Bem Estar

Curitiba ganha clínica com diagnóstico, internação e terapia em um só lugar

Financiado pelo BNDES, o investimento inicial é de cerca de R$ 5 milhões

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Será inaugurada no dia 28 de maio a nova filial da Quanta Diagnóstico Nuclear. Serão investidos inicialmente cerca de R$ 5 milhões com financiamento do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, incentivos fiscais do Programa Curitiba Tecnológica e Banco DLL, com sede em Amsterdã, na Holanda. Há previsão de aumento em 50% no quadro de funcionários. A clínica de medicina nuclear oferecerá exames diagnósticos (cintilografias), terapia e internamento para alguns tipos de câncer em um mesmo lugar.

Para o diretor da Quanta Diagnóstico Nuclear, o cardiologista e médico nuclear João Vítola, o centro é o resultado de uma pesquisa sobre vários referenciais em todo o mundo. “A estrutura dessa clínica está baseada nas minhas visitas a vários centros diagnósticos da Europa, Ásia e, principalmente, dos Estados Unidos e Canadá. O objetivo é ter um espaço ímpar no Brasil, que possa ser um diferencial na área da saúde para os paranaenses”.

A nova clínica foi construída dentro das normas de melhor aproveitamento dos recursos naturais, adequação à acessibilidade e conforto e comodidade para o paciente. Sua estrutura conta com cinco salas para exames, centro de estudos, auditório, sala dos médicos, laboratório, elevador para macas, sala de laudos, sala de recuperação, recepção, rouparia, quartos terapêuticos, internação e ergometria distribuídos em 1.400m2. O estacionamento possui dois pavimentos, totalizando 25 vagas. “A clínica possui um exemplar planejamento de radioproteção”, salienta o físico Alfonso Florian de Orte, da Núcleo Proteção Radiológica, que prestou consultoria para a clínica. “Certamente uma das maiores e mais bem planejadas estruturas dedicadas à medicina nuclear no mundo”, ressalta.

O projeto arquitetônico externo e interno recebeu detalhes inovadores. Um deles é o brise soleil ondulado, um artifício arquitetônico que tem a função de captar a luz sem a incidência direta do sol, evitando calor e luminosidade excessivos. Buscou-se ainda o melhor aproveitamento dos espaços, considerando o tamanho dos equipamentos utilizados nos procedimentos. “Este projeto envolveu o esforço de dezenas de especialistas, entre engenheiros, físicos e arquitetos”, lembra Dr. João.

O projeto externo contou com a experiência da Sakaguti Arquitetos Associados, comandada pelo arquiteto Adolfo Sakaguti. O design de interiores ficou a cargo da arquiteta Iara Araújo. “Trabalhamos muito o conceito de solidez, da necessidade de um ambiente claro, asséptico e, ao mesmo tempo, tranquilo, aconchegante e confiável”, conta.

Para isso, Iara mesclou o mármore branco com painéis de madeira. “Os materiais são de primeira linha, tudo de acordo com a legislação da vigilância sanitária”, acrescenta.

 

Investimento e Pesquisa

Além de investimentos do BNDES, a obra recebeu incentivos do Programa Curitiba Tecnológica. Destinado a empresas prestadoras de serviço com projetos de desenvolvimento científico e de tecnologia, o Programa permite que parte do Imposto Sobre Serviços (ISS) seja empregado na compra de equipamentos, materiais técnicos, capacitação de funcionários, entre outras necessidades. “Esse incentivo contribuiu para o desenvolvimento desse projeto”, destaca o administrador da Quanta Diagnóstico Nuclear, Ademar Ferreira.

Um dos diferenciais da Quanta é a sua linha de pesquisa. Desde 2007, possui acordo de cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU para desenvolvimento de pesquisas na área. “A parceria visa o desenvolvimento e expansão do uso pacífico da energia atômica pelo globo. A ONU está interessada em ajudar os países que necessitam adquirir conhecimento na área de Medicina Nuclear”, explica Dr. João Vítola. A clínica é referência na América Latina para protocolos de pesquisa.

Atualmente a equipe científica da Quanta está em fase final de uma pesquisa sobre a aplicação da me­dicina nuclear na miocardiopatia Takotsubo, popularmente chamada de Síndrome do Coração Partido, que em breve será publicada em revista médica da Inglaterra.

 

Câncer de Tireoide

Um dos diferenciais da nova clínica é que passará a aplicar doses terapêuticas de iodo 131 (radioiodoterapia) em pacientes com câncer de tireoide. A dose é única. Para isso, o paciente vai até a clínica, onde fica internado confortavelmente, recebe a dose e, geralmente, tem alta após 24 a 48 horas. “É preciso esclarecer a população a respeito de alguns tipos de câncer. O da tireoide pode ser controlado e curado com esse tipo de tratamento”, considera Dr. João, lembrando que o tratamento com iodo pode ser usado também em casos de hipertireoidismo.

A terapia é realizada por meio da ingestão de iodo radioativo, uma substância que atua no controle da função da glândula tireoide. “A substância se concentra nesta glândula e libera um tipo de radiação que destrói algumas das suas células. Com isso, conseguimos diminuir a pro­dução global de hormônio nessa região”, esclarece o médico nuclear da Quanta Diagnóstico Nuclear, Dr. Carlos Cunha.

 

Protocolo brasileiro

O cardiologista especialista em medicina nuclear, João Vítola, diretor da Quanta Diagnóstico Nuclear, foi convidado pela Sociedade Americana de Cardiologia Nuclear para publicar artigo de revisão sobre novo protocolo para avaliação do coração em laboratório nuclear. Esse protocolo do Dr. Vítola foi pioneiro no Brasil e tem sido cada dia mais adotado  por laboratórios nucleares.  Nos Estados Unidos, protocolos iguais ou semelhantes já são adotados em  quase 20% dos 8 milhões de pacientes que são avaliados todos os anos. O estudo defende que seja incluída na realização do exame a combinação  de medicamentos vasodilatadores e  exercícios de baixo estresse físico, como  forma de obter o máximo de informações possíveis sobre o funcionamento do coração. O artigo é baseado na tese de doutorado  do Dr. Vítola, defendida no INCOR-USP em 2001. A revisão escrita pelo médico foi publicada  em forma de artigo no Journal of Nuclear Cardiology, no início de 2009.  Segundo João Vítola, o pedido de atualização de sua tese não só é um reconhecimento internacional importante,  mas também mostra o grande impacto que esse novo protocolo representou na Cardiologia Nuclear Internacional. O artigo coordenado pelo cardiologista  paranaense teve a participação de três cientistas americanos: Shawn A. Gregory, do Massachussets General Hospital da Universidade de Harvard; Thomas A. Holly, da Northwestern University Feinberg School  of Medicine; eAbdou A. Elhendy, da Marshfield Clinic, em Wisconsin.

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