Nutrição

Orgânicos

Eles são conhecidos como os alimentos que não levam agrotóxico, nem pesticidas e nem são transgênicos. Mas deveriam ser conhecidos por levar saúde, sabor e cura para milhares de pessoas que ousaram modificar simples hábitos de vida

organicos

Eli Alves, dona de casa de 59 anos, inseriu os produtos orgânicos na alimentação há 14 anos e não esperava que daria tão certo. Ela conseguiu até se livrar dos famosos calorões da menopausa e curar outros problemas relacionados à saúde feminina, especialmente, ao trocar a farinha convencional pela integral.  “Optei esses alimentos por uma questão de saúde. Hoje eu invisto em orgânicos e economizo na farmácia”, comemora Eli.

A dica que ela dá para quem pretende começar a consumir esse tipo de alimento é comprá-los na feira. “É mais barato do que no supermercado, o ambiente é mais alegre e você sempre sai com novas receitas e informações. Além disso, bater um bom papo na feira não tem preço”.

Cada vez mais organizado, o mercado de orgânicos encontra muitos aliados para impulsionar ainda mais o seu crescimento. Marina Ferreira de Castro Wille, de 32 anos, administradora, vem de uma família que sempre teve muitos cuidados com a alimentação. Mas, abriu os olhos quando presenciou o caso de uma criança na família que teve distúrbios hormonais devido ao excesso de consumo de carne de frango. A preocupação dobrou depois que ela engravidou da filha Sofia, hoje com nove meses.  “Decidi que, por uma questão de saúde, ela só comeria orgânicos. Na época, eu nem sabia se existia realmente carne orgânica”.

 

Associação de Orgânicos

É para evitar dúvidas, como a de Marina, que a ACOPA, a primeira Associação de Consumidores de Produtos Orgânicos do Brasil, abriu suas portas. “A ideia é divulgar e ajudar na melhoria da qualidade de vida do consumidor, do produtor e na preservação do meio ambiente”, diz o presidente Ivo Barreto Melão. Criada há dez anos e localizada em Curitiba, a entidade divulga os alimentos orgânicos, as práticas de alimentação saudável e de comércio justo e solidário. Também desenvolve ações para aproximar o consumidor do produtor orgânico. Uma delas é o passeio que leva o consumidor para conhecer o trabalho do produtor rural. “Ele passa a saber como é feito o plantio do orgânico”, explica Ivo.

O medo dos efeitos do agrotóxico para a saúde e o respeito ao meio ambiente e ao ser humano, forma os pontos principais que levaram a produtora agrícola Maria Salete Escher, de 51 anos, e o marido Adelmo, de 57, a optarem pela produção e comercialização dos produtos orgânicos. Hoje, toda a família está envolvida no negócio. Os filhos Luciano, de 27 anos, e Juliano, de 24, ajudam especialmente na produção e a filha Juliana, de 31 anos, auxilia na venda dos produtos na feira. Na propriedade rural da família, localizada em Campo Magro, são produzidos pães integrais, geleias, hortaliças, molho de tomate e leite. “Alimentos livres de agroquímicos ou mudanças genéticas fazem muito bem para a saúde. Essas substâncias presentes nos alimentos não-orgânicos representam perigo e deveriam, aos poucos, serem retiradas de circulação”, argumenta Maria, orgulhosa do crescimento do negócio, que nasceu há 12 anos.

Há 20 anos a cabeleireira Edi Scheidt, de 52 anos, passou a consumir orgânicos depois que o filho mais novo, hoje com 28 anos, desenvolveu na infância um problema sério de fungos e furunculose. Edi decidiu procurar por todo tipo de ajuda. “Conheci um terapeuta natural, cuja primeira recomendação foi a de mudar os hábitos alimentares de toda a família, passando a consumir orgânicos”, revela a cabeleireira. Ela lembra que nessa época, onde morava, só tinha orgânico para comprar numa feira comum, às seis da manhã. “Se não fosse lá, não conseguíamos comprar os alimentos. Posso dizer que meu filho foi curado com orgânicos. Até o pai dele se livrou de sérios problemas”, relembra.

Abastecendo a casa com orgânicos

A história de apenas encontrar produtos orgânicos às seis da manhã já é diferente. “Algumas feiras possibilitam que o consumidor abasteça a casa com até 70% de produtos orgânicos. Você encontra toda a variedade de hortifrutigranjeiros, carne vermelha, carne de aves, peixe, frutas e até café. Em Curitiba, no Mercado Municipal, as lojas estão abertas no horário comercial e há restaurante que só serve orgânicos”, revela Ivo Melão.

 

Aprenda a economizar

Segundo Ivo, os orgânicos ainda enfrentam o mito do preço alto. “Mas é preciso desmistificar isso. Temos pesquisas feitas pela própria Associação, comparando as feiras de produtos orgânicos com as convencionais, e elas mostram que em alguns casos os orgânicos estão até mais baratos”, diz Ivo. Já numa comparação entre os produtos das feiras e o supermercado, a diferença realmente é gritante. Isso porque na feira o produto é adquirido diretamente do produtor, não existem atravessadores. “Depois, no supermercado, esse alimento precisa ser embalado, gerando mais custos, na feira não. Além disso, você está comprando um produto de qualidade, não está se intoxicando na hora que ingere um alimento, sabe a origem, a procedência e quem produziu”, completa o presidente da ACOPA.

 

 

Tudo o que você precisa saber sobre os orgânicos

– Por não conter agrotóxico, não trazem riscos à saúde e seu sabor agrada mais ao paladar;
– Os orgânicos de época costumam ser mais baratos;
– Nas feiras o custo é mais baixo e os produtos não pedem embalagem;
– Os produtos orgânicos não contêm veneno (agrotóxico);
– Reduzem gastos com médicos e remédios alopáticos;
– Muitos orgânicos são utilizados como forma de tratamento de doenças;
– A produção de orgânicos não agride o meio ambiente e não manda veneno para os lençóis freáticos;
– A maior parte da produção orgânica no Paraná e no Brasil provém da agricultura familiar;
– A produção orgânica cresce em média 30% ao ano no mundo todo;
– Os produtos orgânicos podem ser encontrados em feiras e supermercados, em quantidade e variedade cada vez maiores, com preços mais baixos e acessíveis à população de baixa renda.

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