar a musculatura e a tensão da região. Assim podemos amenizar o problema, as dores e até mesmo, dependendo da patologia e do comprometimento do paciente, devolver a qualidade de vida sem a necessidade de tratamentos mais invasivos”, esclarece Dra. Cláudia.
Nesse sentido, para tratar a dor, a fisioterapeuta e cirurgiã-dentista criou uma clínica multidisciplinar especializada em dor, o Institute Clinicare. “Unimos diversos profissionais em um espaço diferenciado, focado em aumentar a melhora clínica dos pacientes e oferecer um programa de tratamento até para quem já está reabilitado da dor, para que todos possam ter uma vida com melhor qualidade, vitalidade e disposição”, ressalta. “O foco é eliminar as dores, trazer analgesia e alívio para dar continuidade a outros tratamentos clínicos. Tudo com muito incentivo ao autocuidado e à prevenção”, destaca a idealizadora. De acordo com a especialista, o diferencial está na assistência humanizada. “O corpo é um organismo único, uma só unidade, e tudo funciona em conjunto. É de vital importância para a área da saúde um olhar ao ser humano como um todo, para que assim se tenha aderência e compromisso com o tratamento”, finaliza Dra. Cláudia Judachesci.