Avanços da Medicina

Trabalhador saudável empresa produtiva

Saiba porque as companhias precisam investir na prevenção e na saúde de seus funcionários

Está comprovado que colaboradores saudáveis e felizes produzem mais e melhor. É o que revela uma pesquisa realizada no ano passado pelo ManpowerGroup, líder mundial em consultoria organizacional e gestão de talentos e carreira: saúde e bem-estar no local de trabalho exercem grande influência sobre a motivação, permanência, criatividade e produtividade dos funcionários, propiciando um melhor desempenho financeiro da organização.

O estudo, realizado em mais de 15 países, incluindo o Brasil, apontou que as corporações engajadas em promover ativamente programas de bem-estar e saúde mantêm seus funcionários 3,5 vezes mais propensos a identificar a empresa como estimuladora de inovação e criatividade e 3 vezes mais propensos a avaliar suas organizações como produtivas. Neste sentido, as companhias estão começando a entender a importância de tal investimento, já que um funcionário satisfeito rende muito mais e motiva os demais. Uma pessoa insatisfeita rende menos, traz uma carga negativa e desmotiva os demais membros da equipe. O trabalho é, sem dúvida, a principal fonte de estresse nos dias atuais e, quando há programas para diminuí-lo, minimizam-se doenças e diminuem as faltas e afastamentos, melhorando a produtividade como um todo.

Para aprofundar o assunto, a Revista Corpore foi até a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e conversou com dois responsáveis da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), Fabiano de Castro Rauli, do Senai, e Edna Cristina de Andrade, do Sesi. Ambos reforçaram a necessidade urgente das empresas apresentarem programas que incentivem atitudes de mudança em relação à saúde. A constatação é baseada na pesquisa feita pelo Programa SESI/PR Indústria Saudável. “Ficou comprovado que os trabalhadores estão caminhando em direção à doença”, disse Fabiano Rauli. O levantamento do Sesi apontou também a falta da prática de exercícios físicos regulares, a exposição dos funcionários a altos níveis de estresse, a adoção de dietas inadequadas e erros de postura corporal como atitudes que levam comprovadamente o corpo a se tornar uma fonte de tensões e um imã para doenças. Ficou claro para os responsáveis pela Cipa que os sintomas de inúmeras doenças relatadas não são perceptíveis e é preciso modernizar os modelos de diagnóstico e investir na prevenção. “A informação e o incentivo devem ser o investimento das indústrias e empresas que buscam melhorar a qualidade, a produtividade e baixar o número de abstenções e faltas”, enfatiza Edna de Andrade.

A médica nutróloga Dra. Giane Galvão foi convidada a ministrar uma palestra na FIEP sobre a relação entre os dados da pesquisa do Sesi com as patologias mais frequentes. “Os trabalhadores, em geral, apresentam deficiências preocupantes em relação à alimentação, à prática de atividade física, ao controle do estresse e a hábitos de vida, o que acaba afetando a sua saúde e o seu rendimento”, explicou a médica, que há onze anos realiza palestras preventivas e informativas sobre hábitos saudáveis e qualidade de vida. Para a nutróloga, o estresse contínuo e persistente, aliado a uma má alimentação e estilo de vida inadequado, são fatores que originam diversas doenças, entre elas os transtornos psiquiátricos e neuro-endócrinos como: ansiedade, depressão, transtorno bipolar, distúrbio do humor, ataques de pânico e aumento de peso. “As disfunções gastrointestinais, especialmente as disbioses, são doenças comuns que causam déficits nutricionais e comprometem todo o metabolismo”, destaca Dra. Giane Galvão.

“Além disso, durante o estresse, as glândulas adrenais que produzem os hormônios cortisol, DHEA e corticosteroides podem  promover o desequilíbrio do sistema imunológico, aumentando o risco de doenças, além da disglicemia, ou seja, o desequilíbrio da glicose no sangue”, diz a especialista. Isso manifesta sintomas de irritabilidade, ansiedade e déficit de atenção. “Esses sintomas interferem diretamente na disposição, concentração e distúrbio do humor, repercutindo, diretamente, no âmbito familiar, profissional e social”, completa Dra. Giane.

 

Raio X das empresas

A FIEP fez uma pesquisa interna com 349 participantes que trabalham na sua sede em Curitiba e comparou os dados com as informações levantadas pelo SESI/PR e SESI Departamento Nacional. O resultado é um panorama do estado geral de saúde das pessoas que trabalham.

  • Perímetro abdominal com presença de obesidade central – 18,6% dos entrevistados na FIEP apresentaram a circunferência, o índice na pesquisa do SESI no Paraná é de 17,4% e no Brasil ficou em 15,3%;
  • Pressão arterial aumentada – na sede da FIEP 21,5% dos trabalhadores estão com pressão alta, no Paraná 30,8% e no Brasil 28,7%;
  • Sobrepeso – FIEP 30,1%, Paraná 32,5% e no Brasil 34,7%;
  • Obesidade – na sede da empresa 11,8%, no Paraná também 11,8% e no Brasil 11,6%;
  • Depressão referida – na empresa 11,7%, no Paraná 7,5 % e no Brasil 5,2%.

O levantamento mostrou ainda que 24,9% das pessoas apresentaram resultados que indicam transtornos de depressão e ansiedade. Destes, 79,3% não referiam diagnóstico médico anterior de depressão.

 

Alerta: uso crônico de ansiolíticos trás prejuízos

Dra. Giane Galvão faz um alerta apontando que as pessoas costumam fazer uso indiscriminado de psicotrópicos e ansiolíticos, inibidores das reações químicas da ansiedade. A Organização Mundial de Saúde revela que o Brasil é campeão no consumo destas drogas. “Estes medicamentos exigem acompanhamento médico rigoroso, pois muitos causam dependência, às vezes, em menos de trinta dias”, alerta a médica. A bula desses medicamentos indica efeitos colaterais muitas vezes mais maléficos que o próprio sintoma. Muitos deles já foram proibidos na Europa e nos Estados Unidos. “O uso crônico dos psicotrópicos podem causar distúrbios cognitivos, diminuição de reflexos, distúrbios do humor, transtornos de personalidade e ganho ponderal que promove o sobrepeso e obesidade a curto e médio prazo, e perda de memória a longo prazo. Raramente esses efeitos adversos são detectados pelos próprios médicos que os prescrevem ”, diz Dra. Giane.

Assim como ocorreu com as anfetaminas, que tiveram sua venda proibida pela ANVISA, o trabalho de organizações fortes e comprometidas como a FIEP, SESI, Senai, Sesc e outras federações, é fundamental para promover a conscientização e busca por investimento na prevenção e cura de  doenças. O tratamento da ansiedade, a depressão, fobias e a até o pânico requerem o equilíbrio da flora intestinal, a revitalização do organismo, uma dieta saudável, atividade física e psicoterapia. “Esses transtornos não devem ser tratados isoladamente. É possível saná-los sem recorrer ao uso de drogas”, enfatiza Giane Galvão.

 

Entendendo a disbiose intestinal

A disbiose intestinal ou desequilíbrio da flora intestinal caracteriza-se pelo hipercrescimento de fungos, especialmente da cândida, no intestino e a predominância de bactérias patogênicas ou maléficas, que potencialmente podem causar doenças em detrimento das bactérias saprófitas ou benéficas, que promovem a saúde do organismo, além de outros parasitas da classe dos protozoários e helmintos (vermes) e até vírus que cronicamente podem estar associados. Tal ocorrência é fator mantenedor e agravante do estresse e de diversas doenças.

São três os principais motivos: o alimento refinado e geneticamente modificado, que desqualifica a produção de proteinas necessárias ao organismo, além de promover bactérias patogênicas e resistentes; excesso de produção de toxinas e endotoxinas liberadas pelas leveduras e outros micro-organismos associados, que agem como “estressores”; e também a síndrome de má absorção de nutrientes, que causa déficits importantes de vitaminas, minerais e aminoácidos, que são matéria-prima para manter o metabolismo ativo em todos os sistemas orgânicos que compõe o corpo, sejam eles: cardio-vascular, osteo-muscular, genito-urinário, gasto-intestinal, hematopoietico ou neuro-endócrino.

Os déficits nutricionais provocados pela disbiose intestinal podem iniciar, manter e até agravar quadros de estresse e de doenças crônicas, podendo comprometer a produção de todos os hormônios do corpo, incluindo os neurotransmissores (hormônios específicos que regulam o humor) e as endorfinas (hormônios que agem como analgésicos naturais) que promovem os transtornos de ansiedade, distúrbios do humor, fadiga crônica, fibromialgias, sobrepeso e obesidade. Dra. Giane Galvão explica que:  “para combater a disbiose intestinal é utilizada uma metodologia de tratamento baseada na desintoxicação e vitalização do organismo, a partir da promoção de um sistema gastrointestinal funcionalmente equilibrado, ativo e competente, associado à orientação para um estilo de vida saudável”.

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